Maria Leoni, Roberto, Graziela, Raíssa e Márcia, exibindo, orgulhosos, a premiação conquistada no domingo
Os dois-irmonenses Raíssa Laís Machado, de 18 anos, e Roberto Fröhlich, de 34 anos, encantaram os avaliadores e conquistaram o 2º lugar na categoria Danças Gaúchas de Salão PCD (Pessoa com Deficiência) no 36º Encontro de Artes e Tradição Gaúcha (Enart).
Reconhecido como o maior evento de arte amadora da América Latina, o Enart ocorreu de 24 a 26 de novembro, no Parque da Oktoberfest, em Santa Cruz do Sul, reunindo mais de 4 mil competidores.
Raíssa e Roberto têm Síndrome de Down e, na competição, representaram a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais, a 30ª Região Tradicionalista e o município de Dois Irmãos. Eles subiram ao palco na tarde de domingo (26) e apresentaram um chote e uma valsa. Disputando com outros sete pares, eles se destacaram no tablado e conquistaram o 2º lugar.
Felizes e orgulhosos, eles exibiam o troféu e as medalhas na tarde desta quarta-feira (29). “Foi muito legal. Gostei bastante”, diz Raíssa, ainda eufórica com a conquista. “Valeu a pena todo o esforço”, diz Roberto.
Emocionadas, as famílias também celebram a conquista. “Nunca imaginei que estaríamos lá representando a nossa região”, conta emocionada, Maria Leoni Dapper Fröhlich, mãe de Roberto. “Foi uma mistura de alegria, de choro. Vimos o empenho deles, os aplausos do público, dos avaliadores, foi emocionante”, comenta Márcia Zilles Machado, mãe de Raíssa.
Instrutor da Raíssa e do Roberto, Rafael Descovi elogiou a apresentação. “Eles estavam nervosos antes de entrar no palco, algo normal, mas conversamos, ajustamos alguns detalhes e tudo se alinhou. Eles foram muito bem, estavam preparados e fizeram tudo o que ensaiamos. Estão de parabéns”, destaca.
Diretora da APAE, Graziela Mayer conta que toda a entidade comemorou muito a conquista. “Estamos muito contentes, não só pela premiação, mas pela oportunidade de participar de um evento como este”, diz ela, ressaltando o orgulho ao ver usuários/ pacientes atuando como protagonistas em diferentes espaços da sociedade.
Representação inédita
É a primeira vez que a 30ª RT é representada na categoria. Coordenador da 30ª RT, Carlos Alberto Moser agradeceu a todos que tornaram esse projeto realidade. “A 30ª RT se enche de orgulho com a participação desses dois jovens, pela disponibilidade das famílias, pelo apoio das entidades e do instrutor Rafael, além de toda a estrutura que foi montada para a participação deles. Isso valorizou a nossa região, que sempre buscou a inclusão”, disse ele, destacando o esforço do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG) em promover cada vez mais a inclusão. “O MTG tem assimilado e trabalhado a inclusão, buscando ser um movimento mais humano, fraterno e acolhedor”, completa.
Duas semanas de ensaio
Raíssa e Roberto fazem parte do grupo de Danças Alemãs da APAE e também tem experiência na dança tradicionalista gaúcha. Raíssa faz parte da invernada Juvenil do DTG Porteira Aberta e Roberto integra a invernada Veterana da ACTG Portal da Serra.
A partir do convite do professor Gunter Kasinger, Raíssa e Roberto tinham pela frente apenas duas semanas de ensaio. “Sabíamos que duas semanas era muito pouco tempo, mas se o convite foi feito, é porque a entidade acredita nos nossos filhos, e nós acreditamos muito mais”, comenta Márcia, contando que prontamente convidaram Rafael, que é instrutor do DTG Porteira Aberta, para prepará-los para o desafio.
Dois-irmonenses na avaliação
Além da Raíssa e do Roberto, outros dois tradicionalistas de Dois Irmãos tiveram papel importante no Enart 2023, atuando como avaliadores na Força A, principal categoria da competição.
Eduardo Thome integra a Equipe Técnica de Avaliação de Danças Tradicionais do MTG e destaca o orgulho em participar de um grupo e evento tão grandioso. “Ter a oportunidade e a confiança de compor a equipe no ENART, este ano na Força A, ao lado de grandes nomes do tradicionalismo gaúcho, é muito gratificante e me faz acreditar que tenho plantado boas sementes ao longo de 20 anos atuando no movimento tradicionalista. Sigo em frente na certeza de que nenhuma pessoa e nenhuma trajetória se fazem sozinhas. Com palavras ou atitudes, cada pessoa que compartilha a jornada conosco, se transforma em parte de todo o nosso crescimento. Sinto-me muito grato”, destaca.
Kelvin da Silva Penedo integra a Equipe Técnica de Indumentária do MTG desde 2019. “Avaliar a indumentária do maior Festival de Danças da América Latina é poder contribuir e disseminar o legado de folcloristas e viajantes que retrataram nossa história, mantendo a tradicionalidade da nossa pilcha e ajudando os grupos de dança na construção desta indumentária e na característica individual de cada um deles. É um trabalho sério, que faz com que a imagem do gaúcho não sofra distorções, mantendo, assim, a tradição do gaúcho através da imagem e dos períodos históricos representados no tablado da dança”, explica.