Mais importante é não deixar de usar
O primeiro caso de coronavírus do Brasil ocorreu no dia 26 de fevereiro de 2020, no estado de São Paulo. Desde então, se tentou conter o vírus das mais diversas formas, como o fechamento do comércio não essencial, a organização do sistema de saúde, a recomendação de distanciamento social, da lavagem de mãos e uma das características visuais que mais marcaram a pandemia: o uso de máscaras.
As máscaras de pano, que se popularizaram no país entre os grupos fora da área médica, podem ser encontradas nos tipos mais variados de tecidos, modelagens e cores. Existem também as máscaras cirúrgicas e os modelos N95/ PFF2. No dia 23 de março de 2020, devido à escassez de equipamentos de proteção que existia no mundo, o Ministério da Saúde publicou: “O Ministério da Saúde recomenda que máscaras cirúrgicas e N95/PFF2 sejam priorizadas para garantir a manutenção dos serviços de saúde”.
De acordo com Paulo Fernando Strada, médico e diretor técnico da Secretaria da Saúde de Dois Irmãos, esta prática se baseia na justificativa de que é melhor o uso de alguma barreira do que nenhuma e que somente assim conseguiríamos atingir 100% da população. “Com isto, várias máscaras que eram usadas para outras finalidades passaram a ser usadas supostamente para a proteção contra a Covid-19 com a sensação de falsa proteção. Como por exemplo, os protetores faciais de acrílico que protegem apenas os olhos de gotículas; as máscaras com válvulas exalatórias que protegem quem usa e não os outros; as máscaras de tricô ou crochê que, por terem orifícios grandes, não fazem filtragem; e as máscaras decoradas que dificultam sua higienização”, explica.
O médico comenta que na atualidade aumentou a demanda de máscaras de uso profissional, mas que a oferta também foi ampliada, não gerando uma grande escassez, mas sim um aumento de preços dos equipamentos de proteção individual (EPIs). “Por isso, a melhor máscara para usar é a que a pessoa tiver acesso”. Ou seja, qualquer máscara é melhor do que nenhuma, mas em termos de eficácia, nada ainda supera a proteção de uma máscara do modelo conhecido no exterior como N95 ou como PFF2 no Brasil e as máscaras cirúrgicas.
Mas afinal, qual a diferença entre a PFF2 e as máscaras de pano?
Dr. Paulo Strada – As máscaras N95/ PFF2 e as máscaras cirúrgicas são dispositivos que, por sua composição, construção, vedação e forma de fixação, são capazes de filtrar de maneira eficaz partículas do vírus suspensas no ar que se espalham quando o doente tosse ou espirra. É preciso salientar que o tempo de uso de cada tipo de máscara, a manipulação adequada, bem como a guarda e o descarte das mesmas devem ser feitos de maneira adequada para que seja mantida a eficiência. Tais máscaras são testadas por métodos confiáveis, recebendo certificação que garante o adequado poder de filtragem.
As máscaras de pano ou máscaras artesanais feitas em tecido comum ou TNT não possuem qualquer controle de qualidade em qualquer de suas características tanto de materiais como de construção, não tendo assim nenhuma garantia de eficiência quanto ao fim que se destinam, que é a retenção de partículas virais. Também não temos uma padronização na adequada higienização e desinfecção das mesmas, sendo que elas não são descartáveis.