Jovens e trabalhadores enfrentam desafios na saúde mental na era da aceleração

12/09/2025
(Foto: Pixcabay)

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A rotina acelerada, a pressão por resultados e o excesso de estímulos digitais têm deixado marcas cada vez mais visíveis na saúde mental de jovens e trabalhadores.

Em Dois Irmãos, professoras e profissionais da saúde relatam que nunca se falou tanto sobre ansiedade, estresse e esgotamento emocional – e que os impactos já aparecem dentro das salas de aula, nas famílias e nos ambientes de trabalho.

A professora de Educação Física Cristina Becker observa que as redes sociais se tornaram um dos principais fatores de adoecimento entre os jovens. “Além de provocar isolamento, distúrbios do sono e crises de estresse, o uso excessivo dessas plataformas gera comparações sociais que resultam em baixa autoestima”, relata. “Muitos estudantes mostram sinais claros de desânimo e falta de foco. Às vezes, o que eles mais precisam é apenas serem ouvidos”, afirma.

Para a professora de Língua Portuguesa e coordenadora pedagógica Márcia Maria Zimmermann Johann, a cobrança em excesso tem mudado o comportamento dos adolescentes em sala de aula. “Vejo o ar de cansaço estampado nos rostos, e isso reflete no desempenho. Eles sentem a pressão de serem protagonistas da própria história, mas não conseguem equilibrar rotina, estudos e vida social”, explica. Márcia destaca que a escola já busca oferecer espaços de acolhimento, mas defende que a saúde mental seja trabalhada de forma mais integrada ao currículo, com formação de professores e maior articulação com famílias e serviços de saúde.

Já a psicóloga do CAPS de Dois Irmãos, Muriel Closs Boeff, confirma que o número de casos de ansiedade e exaustão cresceu de forma acelerada nos últimos anos. Para ela, o excesso de exigências – seja no trabalho, nos estudos ou nas relações pessoais – tem elevado os níveis de estresse e deixado as pessoas mais vulneráveis. “Exigir alto rendimento o tempo todo aumenta a ansiedade e afeta diretamente o humor, a concentração e até a saúde física. O corpo começa a reagir, seja com dores, cansaço ou instabilidade emocional”, explica.

Apesar do cenário preocupante, Muriel acredita que a prevenção é possível, desde que haja abertura para discutir o tema e políticas públicas de incentivo. “Precisamos de espaços confiáveis, onde as pessoas possam falar sobre saúde mental sem estigma. Além disso, é fundamental estimular a prática de exercícios físicos, momentos de pausa e relações sociais saudáveis”, orienta.

Tanto as professoras quanto a psicóloga reforçam a importância de desfazer a ideia de que buscar ajuda é sinal de fraqueza. Pelo contrário: procurar apoio profissional ou aceitar acolhimento da rede de ensino pode ser o primeiro passo para recuperar o equilíbrio.

“Os jovens não precisam abraçar o mundo e ser os melhores em tudo”, lembra Cristina. “É suficiente fazer o melhor possível, preservando a saúde e valorizando as amizades verdadeiras.”


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