Serventes de escola reivindicam valorização e melhores salários

09/08/2022
(Foto: Divulgação / Câmara)

(Foto: Divulgação / Câmara)

A pedido do Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Dois Irmãos, duas serventes de escola utilizaram a tribuna popular da Câmara de Vereadores nesta segunda-feira (8). A categoria reivindica melhores salários com a reclassificação de padrão. As manifestações foram de Maristela de Jesus Rodrigues e Vicentina Kohler.

Maristela é servente há 10 anos e trabalha na escola municipal Heda Alves Nienow.

– Nós, serventes, temos uma função de extrema importância para o funcionamento da escola, que muito contribui para a educação e formação dos alunos. Estamos aqui para reivindicar nossos direitos, pois achamos que devemos ter uma melhor valorização pelo que fazemos. Sabemos que prestamos concurso para exercer essa função, só que estamos esgotadas pela grande carga horária e desvalorização da nossa classe. Gostaríamos que o Poder Legislativo e o Poder Executivo tivessem um olhar diferenciado para nós e dessem somente o que estamos reivindicando, que é uma mudança em nosso padrão de classe – destacou ela.

Com mais de 20 anos de experiência na função, Vicentina falou um pouco sobre a rotina de serventes e merendeiras.

– Iniciamos às 6h da manhã, somos as primeiras a chegar. Temos a responsabilidade de abrir portas e janelas, organizar os ambientes e começar os trabalhos. Começamos na preparação dos lanches que serão servidos no dia e já organizamos o que vai ser servido no dia seguinte, sempre com a preocupação de satisfazer as crianças que dependem deste lanche. O lanche que servimos segue um cardápio elaborado por nutricionista, em que temos lanches, sucos, comidas quentes, saladas e frutas. Temos muita responsabilidade no que fazemos, pois nosso trabalho é única e exclusivamente pensando nas nossas crianças. Somos responsáveis pela alimentação e por manter os espaços limpos e higienizados. Além de todo o trabalho braçal, temos o dever de dar carinho e atenção a essas crianças que dependem de nós, que precisam do nosso olhar. Senhores, imaginem: quando uma criança vem até a cozinha e pede um chá para areia nos olhos, podem ter certeza que não é esse chá que ela está precisando, mas sim o nosso carinho e nosso abraço – afirmou.

Ela reiterou que a categoria carece de valorização.

– Trabalhamos 44 horas semanais para ganhar tão pouco, e ainda quando pedimos um reajuste temos que ouvir que é um pouco difícil, que é um caso delicado, que requer muito estudo e que tem que cuidar do impacto financeiro do município. Não sei dizer ao certo o número de merendeiras concursadas – éramos 47, mais as contratadas, e acho que agora aumentou um pouco; será que aumentar de R$ 1.620,50 para R$ 1.827,97 seria tão impactante assim? Trabalhamos com muito amor, temos dedicação e responsabilidade, temos muitas crianças que recebem seu único lanche da manhã na escola, servido por nossas mãos. Gostaria de propor aos senhores uma troca, de uns dois meses ficarem com o nosso salário para ver se iriam conseguir, com a qualidade de vida que estão levando hoje, pagar medicação, comer, pagar aluguel e todas as despesas da casa. Será que iriam conseguir?

 

Sobrecarga de trabalho

Por fim, Vicentina citou a falta de profissionais e a sobrecarga de trabalho.

– Falam que fazemos parte da educação, mas isso é só para trabalhar, pois na hora de receber é totalmente diferente. É justo duas pessoas cuidarem da limpeza da maior escola do município e uma ou duas pessoas cuidarem da alimentação e de todas as funções da cozinha e do refeitório? Será que não merecemos um aumento de salário? Estamos doentes, somos uma classe de pessoas doentes, trabalhando muito mais que o nosso corpo e a nossa mente suportam. É desumano continuarmos assim: a maior carga horária e o menor salário.

 

Vereadores reiteram apoio

Assim como na semana passada, quando o tema também esteve em debate, os vereadores voltaram a manifestar apoio à categoria.

– Nada mais justo que um servidor procurar melhorias e seus direitos. Podem contar comigo, pois acredito que essa reclassificação é muito necessária – afirmou Sergio Kroetz.

Eliane Becker (PP), que voltou à Câmara na licença de Ramon Arnold (PP), disse que conhece de perto a realidade das serventes.

– Hoje estou como diretora (em Morro Reuter), e digo que eu posso faltar na minha escola com 95 alunos, mas a minha funcionária não. Eu tinha funcionária com concurso de 44 horas, e ela saiu porque o contrato da funcionária que foi contratada era com 34 horas. Ela pegou o concurso, trabalhava 10 horas a mais e desistiu. Hoje, na direção, vejo o quanto uma escola gira em torno das funcionárias – comentou.

Para Darlei Kaufmann (PSB), o salário das serventes, assim como de outras classes, neste momento de inflação está muito distante da possibilidade de reposição de suas necessidades básicas.

– Nossa função de legislador requer muita seriedade no trato de questões financeiras. Precisamos que seja apresentado um estudo de impacto orçamentário desta reclassificação, e dizer que vejo sempre nossos gestores muitos preocupados com a questão fiscal, por isso temos e moramos em uma cidade destacada. Tenho certeza que este movimento vai ajudar e com certeza esta casa também vai auxiliar na cobrança junto à administração – declarou.

Paulino Renz (PDT) foi direto:

– Falavam que ganhavam pouco, mas não sabia que era tão pouco.

Ederson Bueno (MDB) ratificou seu apoio.

– Acredito que tem que haver essa reclassificação, que seja passado para o padrão 4, com salário de R$ 1.771,31 mais os 20% de insalubridade, o que é um salário um pouco mais digno, levando em consideração também que vocês trabalham 44 horas semanais, que é uma carga horária bem puxada. Até temos outros funcionários com esse mesmo padrão, mas não com essa carga horária, então o menor salário em proporção horas de trabalho é o das serventes. Vamos insistir bastante para que a gente possa organizar essa questão o mais rápido possível – concluiu.

Sheila da Silva (PT) também chamou atenção para a carga horária.

– É uma carga horária que sobrecarrega, principalmente porque fazem o trabalho pesado, porque são responsáveis pela merenda que para muitos alunos é a coisa mais importante que a escola tem para oferecer, a única refeição mais nutritiva e encorpada que fazem no dia, sem contar os chazinhos, as palavras e gestos de carinho que curam qualquer dor – observou.

Celina Christovão (MDB) igualmente destacou o apoio emocional.

– Não é só por causa da alimentação, mas também da atenção e do carinho. Temos que dar muita atenção e importância ao trabalho delas.


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