
Vitória Ferreira e Anna Pienegonda (Fotos: Bruno Dall’Alba Lumine/MBC)
Um grupo da Minha Biblioteca Católica, editora e clube de livros católicos de Dois Irmãos, está na Itália acompanhando de perto a comoção pela morte do Papa Francisco, ocorrida na última segunda-feira, dia 21 de abril. Ele faleceu aos 88 anos, devido a insuficiência cardíaca e acidente vascular cerebral (AVC).
O Pontífice ocupou o cargo máximo da Igreja Católica por 12 anos. Seu velório segue até sábado (26), quando será realizado o sepultamento. Até esta quinta, mais de 60 mil fiéis já haviam passado pela Basílica de São Pedro.
Em entrevista do Jornal Dois Irmãos, Vitória Ferreira, Relações Públicas da Minha Biblioteca Católica, relata como estão sendo estes dias desde a morte do Santo Padre. Acompanhe:
Quem são as pessoas da Minha Biblioteca Católica que estão no Vaticano?
Vitória – Ao todo, são cinco pessoas da editora que estão na Itália. Vitória Ferreira, Kátia Klock e Anna Pienegonda são moradoras de Dois Irmãos. A Nicole Argerique é de São Leopoldo e o Bruno Dall’Alba, de Porto Alegre.
Qual foi o motivo da viagem e até quando se estenderá?
Vitória – Viemos para a Itália no dia 17 de abril para acompanhar a Semana Santa no Vaticano e a cobertura da canonização do beato Carlo Acutis – que estava prevista para o dia 27 de abril e foi suspensa. Ficaremos aqui até o dia 30 de abril.
Como foi recebida a notícia da morte do Papa Francisco na segunda-feira?
Vitória – Foi um choque muito grande para todos nós. Estávamos em Assis, na Igreja de São Damião, quando recebemos a notícia do Vaticano. Tivemos a graça de ver o Papa no domingo de Páscoa, menos de 24 horas antes de sua morte, durante a Missa e a bênção Urbi et Orbi. Ele passou de Papamóvel diante de nós e parou para abençoar uma criança. Foi a última bênção pública dele – e nós tivemos o privilégio de presenciar esse momento. Ficamos profundamente tristes com a notícia, mas também entendemos a simbologia de estarmos aqui, vivenciando tudo isso no coração da Igreja, e podendo testemunhar com os nossos próprios olhos a beleza de uma Igreja viva e unida em oração.
Qual é a emoção de presenciar esse fato histórico?
Vitória – É até difícil colocar em palavras o que estamos vivendo aqui. No domingo de Páscoa, vimos com nossos próprios olhos todo o esforço do Papa para estar presente na celebração. Ele quis estar com os fiéis, com a sua Igreja, e isso nos mostrou o tamanho da fé dele e a sua entrega total a Deus até o fim. A morte do Papa é um momento de grande luto, mas também de profunda esperança – a mesma esperança que ele nos ensinou. Ele partiu como viveu: com serenidade, após abençoar o mundo inteiro no domingo de Páscoa.
O que se percebe do sentimento das pessoas nas ruas?
Vitória – Estamos encontrando fiéis de todas as partes do mundo – famílias, jovens, religiosos, crianças –, todos unidos em oração. As pessoas estão muito tocadas e falam com muito carinho sobre o Papa, sobre sua trajetória, sua simplicidade, compaixão e esperança. São conversas cheias de contemplação e gratidão, um olhar atento e amoroso sobre tudo o que ele nos deixou como legado. O clima de Roma está diferente. O movimento continua intenso com mais fiéis chegando para acompanhar as celebrações. Mas há algo diferente no ar, um sentimento coletivo de respeito, de despedida, de fé. Na Páscoa, ele foi ao encontro do povo. E, hoje, é o povo que caminha ao seu encontro.
Vocês conseguiram participar de algum ato fúnebre de despedida a Francisco?
Vitória – Estamos conseguindo participar de diversas celebrações aqui. Na segunda-feira, estivemos na missa em sufrágio – celebrada com a intenção de pedir a Deus pelas almas dos falecidos – na Arquibasílica de São João de Latrão, que é a catedral da Diocese de Roma e a Sé Episcopal oficial do Papa. Também participamos da oração do terço na Praça São Pedro. Na terça-feira, fomos à Basílica de Santa Maria Maggiore, onde o corpo do Papa será sepultado, e participamos da oração do rosário tanto na Praça quanto em frente à Basílica. Na quarta pela manhã, acompanhamos a transladação do corpo do Papa Francisco da Capela Santa Marta para a Basílica São Pedro. Foi um dos momentos mais intensos até agora.
As filas para entrar na Basílica e acessar o caixão são enormes e duram horas, mas tivemos a graça de conseguir passar bem perto do caixão do Santo Padre. Estamos tentando participar de todas as celebrações possíveis e compartilhando esses momentos pelo perfil da Minha Biblioteca Católica. Os dias no Vaticano têm sido muito emocionantes, cada dia mais. Como nós chegamos no início da Semana de Pascoa, a gente pode presenciar diversas movimentações aqui na Basílica, aqui no Vaticano, e a partir da morte do Papa Francisco a gente vem percebendo uma comoção maior, a gente vem percebendo os fiéis num movimento mais silencioso de oração, de contemplação, e parece que a cada hora que passa mais e mais pessoas chegam para entrar na Basílica e se despedir do Papa.
Na quarta, por exemplo, eram 9 horas da noite e a fila não tinha fim. As pessoas encaram o sol quente, ficam horas na fila para poder ter essa chance de chegar perto do Papa, de poder se despedir dele, de poder também agradecer pelo seu legado, de prestar uma homenagem, de fazer uma oração pela sua alma. Então, tem sido realmente muito significativo, muito impactante presenciar tudo isso. A gente vê muito grupo de jovens aqui, muitas famílias de todos os lugares do mundo. Nós vimos muitos religiosos e religiosas, pessoas com imagens do Papa na mão e rezando.
Nós conversamos com um casal brasileiro que comentou que ficou cinco horas na fila para poder ver o Papa, para poder se despedir e rezar por ele. E eles nos falaram que valeu cada segundo na fila. A figura do Papa, o legado do Papa Francisco foi muito importante para todos nós. Ele foi o Papa da pandemia e sempre nos trouxe a mensagem da esperança. Do amor, da simplicidade, da humildade. Então, essas são as palavras que a gente mais tem presenciado nos discursos das pessoas aqui, quando elas falam do Papa Francisco.