Adam Altenhofen
Adam Altenhofen, 25 anos, é especialista de suporte ao cliente. O dois-irmonense está morando em Bogotá, na Colômbia, desde novembro de 2019. Ele conversou com a redação do JDI sobre a pandemia do novo coronavírus (Covid-19).
Como está a situação do coronavírus no país?
Adam – Nós já tivemos casos, mas ainda não chegamos ao pico da contaminação. A previsão é que ela chegue pela metade de abril. Já tivemos algumas mortes (acredito que seis, desde a última vez que vi).
Está em isolamento? Desde quando?
Adam – Sim, desde o dia 12 de março. Começamos a trabalhar de casa no dia 12, uma quinta-feira, por ordens da empresa onde trabalho, que fechou os escritórios no mundo inteiro e, na semana seguinte, a prefeita de Bogotá decretou toque de recolher. Três dias depois, o presidente da Colômbia decretou toque de recolher no país inteiro. Durante o período em que o toque está vigente, nenhum morador pode sair às ruas, desde que seja para trabalhar (no caso de serviços essenciais), ir ao mercado ou levar o cachorro para passear durante 20 minutos.
Como tem sido a rotina durante este período?
Adam – Tem sido bastante tediosa porque passo 100% do meu tempo dentro de casa. Continuo trabalhando normalmente de segunda a sexta, o que ajuda bastante a me manter ativo. Começo às 9h da manhã, trabalho até umas 17h, e depois foco em atividades para passar o tempo, como assistir a filmes e séries, ler meus livros e cozinhar. Tenho aproveitado o tempo livre para aprender coisas novas. Recentemente comecei a fazer aulas de código e desenvolvimento de sites e aprender um pouco mais sobre teoria musical, que são temas que eu adoro.
Como o pessoal daí, os nativos, encaram o momento?
Adam – Os bogotanos parecem estar encarando essa situação com bastante seriedade. Muito disso eu acredito que se deve à atuação exemplar da prefeita que, desde o início, adotou todas as medidas recomendadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e foi bastante firme, cordial e cuidadosa no pedido dela. As ruas estão vazias e as pessoas estão bastante engajadas nessa causa. A prefeitura também está tomando outras medidas muito legais, como isentar alguns moradores em situação de vulnerabilidade social – geralmente de bairros mais humildes – de pagar as contas de água e luz. Acredito que isso ajuda a desenvolver uma consciência social e o entendimento de que estamos vivendo uma pandemia, e não uma gripezinha.
Qual sua opinião sobre a pandemia?
Adam – Vivemos uma situação completamente nova. Não sabemos o que fazer, como atuar e, principalmente, como passar por esse momento. Tivemos outras pandemias, que também fizeram vítimas, mas nenhuma com a capacidade de contaminação que o coronavírus tem – pelo menos não recentemente. Eu acredito que, nesse momento, precisamos de lideranças que guiem a população. Eu vejo a atuação do governo como mais do que essencial porque ele tem a obrigação de assumir um papel social e proteger as pessoas em situações de crise. É para isso que ele foi criado. Fico muito feliz em ver a mobilização feita pelos governantes colombianos e, principalmente, em Bogotá, além da segurança que a empresa onde trabalho nos passou durante esse momento de instabilidade, garantindo que os empregos serão mantidos.
Quais as notícias que chegam aí do Brasil?
Adam – Acompanho diariamente diversos dos maiores veículos de comunicação do Brasil que, ao meu entender, possuem bastante credibilidade, e, sinceramente, fico bastante preocupado e decepcionado com o cenário brasileiro. Acredito que, nestes momentos de crise, precisamos de lideranças fortes, que guiem as pessoas e passem a segurança de que precisamos. Infelizmente, eu não vejo isso acontecendo no Brasil. O que eu vejo é uma gestão desastrada, totalmente inconsequente e que não está preocupada com os brasileiros, principalmente os que vivem em situações precárias (que, graças a Deus, não é a realidade de Dois Irmãos). Somos um país de mais de 200 milhões de pessoas, o que torna esse trabalho bastante difícil. Porém, eu acredito que as pessoas que genuinamente se preocupam com os seus amigos e familiares vão seguir as orientações corretas e evitar que o Brasil atinja o pico e sobrecarregue o nosso sistema de saúde (que não é perfeito, mas é muito melhor do que a realidade de vários outros países).