Fonte: O Globo / Foto: Freepik
A alimentação fornece o combustível para a vida, através dela, nutrientes necessários para a sobrevivência são absorvidos pelo organismo. Contudo, mais da metade da população mundial sofre de carência de diversos micronutrientes essenciais à saúde.
O novo estudo que mostrou evidências para tal cenário foi publicado na revista científica The Lancet Global Health. Nele, os pesquisadores indicam que enquanto 5 bilhões de pessoas não ingerem iodo, vitamina E ou cálcio em quantidades suficientes, 4 bilhões tem deficiência de ferro, riboflavina, folato e vitamina C.
“Nosso estudo é um grande passo à frente. Não apenas porque é o primeiro a estimar ingestões inadequadas de micronutrientes para 34 grupos de idade e sexo em quase todos os países, mas também porque torna esses métodos e resultados facilmente acessíveis a pesquisadores e profissionais”, afirma o coautor principal da pesquisa Chris Free, professor pesquisador da UC Santa Barbara (UCSB), nos Estados Unidos, em um comunicado.
Os dados utilizados foram recolhidos do Global Dietary Database, do Banco Mundial e pesquisas de recordação alimentar. A partir disso, a equipe conseguiu analisar a base alimentar de 185 países. Eles estudaram a ingestão total de 15 vitaminas: cálcio, iodo, ferro, riboflavina (B12), folato (B9), zinco, magnésio, selênio, tiamina (B1), niacina (B3) e vitaminas A, B6, B12, C e E.
A pesquisa mostrou diferenças nas deficiências entre os gêneros. As populações foram divididas em homens e mulheres pertencentes a 17 grupos etários: 0 a 80 anos, em períodos de cinco anos, bem como um grupo com mais de 80 anos.
Quando comparadas a homens, as mulheres tem uma ingestão inadequada de iodo, vitamina B12, ferro e selênio. Já os homens, consomem menos cálcio, niacina, tiamina, zinco, magnésio e vitaminas A, C e B6 em comparação com as mulheres.
Outro ponto levantado pelo estudo foram os resultados discrepantes dependendo da região do planeta. Na Índia, o consumo de riboflavina, folato, vitamina B6 e vitamina B12 era muito baixo. Enquanto a falta de cálcio era um problema notável em países do sul e leste da Ásia, da Ásia Central, da África subsaariana, da América do Norte e Europa.
Segundo a equipe envolvida, anteriormente outras pesquisas fizeram avaliações sobre a ingestão de nutrientes pela população, contudo, não foi realizada uma estimativa sobre os valores dessa carência de nutrientes como no presente estudo.
As deficiências de micronutrientes são uma das formas mais comuns de desnutrição a nível mundial, e cada uma acarreta as suas próprias consequências para a saúde, que variam desde resultados adversos na gravidez, à cegueira e ao aumento da suscetibilidade a doenças infecciosas.
“Esses resultados são alarmantes. A maioria das pessoas – até mais do que se pensava anteriormente, em todas as regiões e países de todas as rendas – não está consumindo o suficiente de vários micronutrientes essenciais. Essas lacunas comprometem os resultados de saúde e limitam o potencial humano em escala global”, aponta o coautor Ty Beal, especialista técnico sênior da Aliança Global para Melhor Nutrição (GAIN).
Os pesquisadores reconhecem as limitações do estudo devido a falta de dados disponíveis em relação a alimentação individual de todas as partes do mundo.
Alimentos ricos em vitaminas e minerais
Pesquisadores da Universidade Harvard listaram os melhores alimentos para consumir vitaminas e minerais essenciais para o bom funcionamento do organismo humano. São eles:
Vitaminas
B1 (tiamina): melancia, abóbora
B2 (riboflavina): leite, iogurte, queijo, grãos e cereais integrais e enriquecidos
B3 (niacina): carne, aves, peixe, grãos fortificados e integrais, cogumelos, batatas
B6: carne, peixe, aves, legumes, tofu e outros produtos de soja, bananas
B9: grãos e cereais fortificados, aspargos, espinafre, brócolis, leguminosas (ervilha e grão de bico), suco de laranja
B12: carne, aves, peixe, leite, queijo, leite de soja fortificado e cereais
Vitamina C: frutas cítricas (laranja, limão, kiwi), batatas, brócolis, pimentão, espinafre, morango, tomate, couve de Bruxelas
Vitamina E: óleos vegetais, vegetais de folhas verdes, grãos integrais, nozes
Minerais
Cálcio: iogurte, queijo, leite, salmão, vegetais de folhas verdes
Iodo: sal iodado, frutos do mar
Ferro: carne vermelha, aves, ovos, frutas, vegetais verdes, pão fortificado
Magnésio: espinafre, brócolis, legumes, sementes, pão integral
Selênio: vísceras (fígado, coração, intestino de animais), frutos do mar, nozes
Zinco: carne, marisco, legumes, grãos integrais