Nova estrutura será construída próximo da Ponte de Pedra (Foto: Marcio A. Blume)
Na última semana, o prefeito Jerri Meneghetti encaminhou à Câmara de Vereadores o projeto de Lei 72/2023, que autoriza o Poder Executivo a contratar operações de crédito com o Badesul Desenvolvimento S.A. – Agência de Fomento – RS, até o limite de R$ 10 milhões, para obras de infraestrutura em Dois Irmãos.
– O projeto oportunizará ultimar obras de infraestrutura e mobilidade urbana sobre demandas já aferidas/avaliadas, em especial a construção de uma ponte ao lado da “ponte de pedra”, bem esse tombado pelo Estado do RS. Objetivando a segurança e preservação daquele patrimônio histórico e cultural, assim como o fluxo de mobilidade. O sistema viário igualmente será atendido, priorizando demandas mais antigas e pontuais, a critério da administração, já elencadas, inclusive, nos planos de mobilidade urbana e diretor – diz ele na justificativa.
O documento deve entrar na pauta de votação na próxima sessão, prevista para 7 de agosto – no dia 31 de julho, por ser a quinta segunda-feira do mês, não haverá sessão. Na última segunda-feira (24), Ederson Bueno (MDB) destacou a importância da obra que fará a ligação do bairro Beira Rio com o Vila Rosa e o São João.
– Não se trata apenas da construção da ponte, mas de todo o entorno. Haverá inclusive mudança na entrada no Complexo Esportivo, teremos uma praça sendo construída na esquina da Rio de Janeiro com a Alberto Rübenich. A ponte terá mais de 80 metros e um vão de 50 metros. A Ponte de Pedra também vai passar por uma revitalização; a gente vai ter um mirante na nova ponte para que o pessoal possa contemplar a Ponte de Pedra, que será somente para passeio de pedestres – explicou o presidente do Poder Legislativo, que ao lado dos colegas da situação esteve em uma reunião na prefeitura para tratar do assunto.
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Márcio: “Um empréstimo de R$ 10 milhões que vai custar R$ 17 milhões”
Márcio Goldschmidt (PT) questionou a ideia de financiar a obra.
– O que o governo Jerri está propondo é um empréstimo de R$ 10 milhões junto ao Badeseul, para pagar em oito anos, que no final vai custar R$ 17.415.465,29. Esse governo me deixou perplexo. Gastaram quase R$ 4 milhões para comprar a área da chácara Dom Braga (Travessão Rübenich) e agora vão pedir um empréstimo de R$ 10 milhões que vai custar R$ 17 milhões. Não estou entendendo qual é o propósito dessa administração. Fico chocado, é muita grana, sendo que o município tem recurso livre, mas utilizam mal esse recurso. Se a ponte é algo mais importante para a cidade, por que adquirir aquela área? Isso me cheira a questão eleitoreira – disparou.
Elony Nyland (MDB) rebateu o vereador:
– No tempo do prefeito Miguel, vocês compraram diversas áreas de terra, só que com uma diferença entre os governos: compraram tantas que não conseguiram concluir nenhum projeto, pois não tinham dinheiro para contrapartida de obras. Tanto que muitas obras foram feitas depois pela administração Tânia e Jerri, que se organizaram e deixaram dinheiro em caixa. A ponte vai custar em torno de R$ 7 milhões a R$ 8 milhões, com toda a infraestrutura ao redor. Vai ser uma coisa maravilhosa! Duvido que tenha um da comunidade que seja contra a construção desta ponte, a não ser o Márcio Goldschmidt – declarou.
No espaço de liderança, o petista voltou à tribuna:
– De fato não entendo mais nada: se tem recurso deixado pelo governo Tânia e Jerri, por que fazer o financiamento? Estou querendo entender qual é a lógica disso. Você só faz empréstimo se não tem dinheiro suficiente para fazer uma obra ou comprar alguma coisa. Tem recurso ou não tem? Ninguém aqui está discutindo que a obra não é importante, mas R$ 17 milhões é um preço muito caro em oito anos. Temos o governo federal de novo disposto a encaminhar recursos e projetos para a cidade. Nem vou rebater o vereador Elony... Os 240 apartamentos, a usina de reciclagem, que teve aporte do governo federal; as duas creches que foram feitas no governo do Miguel... Não vamos debater isso de novo; é passado. Estou preocupado com o presente e com o futuro de Dois Irmãos. Me parece falacioso, porque tem recurso, mas fazem um financiamento – afirmou Márcio.
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Ramon: “O financiamento é uma margem de segurança muito importante”
Foi a vez Ramon Arnold (PP) entrar na discussão:
– De fato o dinheiro existe no livre, mas existem diversas obras que estão à frente, como a escola (do bairro União) que vai ser feita com verba livre. Temos contrapartidas de recursos federais que não estão sendo repassados; o governo federal é bom de tirar foto, de botar no jornal, mas não é bom de passar o dinheiro de fato. Estamos com muito dinheiro atrasado – cutucou o líder de governo.
Em seguida, justificou o financiamento:
– A gente não pode simplesmente drenar todo o valor do caixa disponível para a ponte. O financiamento é uma margem de segurança muito importante para que a gente faça essa obra que é fundamental para a cidade de Dois Irmãos. É um financiamento atrativo, com 3,08% de juros ao ano + Selic. Se a Selic baixar, como há perspectiva, os juros baixam. É muito mais vantagem fazer o financiamento de uma ponte que tem ingresso do Badesul do que pegar um financiamento mais caro, como aconteceu a muitos anos atrás; tivemos financiamentos de 20 anos que estamos pagando até hoje – lembrou Ramon.
Por fim, ele também respondeu sobre a compra da área no Travessão Rübenich:
– Aquela área tem que ser comprada com recurso do livre; é uma área estratégica, e nós teremos muito em breve não só uma área de eventos, mas também de tecnologia e desenvolvimento de empresas. Ao meu ver, é um investimento alto, sim, mas é uma área que talvez muito em breve não teremos mais à disposição no município.
Darlei Kaufmann (PSB) concordou sobre o financiamento em questão ser atrativo.
– Eu trabalho em uma instituição financeira e posso dizer com certeza que a proposta do Badesul nenhum banco público federal conseguiu cobrir. E pode acontecer, sim, de não usarmos todo esse dinheiro. Realmente é uma ótima opção, a ponte tem que ser feita. Talvez vá sobrar algum valor para fazer algumas ruas, assim como feito no bairro São João na época do prefeito Miguel – observou.