Família toda ajudando no trato das ovelhas na propriedade, que fica no bairro Travessão. Na foto, Gustavo, Renita, Ramona e Realino
Diante de uma vida inteira dedicada à agricultura, Realino Roberto Stoffel, de 71 anos, orgulha-se ao ver a filha Renita Inês Stoffel Immig, 29, seguindo seus passos. Engenheira agrônoma há 5 anos, é ela e o marido, Gustavo Immig, 35, que ajudam Realino a tocar a propriedade do bairro Travessão, em Dois Irmãos. Gustavo é biólogo e durante anos trabalhou em indústria, no setor ambiental. “Sempre tive paixão pela área da agricultura”, conta.
A família atua em 15 hectares arrendados, tomados, quase que em sua totalidade, pela plantação de milho, tornando, assim, a venda de grão e silagem as suas principais fontes de renda. Segundo a família, é colhida uma média de 5 toneladas de cereal por hectare ao ano. Tudo é vendido no local, onde eles também criam animais e plantam aipim e verduras. “Há três anos, fornecemos carne bovina para a merenda escolar de Dois Irmãos”, contam orgulhosos.
Hoje, a direção da propriedade é compartilhada pelos três. E é a soma das experiências que torna o negócio cada vez mais próspero.
Seu Realino formou-se Técnico Agrícola no Espírito Santo e durante mais de dois anos trabalhou no Mato Grosso, compartilhando tudo o que sabia sobre agricultura em tribos indígenas. De volta ao Rio Grande do Sul, trabalhou durante 22 anos no Colégio Imaculada Conceição, emprego que conciliou com a vida de agricultor. Antigamente, vendia muita lenha e mel. Também já criava bovinos, suínos e aves.
E foi acompanhando o pai, que Renita herdou o amor pela terra. “Fui criada na agricultura. Isso sempre esteve dentro de mim”, diz ela, contando que sua primeira capacitação no setor foi o Técnico em Agropecuária na Escola Bom Pastor, em Nova Petrópolis. “Durante o estágio, me identifiquei muito com as hortaliças, foi quando tive ainda mais certeza do que queria”, comenta, contando que à medida que finalizava os estudos, percebia o quanto seus conhecimentos poderiam agregar ao negócio do pai.
Renita atuou em outros ramos durante alguns anos, mas retornou à agricultura. A liberdade do campo e a qualidade de vida foram fatores determinantes para a mudança. “Hoje, em períodos de entressafra, nos organizamos e o pai também pode fazer as coisas que ele gosta, como pescar”, conta Renita, feliz em poder proporcionar mais qualidade de vida à família que, fora estes períodos, acorda cedinho para tomar chimarrão e, logo depois, começar a trabalhar. “Acordo às 5h e faço o chimarrão para esperar eles”, diz seu Realino, se referindo à filha, ao genro e à neta, Ramona Stoffel Immig, de 3 anos.
Para Realino, agricultor precisa ser contador, engenheiro, pedreiro. “Precisa ser um pouco de tudo”, diz ele, aos risos. Agora, ele ensina tudo o que sabe para a Renita e para o Gustavo. Também já cria muitas memórias ao lado da neta. “Vou dar tudo de mim, passar tudo o que sei, para que eles deem sequência ao meu trabalho”, diz ele, orgulho em atuar ao lado da família. “O pai está nos permitindo dar continuidade a tudo isso”, completa Renita, destacando que há uma troca diária de conhecimento.
Juntos, Realino, Renita e Gustavo também buscam melhorias constantes para o negócio, principalmente através do investimento em máquinas e equipamentos. Há alguns anos, compraram um trator novo. Também investiram em plantadeira, ensiladeira e carretão. “A cada ano, nos planejamentos para adquirir um equipamento novo ou melhorar aquilo que já temos”, conta Renita, comentando que a próxima aquisição deve ser uma colheitadeira. “Para nós, que queremos continuar e evoluir neste ano, vale a pena investir”, completa, contando que os três também buscam atualizações constantes através de cursos.