Estudo desenvolvido na Feevale investiga forma de tratamento para resíduos da indústria moveleira

14/06/2024
Fonte: Feevale / Foto: Andrieli Siqueira

Fonte: Feevale / Foto: Andrieli Siqueira

Considerada uma das mais tradicionais atividades da indústria de transformação, a fabricação de móveis garante, ao Brasil, a sexta posição entre os maiores produtores mundiais. O Rio Grande do Sul, por sua vez, é considerado o segundo maior produtor moveleiro nacional. Os dados são da Associação Brasileira das Indústrias do Mobiliário (Abimovel) e da Associação das Indústrias de Móveis do Estado do Rio Grande do Sul (Movergs), respectivamente. Esse alto volume de produção, no entanto, é acompanhado de uma significativa geração de resíduos, classificados como sólidos e líquidos. Dentre os sólidos, destacam-se os derivados diretos da madeira - como aparas, cepilhos e pó da madeira - e os originados das embalagens de matéria-prima - como papéis, plásticos, metais, latas de tinta e solvente, grampos e fitas metálicas.

Nesse cenário, um estudo desenvolvido na Universidade Feevale investigará uma forma de tratamento desses resíduos para fins de produção de energia. O projeto Aplicação da pirólise para geração de energia empregando resíduos da cadeia produtiva moveleira busca contribuir com o desenvolvimento sustentável do setor moveleiro no Estado e, ainda, oportunizar um novo destino para os resíduos dessa indústria, implementando o conceito de economia circular.

Para tanto, será explorado o método de pirólise dos resíduos. A pirólise é uma reação química que decompõe substâncias através do calor, em uma atmosfera não oxidante – dessa forma, se diferenciando da combustão. Isso transforma o resíduo em um produto com potencial energético, conforme explica o professor Marco Antônio Siqueira Rodrigues, coordenador do projeto. “Esse processo pode produzir energia e um composto de valor agregado, sendo uma excelente tecnologia para aplicar no tratamento de resíduos como os que estamos vendo nas cidades atingidas pelas enchentes, que são os móveis estragados”, afirma. Sobre a energia gerada, Rodrigues aponta que pode ser aproveitada para geração de eletricidade, combustível ou vapor, por exemplo. “Ou seja, entra na malha atual do sistema energético do Brasil”, complementa.

O projeto foi aprovado em edital da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio Grande do Sul (Fapergs) junto à Secretaria da Inovação, Ciência e Tecnologia (Sict), cujo objetivo é apoiar e estimular equipes de pesquisa em projetos científicos e tecnológicos que visem ao desenvolvimento de agrotecnologias, com foco na realização de inovações que abranjam, dentre outras áreas, a de Recursos Florestais. “Esse projeto consolida a linha de pesquisa em produção de materiais e energia a partir da biomassa da Universidade Feevale”, pontua Rodrigues.

Além disso, o estudo contou com recursos da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep), ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, para a aquisição de um pirolisador, no valor de R$ 950 mil. O coordenador informa que, além da pirólise dos resíduos do setor moveleiro, o equipamento será utilizado para outros setores industriais e com outros resíduos. “Inclusive, qualquer empresa que queira fazer um teste com seus resíduos pode procurar a Pró-Reitoria de Pesquisa, Pós-Graduação e Extensão da Feevale”, afirma. Interessados podem entrar em contato através do email proppex@feevale.br.

O projeto está sendo desenvolvido por 15 pesquisadores, dentre os quais Marco Antônio Siqueira Rodrigues, Carlos Leonardo Pandolfo Carone e Patrice Monteiro de Aquim, da Feevale. Os demais são da Universidade Federal de Santa Maria; da Universidade Federal do Rio Grande do Sul; do Instituto de Engenharia de Polímeros do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial do Rio Grande do Sul (Senai-RS); do Instituto de Madeira e Mobiliário do Senai-RS; e das empresas Fergus, Florense, RL Pasin e SP Consultoria Empresarial.


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