Por Alan Caldas – Editor
Talvez você não conheça a cidade de Ruy Barbosa, na Bahia. Mas esse município está ligado a Dois Irmãos através da família Ranft e dos demais que criaram e mantêm a empresa Calçados Pegada.
Ruy Barbosa é município da Bahia. Fica na área da Chapada Diamantina. Tem altitude de 368 metros e está aos pés da linda Serra do Orobó, cujo ponto mais alto é de 950 metros. Dali os corajosos (entre os quais não me incluo) alçam voo de asa delta, pela rampa que o prefeito Claudio Serrada e seus antecessores colocaram lá.
É área de ecoturismo, também, Ruy Barbosa. Muito embora seja (e queira ser) reconhecida como a Cidade da Carne do Sol, uma iguaria que não temos aqui no Sul.
Com população de 30 mil habitantes, a cidade tem ruas bem cuidadas. Praças pequenas e bonitas. Comércio variado. E uma simpática população, gente de sorriso fácil, atenciosa e, pelo que vi, feliz. Mas isso não era assim até 2004, quando a Calçados Pegada chegou lá.
Estou escrevendo isso porque acabo de ler uma publicação do IBGE sobre a situação calamitosa em que se encontram as indústrias no Brasil. Dados técnicos informam que a indústria brasileira vem sendo como que propositalmente destruída desde o ano de 2010.
Quero, então, relatar o que testemunhei em Ruy Barbosa.
Estávamos por aquela região, em outubro passado, e vi uma placa dizendo “Ruy Barbosa a 100 km”. Lembrei que a Calçados Pegada tinha uma operação lá. O Marino Vier sempre me falava isso. Então, liguei para o Astor Ranft e perguntei se ele estava na área. Não estava. Mas me disse para ir conhecer. E lá fomos eu e a Angela.
Nos recebeu a Licéria e o João Flávio Stoffel, ambos dois-irmonenses, e com seus pares nos mostraram a linda, moderna e tecnológica fábrica que a Pegada tem lá.
O que eu mais queria saber, porém, era qual foi o “efeito” da Calçados Pegada na vida da cidade. Como Ruy Barbosa era antes e como ficou depois da indústria dois-irmonense chegar.
Fui para rua, falar com quem encontrava em restaurantes, hotéis, praças, cafeterias, comércio, quiosques, prefeitura e por tudo mais onde passava.
A cidade não tinha oferta de emprego. Portanto não tinha renda. Mas, então, quase que da noite para o dia, Ruy Barbosa recebe uma fábrica organizadíssima que emprega duas mil pessoas, paga salários, fornece rancho, proporciona férias remuneradas, assistência de saúde e (mais importante, penso eu) ensina as pessoas a ter e a se acostumar a um sistema organizado de trabalho e produção.
É de tirar o fôlego ver como o trabalho muda a vida de uma cidade inteira.
É algo que nós, tão acostumados a ter isso que até achamos ser “natural”, não temos condições de compreender.
Mudou TUDO na cidade, me disse o prefeito.
A Pegada foi tudo na minha vida, me disseram dezenas de pessoas que já nem mais trabalhavam lá mas que mantinham um bem-querer e admiração pelo “efeito Pegada” em suas vidas.
O comércio floriu da noite para o dia, com os salários pagos. A prefeitura foi beneficiada pelo incremento do ICMS. Surgiram profissionais liberais de todos os setores. Melhoraram as escolas. Surgiram creches. Casas foram pintadas. Dezenas de outras construídas. Restaurantes, pousadas, cafés, tudo, tudo, tudo foi rapidamente melhorando e se modernizando, graças aos empregos e dinheiro que a Pegada fez circular em Ruy Barbosa.
Com sua organização e método de produzir, a Pegada deu para aquele povo a esperança. Deu a eles a chance de pela venda da sua força de trabalho encontrar renda, acessar consumo, voltar a acreditar neles mesmos.
Foi o que vi em Ruy Barbosa. Falei com mais de 100 pessoas e setores na cidade. Vi o incrível efeito da chegada da indústria de calçados Pegada naquela cidade. Pessoas sorrindo. Comércio florindo. A esperança em cada olhar. É de impressionar.
É por isso que não se entende a razão do Brasil e do RS deixarem a indústria ir para baixo. Se ali está a solução, por que não incentivar?
O exemplo está a olhos vistos. A China em 30 anos saiu da miséria (quase absoluta) para se tornar a nação mais economicamente forte do mundo. E fez isso pela indústria. Deveríamos copiar o exemplo. A indústria pode nos salvar da desgraça econômica e social. O Brasil e o RS não precisam só fornecer grãos e produtos primários baratos para o mundo.
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ALGUNS RELATOS DE PESSOAS
“Ruy Barbosa teve sua economia salva graças a empresa Pegada”, me disse Genivaldo Rodrigues, de 49 anos. “A empresa chegou em 2004. Trabalhei lá até 2011. Saí porque tive que ir cuidar de minha avó, mas me sentia muito feliz trabalhando lá. É um pilar da economia para nossa cidade. Trouxe renda e trouxe a alegria. A cidade mudou completamente com a renda que a Pegada proporcionou aqui”, disse o Genivaldo, demonstrando carinho e gratidão.
Para o prefeito Cláudio Serrada, Ruy Barbosa se divide entre antes e depois da indústria Calçados Pegada. “Com a chegada dessa indústria a cidade mudou, melhorou e ficou não apenas mais rica, mas também mais esperançosa e feliz”.
Lucimara dos Santos Oliveira trabalhou por 9 anos na indústria assim que ela chegou. “A Pegada é tudo na minha vida”, diz ela, abrindo um típico sorriso de gratidão. “Meu trabalho era lindo, trabalhava na produção e era revisora. Entendo que a chegada da empresa foi como chegar a vida na nossa cidade, pois nos proporcionou ter fonte de renda. Tenho e terei para sempre muita saudade da Pegada. Ela foi tudo na minha vida”.
Lucimara deixou a empresa porque engravidou e teve, então, de cuidar do filho.