Instituto Olívia do Bem pede apoio público para continuar de portas abertas

28/05/2024
Luciana Lemos esteve na Câmara nesta segunda

Luciana Lemos esteve na Câmara nesta segunda

A tribuna popular da Câmara de Vereadores de Dois Irmãos recebeu na segunda-feira (27) a diretora e fundadora do Instituto Olívia do Bem, Luciana Lemos. Ela falou sobre o trabalho desempenhado pela entidade no município e pediu um olhar especial do poder público “para que a gente possa continuar de portas abertas”.

– O Instituto Olívia do Bem é uma ONG voltada para pacientes oncológicos e familiares cuidadores. Já estamos em Dois Irmãos há dois anos e meio. O instituto começou como uma ONG familiar, porque os recursos eram próprios e o trabalho era feito – na verdade, é feito até hoje – por colaboradores. Os recursos vinham do meu ex-esposo. Desde o meu divórcio, no início do ano passado, os recursos passaram a ser por nossa conta e risco, ou seja, nós é que movimentamos a manutenção do instituto através de ações como bingo, brechó, pizza solidária e outros eventos. Nós atendemos atualmente em torno de 80 pacientes e familiares, e a nossa palavra-chave é acolhimento; o que a gente quer é valorizar a vida além da doença. Atualmente, não conheço alguma família que não tenha um paciente oncológico – na minha família, tem mais de um. Cada vez mais há uma necessidade muito grande de que a gente olhe muito mais para o olhar integral, ou seja, saúde e mente, do que só a saúde. A gente sabe que a doença chega onde às vezes já existe uma vulnerabilidade – explanou ela.

Luciana frisou que o instituto não tem partido político e carece de apoio.

– No momento não temos nenhuma ajuda pública, porque para nós podermos pleitear quaisquer verbas públicas vindas de licitações ou mesmo de projetos, programas e serviços, temos que estar enquadrados no Conselho de Assistência Social, que é o meu conselho, porque eu sou assistente social. Por enquanto nós só estamos no CNES (Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde), que é da saúde. E o CNES por si só não nos faculta ter verbas públicas, porque, como a gente sabe, a saúde de maneira geral não tem verbas necessárias às vezes para fazer o que eles precisariam. A gente já tentou por várias vezes essa inscrição junto ao Conselho (de Assistência Social), mas não conseguimos. Também não temos apoio de nenhum empresário, porque a gente sabe que receber apoio é uma via de mão dupla: quem oferece apoio quer no mínimo ter a dedução no seu Imposto de Renda, mas, sem a inscrição no Conselho, a gente não consegue isso também – explicou a diretora.

Ela comentou que entende o momento vivido pelo Estado e as inúmeras demandas a partir das enchentes.

– Não estou querendo passar na frente de nenhuma outra necessidade, mas eu represento na base de 80 pessoas que estão de forma fixa dentro do instituto, e eu sozinha não consigo manter, não tenho mais condições. Infelizmente, nesse momento, vou ter que priorizar outras coisas que eu vinha priorizando, porque além dos eventos que a gente fazia, eu sempre completava com os meus ganhos próprios, e infelizmente não tenho mais. Então eu peço um olhar para isso, para que a gente não precise fechar as portas – declarou.

 

Quase 900 atendimentos anuais

O Instituto Olívia do Bem presta perto de 900 atendimentos anuais nas áreas de serviço social, psicologia, nutrição, grupos de apoio, fisioterapia, artesanato e musicoterapia.

– Não preciso mais falar pelo instituto, quem está lá dentro sabe o que é feito. Nós temos psicólogas, nutricionista, fisioterapeuta, professor de canto, artesã, grupos que já se formaram de oficinas de crochê e outras, professor de ioga... A gente tem várias atividades, mas a psicologia e a fisioterapia acabam sendo nosso carro-chefe. Atendemos pacientes de todas as idades, desde adolescente de 16 anos até adultos e idosos, e cada dia chega mais gente. A gente veio para somar, para propiciar para mais pessoas que possam precisar do que a gente faz lá. Se alguém quiser saber mais alguma coisa, pergunte a qualquer um dos que estão lá, que estão sendo atendidos, e vejam a necessidade de que esse serviço continue – completou Luciana.



*

 

Vereadores manifestam apoio

Durante a sessão, os vereadores retomaram a questão do Instituto Olívia do Bem, elogiando o trabalho da entidade e se colocando à disposição para encontrar soluções.

– A gente sabe que tem a questão da avaliação do Conselho de Assistência Social em andamento, que é importantíssima, inclusive citei o assunto em conversa com o prefeito, e ele também está à disposição, disse que gostaria de recebê-la na prefeitura assim que possível – comentou Ederson Bueno (MDB), lembrando, também, que para pleitear recursos que costumam retornar do Legislativo ao Executivo ao final de cada ano, é preciso que a proposta de trabalho seja apresentada até outubro.

Sergio Kroetz (PP) informou que recentemente o Grupo de Doadores de Sangue de Dois Irmãos doou R$ 5 mil para a entidade e disse que pretende sugerir ao grupo que o lucro do seu próximo evento seja doado ao instituto.

Nilton Tavares também citou a questão dos valores não utilizados pela Câmara que retornam aos cofres do município.

– Os excedentes são pequenos, mas somos abertos a propostas, e o que nós pudermos alcançar, faremos. Quando o dinheiro volta para o Executivo, essa autonomia não é mais do presidente, mas como o prefeito já não conta com esse valor, via de regra ele acata o Legislativo e direciona a entidades. Já temos uma pré-indicação para as janelas do nosso hospital, que incomodam muito. É uma situação que a gente tem que atacar pela questão do excesso de ruído – destacou o presidente.


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