Fonte: g1 RS
O Conselho de Segurança Alimentar e Nutricional do Rio Grande do Sul (Consea-RS) estima que mais de 1 milhão de pessoas passe fome no Estado. Além disso, de cada 10 famílias, sete enfrentam dificuldades em conseguir comida ou não têm o que comer.
– A fome é mais severa com as famílias gerenciadas por mulheres, pela população preta e parda, por famílias que têm filhos de 0 a 10 anos, mas principalmente na agricultura familiar. A agricultura familiar dobra o número de pessoas em situação de fome – explica o presidente do Consea-RS, Juliano de Sá.
A acentuação da pobreza e extrema pobreza foi agravada durante a última década. No Brasil, de 2020 até este ano, a fome saltou de 9% para 15%.
– Os próprios indicadores de insegurança alimentar nos colocam no início dos anos 1990. Uma regressão de mais de 30 anos nos indicadores de insegurança alimentar – diz a pesquisadora da UFRGS, Cátia Grisa.
Fome reflete na habitação
A priorização pela busca pelo alimento causa outros problemas para os mais pobres. Tendo que reservar o dinheiro para a comida, muitas pessoas passam a morar em ocupações irregulares, tanto em áreas particulares quanto públicas. De acordo com o IBGE, a cada 100 casas no RS, três estão irregulares.
Guerra e pandemia
A Guerra na Ucrânia e a pandemia de Covid-19 explicam parte da crise, mas não toda. No caso do conflito no Leste Europeu, a produção de trigo interfere na alta de preços no Brasil.
– Gerou um caos no mundo inteiro, principalmente porque aquela região é uma região muito produtiva. O trigo é a base de muitos produtos alimentares que o mundo inteiro consome – comenta o economista Alexandre Reis.
Além disso, a pandemia exacerbou a desigualdade social, segundo o economista da PUCRS, André Salata.
– Os mais pobres perderam mais de um terço dos seus rendimentos no trabalho no início da pandemia. Isso faz com que você tenha um aumento muito forte de desigualdade e também de pobreza, o que significa que são milhares de famílias que estão caindo para níveis baixos de rendimento – conceitua.