Projeto de aumento de salários deve ser colocado em votação até 8 de abril

27/03/2024
Confira a proposta que deve ser apresentada pela mesa diretora

Confira a proposta que deve ser apresentada pela mesa diretora

Na segunda-feira (25), antes da sessão, os vereadores de Dois Irmãos estiveram reunidos para tratar do aumento de salários para a gestão 2025-2028. A mesa diretora do Poder Legislativo deve propor 15% para prefeito, 22% para vice e 20% para secretários municipais e vereadores (ver ao lado).

Segundo Ramon Arnold (PP), o projeto deve ser colocado em votação até 8 de abril.

– Nós fizemos uma análise da iniciativa privada, uma análise de cargos em cidades da região e do Estado que têm PIB per capita e orçamento anual semelhante ao de Dois Irmãos, principalmente população, e a gente já afere, em muitos municípios, salário de prefeito acima de R$ 20 mil. Em cidades parecidas com Dois Irmãos, a gente viu salário de secretário já na casa dos R$ 12 mil e de vereadores acima dos R$ 4 mil – comentou ele, explicando que o percentual maior proposto ao vice-prefeito é para igualar com o salário recebido por um secretário municipal.

O vice-presidente do Câmara justificou que os referidos cargos não recebem FGTS ou qualquer outro tipo de benefício.

– Com exceção dos secretários, que recebem 13º e férias, prefeito, vice e vereadores não recebem 13º nem férias. Esse ajuste é um reflexo para os próximos anos. Com subsídios melhores, quem sabe poderemos ter um secretariado mais valorizado – disse Ramon.

Darlei Kaufmann (PSB) disse que pretende analisar os números apresentados.

– Acredito que a gente precisa rever esses valores. Só acho que deveríamos ter feito um estudo, talvez com uma empresa contratada por esta Casa, com mais dados das secretarias, suas funções e capacidades. Será que não seria o momento de revermos as funções de algumas secretarias? Qualquer percentual de aumento me deixa um pouco desconfortável, muito em função de eu ter assumido a presidência da comissão das merendeiras – comentou.

Ederson Bueno (MDB) disse que os vereadores não recebem aumento desde 2016.

– Ao contrário, foi feita uma redução de pouco mais de 7% e não foi dada a inflação do ano, que girou entre 5% e 6%, o que soma uma perda de 12% a 13% no salário. Acho que a proposta foi bem construída. Destaco que, se fizermos uma proporção de habitantes/salário e um comparativo, pensando que Dois Irmãos já passou dos 30 mil habitantes, acredito que sejamos um dos municípios que menos paga no RS. Não que isso seja uma coisa ruim: a Câmara de Dois Irmãos sempre foi muito enxuta, sempre tratou com muito respeito o dinheiro público – afirmou.

Sheila da Silva (PT) questionou algumas das justificativas do projeto.

– Um dos pontos tratados foi a dificuldade de conseguir secretário com o salário baixo, e eu tenho dúvidas em relação a isso, especialmente se a gente considerar que tem secretários há tantos anos nas secretarias da prefeitura. Se o salário é tão pouco atraente, não entendo por que as pessoas permanecem lá tanto tempo – o próprio vice-prefeito, com todo o respeito, está há mais de 30 anos na folha de pagamento da prefeitura – observou.

Ela também mostrou desconforto com a situação das merendeiras e afirmou que é preciso pensar nos trabalhadores de fábrica. Por fim, questionou comparativos com outros municípios, “pois fico pensando nas tantas vezes que eu trouxe projetos de Leis interessantes, de outros municípios, que sequer foram comentados aqui, que foram ignorados”.

Elony Nyland (MDB) criticou a postura da vereadora petista e do colega Darlei:

– Acho que seria a última pessoa que poderia falar em preocupação com gasto público. Seu partido, o PT, gastou R$ 170 bilhões a mais do que arrecadou em um ano e você nunca falou uma vírgula sobre isso. Traga o valor do seu marido, que é assessor de um deputado, para ver o quanto ele ganha; garanto que ganha três vezes mais que um vereador e você nunca se preocupou com isso. Também não vejo o Darlei falar dos seus deputados que ganham num mês mais do que nós ganhamos no ano todo. Aliás, isso só de subsídios, fora diárias, alimentação, publicidade, combustível etc. Penso que é um subsídio mais que justo para os vereadores que realmente trabalham – disse ele, referindo-se à proposta apresentada pela mesa diretora.

Nilton Tavares (PP) classificou como demagogas algumas manifestações.

– A vereadora Sheila eu entendo, ela é oposição; mas, nas nossas trincheiras, Darlei, é demagogia. A gente tem que ter a visão de que não dá para comparar coisas diferentes. Nós estamos comparando municípios com economia pujante como Dois Irmãos. Com esses reajustes aqui, na média Dois Irmãos ainda vai ser o município que menos paga ao seu prefeito. Hoje, um município limítrofe, com economia menor que a nossa, paga R$ 23,7 mil. Se isso não é demagogia... O que nós temos que ter aqui é a coragem de que Dois Irmãos pense maior, pense melhor, e não ficar nessa demagogia do pequeninho, do ‘nhé-nhé-nhé’, do ‘mi-mi-mi’ – disparou o presidente.

Ele reconheceu o trabalho das serventes, mas lembrou que outras categorias também reivindicam reclassificação.

– Quando a gente puxa uma categoria em detrimento de outras, acho complicado... Não estou contra as merendeiras, estou a favor de todos que precisam de um salário um pouco melhor – comentou Tavares, defendendo na sequência a proposta de aumento a ser apresentada pela mesa diretora:

– É totalmente factível, não tem absurdo nenhum. Estamos gastando 0,71% (do Orçamento do Legislativo), e vamos manter esse patamar; não vamos chegar a 0,80%.

 

 

DEBATE CONTINUOU NA PARTE FINAL

 

O debate acalorado prosseguiu no espaço de lideranças e na parte final da sessão. Darlei disse que está fazendo sua função de fiscalizar e analisar os projetos.

– Te vejo bastante alterado, presidente. Acredito que a gente possa usar da serenidade, da consciência política para debatermos essas questões abertamente com a sociedade. Os meus eleitores são aqui da cidade, e tenho um respeito muito grande por eles – afirmou.

A vereadora Sheila rebateu o uso da palavra ‘demagogia’:

– ‘Demagogia’, aqui para esta Casa, parece que virou igual a ‘opinião contrária à base do governo’. Não é a primeira vez que ouço isso quando questiono alguma coisa, e eu não estou questionando em meu nome, mas em nome da comunidade. Vocês muitas vezes estão ignorando o que as pessoas pensam e trazem. Para ser um puxadinho da prefeitura, essa Câmara não precisa existir. Então toda vez que a gente questionar, trazer a voz do povo para cá, é demagogia? – questionou ela, criticando ainda o colega Elony por pessoalizar e desviar o foco dos assuntos do município.

Ramon voltou à questão de secretários que estão há mais tempo na prefeitura:

– Vejo dois pontos: pessoas preparadas para assumir e a confiança. Secretários detêm uma questão de responsabilidade civil das suas ações lá dentro. Às vezes recebemos um ‘não’, dois ‘nãos’, três ‘nãos’, quatro ‘nãos’, e muitas vezes aqueles soldados mais antigos são os que abraçam a causa – comentou.

Nas considerações finais, Tavares respondeu a Darlei:

– Quando vejo um discurso um pouquinho pra esquerda, um pouquinho pra direita, um pouquinho pro centro, não sinto uma real verdade. Quando o senhor fala em estudar, em falar com o eleitor, entendo como um pouco de demagogia; é nesse sentido que eu coloco. Não sinto um posicionamento, e eu entendo que a gente tem que ter posição.


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