Por Giordanna Benkenstein Vallejos

A pandemia de Covid-19 gerou diversas mudanças sociais, entre elas a necessidade de testes constantes para identificar e isolar quem está com a doença ativa, sendo um dos fatores determinantes no combate a disseminação da doença. O JDI entrevistou os responsáveis pelos laboratórios Alfanálises (Rafaela Goldoni, Biomédica) e Diagnostica (Diogo Moeller Farias, Farmacêutico Bioquímico), para trazer informações relevantes sobre a testagem para Covid-19 em Dois Irmãos.

Sintomas semelhantes aos da gripe

Quando questionados sobre os sintomas que as pessoas apresentam no momento da coleta do exame em Dois Irmãos, os principais relatados pelos pacientes positivos foram: tosse seca, febre, dor no corpo ou nas costas, cansaço, coriza e enxaqueca. Os sintomas secundários foram: diarreia, dor de estômago, dor de garganta e perda de olfato e/ou paladar. Além disso, o índice de positividade para Covid-19 nos testes dos dois laboratórios é de 30% a 45% do total de testes realizados.

A coleta dos exames para pacientes com suspeita de Covid-19 é realizada no veículo (drive-thru) ou domiciliar, e ambos os laboratórios oferecem orientações para definir, dentre os exames disponíveis, o ideal para cada caso.

O estabelecimento escolhido, a metodologia e a marca do kit impactam no resultado

É importante saber as diferenças entre os exames e suas metodologias, pois cada uma possui sensibilidade e especificidade diferentes. Isso quer dizer que, a depender da metodologia, da marca do kit e do controle de qualidade do estabelecimento, temos exames com maior ou menor chance de resultados falso-positivos (quando a pessoa não está doente, mas o exame aponta positivo) ou falsos-negativos (quando a pessoa está doente, mas o exame aponta negativo).

– Hoje, no laboratório Diagnostica, nós temos tipos diferentes de testes. Temos dois que são usados quando a pessoa tem sintomas. Um testa a sorologia, que é relacionada com anticorpos; o outro é um teste genético PCR, considerado o padrão ouro para se diagnosticar pacientes com Covid-19. Depois temos exames de sorologia IGG e IGM, que se faz após 10 a 14 dias do contato com o coronavírus – explica Diego Moeller Farias, bioquímico responsável pelo Diagnostica.

A biomédica diretora do Alfanálises, Rafaela Goldoni, explica também sobre a diferença entre os exames realizados em outros estabelecimentos que não laboratórios.

– O laboratório possui mecanismos mais rigorosos de avaliação da qualidade do que uma farmácia, por exemplo, que não foi idealizada para fazer exames. Então, a realização dos exames em laboratório garante maior controle de qualidade, interpretação dos resultados por profissionais especializados, assim como a observação de rigorosos procedimentos de limpeza e desinfecção das áreas de coleta e de circulação de pessoas sintomáticas. Não é nenhuma discriminação com outros estabelecimentos, mas orientamos que observem estas questões para uma escolha mais consciente, que considere a qualidade do serviço prestado, porque é um resultado que muda muita coisa – esclarece ela.

Qual é a orientação quando a pessoa apresenta sintomas de Covid-19, que são semelhantes aos da gripe?

Rafaela Goldoni – No Rio Grande do Sul, como é um Estado que faz mais frio, temos a cultura de dizer que é só uma gripe ou de que é rinite, e muitas vezes não é só gripe, não é só rinite, é Covid-19. A orientação é clara: se tivermos sintomas gripais, é necessário nos afastarmos das atividades presenciais e realizarmos o isolamento social. No contexto de pandemia, não interessa se fomos expostos à chuva ou o que coincidiu com o fato, o desfecho é o mesmo, isolamento até ter a certeza de que não é Covid-19. Idealmente, é preciso coletar o exame entre o 3º e o 7º dia do início dos sintomas para diagnóstico de doença ativa. Vale lembrar que nos casos em que o resultado é negativo para Covid-19 e ainda assim permanecem os sintomas clínicos, é necessário manter em isolamento por 10 dias contados a partir do início dos sintomas, devido à possibilidade de ser um falso-negativo. Estes cuidados é que fazem a diferença na hora de disseminar ou não a doença para outras pessoas.