Fonte: Abicalçados
O ano de 2020 foi bastante difícil para o setor calçadista brasileiro. Conforme dados divulgados pela Associação Brasileira das Indústrias de Calçados (Abicalçados) em coletiva on-line realizada ontem, dia 13, o setor pode ter perdido 21,8% da sua produção em 2020, retornando a patamares de 16 anos atrás (dado oficial, do IBGE será divulgado até o final de janeiro). Na exportação a queda foi de 18,6%, pior número desde 1983. Já para 2021, a estimativa é de incremento tanto em produção (+14,1%) quanto na exportação de calçados (+14,9%). O crescimento, porém, não será suficiente para recuperar o “tombo” verificado no ano passado.
Para o presidente-executivo da Abicalçados, Haroldo Ferreira, a atividade vem em recuperação gradual, tendo criado mais de 30 mil postos de julho a novembro (último dado disponibilizado pelo Ministério do Trabalho e Emprego). “A abertura do varejo, que absorve mais de 85% das vendas do setor, foi fundamental para o resultado”, comentou. Por outro lado, o crescimento não foi suficiente para reverter as perdas de postos nos meses mais críticos da pandemia e das restrições ao varejo físico. Entre março e junho do ano passado mais de 60 mil trabalhadores perderam seus empregos. O dado até novembro mostra que o setor está empregando 255 mil pessoas, 13% menos do que no mesmo mês de 2019.
Quanto à produção de calçados, a queda no acumulado até novembro foi de 23,4% (para 654,1 milhões de pares fabricados), sendo que o ano deve fechar com uma queda de 21,8%, indicando pequena melhora no último mês de 2020. “Fecharemos o ano com a produção de 710 milhões de pares, nível registrado em meados dos anos 2000”, destacou Ferreira. Para 2021, a expectativa é de que o setor cresça 14,1% sobre a base fraca do ano passado (para 811 milhões de pares). “Porém, ainda que a estimativa se realize, estaríamos 10,3% abaixo do desempenho de 2019 (908 milhões de pares), na pré-pandemia", projetou o dirigente. “O estrago foi muito grande, mas esperamos que com a vacinação em massa e as coisas retornando ao normal possamos experimentar uma recuperação. Mas ainda vamos ficar longe do ideal”, acrescentou o executivo, ressaltando que para que o crescimento seja sustentável é preciso que o Estado brasileiro promova as reformas estruturantes necessárias, especialmente a tributária. “Vivemos em um manicômio tributário. Não havendo uma reforma neste sentido, não teremos como sustentar a recuperação”, disse.
Exportações
Respondendo por cerca de 15% das vendas do setor calçadista brasileiro, as exportações terminaram 2020 com um revés de 18,6% em pares (93,8 milhões de pares) e de 32,3% em dólares (US$ 658,3 milhões) no comparativo com 2019, pior resultado em quase quatro décadas. Com o retorno gradual das negociações internacionais, especialmente as grandes feiras comerciais, a expectativa é de um crescimento de 14,9% ao longo de 2021 (108 milhões de pares). “Ainda assim ficaremos 6,5% aquém de 2019”, disse Ferreira.
Segundo Ferreira, os principais destinos das exportações, em 2020, seguiram sendo Estados Unidos (9,3 milhões de pares e US$ 137,8 milhões, quedas de 22,1% e 30,8%, respectivamente); Argentina (7,7 milhões de pares e US$ 72,6 milhões, quedas de 23,5% e 30,8%) e França (7,1 milhões de pares e US$ 59,2 milhões, quedas de 10,7% e 2,1%). As principais origens dos embarques foram Rio Grande do Sul (22 milhões de pares e US$ 292,5 milhões de pares, quedas de 28,8% e 34,8%); Ceará (33 milhões de pares e US$ 167 milhões, quedas de 14,5% e 28,1%); e São Paulo (6,4 milhões de pares e US$ 66,8 milhões, quedas de 16,5% e 35,3%).
2020
Produção de calçados (jan-nov): -23,% (654,1 milhões de pares)
Produção de calçados (2020): -21,8% (710 milhões de pares)*
Exportação de calçados (2020): 93,8 milhões de pares (-18,6%) e US$ 658,3 milhões (-32,3%)
Emprego (nov): 255 mil postos diretos (-13%)
2021*
Produção de calçados: +14,1% (811 milhões de pares)
Exportação de calçados: +14,9% (108 milhões de pares)
* Projeções Abicalçados