Fonte: Veja
Há algum tempo a depressão está sendo considerada o “mal do século”. No Brasil, a doença atinge 5,8% da população – taxa que está acima da média global (4,4%), segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Apesar de o assunto ser cada vez mais abordado, ainda há muita desinformação a respeito da depressão e as pessoas sentem vergonha de falar sobre o assunto. A questão é tabu inclusive entre os mais jovens – população cuja taxa de suicídio vem aumentando nos últimos anos.
Novos dados revelam que 23% dos adolescentes entre 13 e 17 anos enxergam o transtorno mental como um “momento de tristeza” e não uma doença grave, revela pesquisa realizada pelo Ibope. “Doenças psiquiátricas ainda são um tabu muito grande. Por isso as pessoas tentam ‘fugir’ da questão ao associá-la a problemas simples, pois são mais fáceis de encarar”, explica o psicólogo André Garcia. O levantamento ainda mostrou que, na mesma faixa etária, 39% dos adolescentes afirmaram que, caso recebessem o diagnóstico de depressão, não revelariam para familiares. O porcentual foi mais alto do que a taxa média verificada entre todas as idades (22%). Esse dado é ainda mais alarmante quando verifica-se a faixa etária entre 25 a 34 anos: 63% das pessoas disseram que não contariam para a família pela vergonha de admitir um quadro depressivo.
No grupo jovem (18 a 24 anos), 56% declararam que não mencionariam o diagnóstico de depressão no ambiente de trabalho ou acadêmico (escola/faculdade). De todas as faixas etárias analisadas, a menor taxa ficou entre pessoas com 55 anos ou mais (28%). Eles também estão mais bem informados quando o assunto é antidepressivos: 58% acreditam que a medicação é eficiente. Esse resultado surpreende, já que o tabu sobre a depressão está fortemente associado a pessoas mais velhas.
MEDICAÇÃO
A medicação é um problema entre os mais jovens: 53% acreditam que os medicamentos para depressão não funcionam ou não têm certeza de sua eficiência. Outro dado problemático aponta que 29% deles não acreditam que a depressão possa ser tratada com sucesso. Entre a população mais velha, apenas 18% têm essa visão. “As pessoas não acreditam que a depressão possa ser curada porque só ouvem falar de casos do transtorno, mas nunca de pacientes que superaram a doença. Não há um costume de falar sobre a solução, apenas do problema”, explica Garcia. A crença pode afetar a adesão ao tratamento: 23% dos jovens de 18 a 24 anos revelaram que não tomariam antidepressivos mesmo sob prescrição médica.