Neila com sua Bíblia: Palavra de Deus foi fundamental no momento difícil
Um diagnóstico de Covid. Trinta dias em uma UTI. Um recomeço. Neila Timm conta sua história de superação da doença com muita gratidão a Deus e as pessoas que a amam.
Neila Timm tem 57 anos, é empresária em Novo Hamburgo, mas mora em Dois Irmãos e explica: “Eu estava tomando todos os cuidados, mas na empresa às vezes a gente usava máscara e às vezes não usava.” Uma funcionária apresentou sintomas gripais e não foi ao médico prontamente por achar que fosse um resfriado. Pouco tempo depois, todos os funcionários da empresa foram infectados pelo coronavírus, inclusive Neila, que foi prontamente fazer uma consulta no Posto 24h assim que sentiu dor de garganta. Logo o marido dela, Luciano, também ficou com a doença.
Mesmo tendo iniciado o tratamento cedo, uma semana depois ela teve uma piora nos sintomas, depois fez outro tratamento sem melhora. Mais uma semana se passou e ela começou a ter muita tosse e chamou uma ambulância. Neila e o marido foram atendidos e ela estava com um nível baixo de oxigênio no sangue, então teve que ser levada para um leito de hospital. “Eu não sentia que estava com deficiência de oxigênio no sangue, isso é pela saturação que eles conseguem ver. Eu só sentia cansaço, é esse o sintoma, eu não sentia nada como falta de ar”, diz ela.
Situação muito difícil
No hospital da Unimed foram 35 dias de internação e 30 dias de UTI. Neila diz não recordar de muitas coisas por causa da sedação, mas explica que o nível de oxigênio no sangue ficou tão baixo que ela teve que ser entubada e depois fazer traqueostomia.
Ela tinha que fazer tudo no leito e ficou muito tempo de bruços, o que deixou uma cicatriz no rosto. “É muito complicado porque elas não podem ficar te locomovendo para banheiro e essas coisas, então tudo tem que ser no leito. Eu tive que usar fralda, uma coisa que nunca aconteceu. E tu regrides muito, porque tu ficas totalmente dependente”, comenta, antes de acrescentar: “Isso é uma lição, muitas vezes queremos fazer as coisas do jeito da gente e é preciso aprender a deixar os outros nos ajudarem. Precisei de uma pessoa para me sentar na cadeira, deitar na cama, ir ao banheiro, eu não podia nem me limpar. Foi muito difícil”.
As enfermeiras foram gentis e fizeram tranças no cabelo de Neila, para que se sentisse melhor em um momento tão difícil. “Quero agradecer aos profissionais da saúde, porque são uns anjos que cuidam da gente, é incrível o que eles fazem, realmente é um dom de Deus mesmo e eles merecem todo o nosso respeito”, afirma.
Neila foi visitada na UTI pelo filho, que levou a Bíblia dela, e a enfermeira chefe autorizou a entrada com o objeto. Para ela, isso foi um ato muito importante, demostrando que a palavra de Deus, a fé e o amor das pessoas tinham que entrar com ela naquele quarto.
Reaprender a fazer tudo
Depois de 35 dias no hospital, ela teve alta e foi para casa, mas os desafios estavam longe de terminar. Ela teve que reaprender a falar, a caminhar, a comer, a fazer tudo novamente. A cada dia se esforçava para coisas consideradas comuns, como conseguir caminhar até o banheiro sozinha.
Para Neila, o importante também foi não se entregar e se desafiar. “Tem pessoas que se entregam quando elas sentem uma dor ou uma dificuldade. Aí elas travam e ficam só na cama, e a recuperação demora muito mais. Tu precisa ter força e acreditar que vai vencer”, ensina. O apoio dos familiares, amigos, igreja e profissionais da saúde foram outros fatores que ajudaram na recuperação.
Neila teve uma segunda chance, mas nem todos terão a mesma sorte. Por isso, ela ressalta a importância de manter os protocolos de distanciamento e higiene enquanto durar a pandemia. “As pessoas precisam se cuidar muito, realmente não é brincadeira, é avassalador o que o coronavírus faz no nosso organismo. Sou grata pela minha vida, Deus me deu outra oportunidade de viver para falar do amor do Pai”, conclui.
(Por Giordanna Vallejos)
“As pessoas precisam se cuidar muito, realmente não é brincadeira”