Percentual é maior que a média nacional e cinco vezes superior ao recomendado pela OMS
Segundo dados referentes ao ano de 2021 do Hospital São José, o município de Dois Irmãos teve um total de 201 partos, sendo que destes 65 foram normais e 136 foram cesarianas. Esse índice de 68% dos partos por cesárea é um dado preocupante, pois a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda uma taxa de cesárias entre 10% e 15%.
O Brasil é o segundo país com maior número de cesáreas, com uma porcentagem de 55% dos nascimentos totais. A situação se torna uma questão de saúde pública, pois a cirurgia pode levar a riscos tanto para o bebê quanto para a mãe, e deve ser feita apenas em casos nos quais o parto normal não é viável. Além disso, os custos mais elevados da intervenção cirúrgica são um adicional significativo nos gastos do sistema de saúde, que muitas vezes se encontra sobrecarregado.
De acordo com a OMS, nos últimos anos governos e profissionais de saúde têm manifestado crescente preocupação com o aumento no número de partos cesáreos e suas possíveis consequências negativas sobre a saúde materna e infantil.
Baseada nos dados atualmente disponíveis, a OMS informa que:
1. A cesárea é uma intervenção efetiva para salvar a vida de mães e bebês, porém apenas quando indicada por motivos médicos. Os esforços devem se concentrar em garantir que cesáreas sejam feitas nos casos em que são necessárias, em vez de buscar atingir uma taxa específica de cesáreas.
2. Ao nível populacional, taxas de cesárea maiores que 10% não estão associadas com redução de mortalidade materna e neonatal.
3. A cesárea pode causar complicações significativas e às vezes permanentes, assim como sequelas ou morte, especialmente em locais sem infraestrutura e/ou a capacidade de realizar cirurgias de forma segura e de tratar complicações pós-operatórias. Idealmente, uma cesárea deveria ser realizada apenas quando ela for necessária, do ponto de vista médico.
(Por Giordanna Benkenstein Vallejos)