
Obra é de João Biehl e sai pela Editora Oikos
Em 2024, celebramos o bicentenário da imigração alemã e os 150 anos do massacre Mucker (no Ferrabraz, em Sapiranga). O livro Jammerthal, o Vale da Lamentação, lança luz sobre aspectos nunca antes explorados da Guerra Mucker, a primeira revolta messiânica do Brasil moderno, ocorrida na região de colonização alemã em 1874 e basicamente apagada da memória nacional.
No livro, João Biehl, nascido em Picada Café, criado falando o dialeto Hunsrückisch e atualmente professor da Universidade de Princeton, nos Estados Unidos, articula um entrelaçamento sociopoético entre sua história pessoal, pesquisas antropológicas e históricas inéditas e os vestígios de um embate que ainda hoje está presente no imaginário coletivo da região.
A obra recupera a tradição dos oprimidos Mucker e explora quem de fato desejou a guerra e se beneficiou dela. Ao procurar pela presença dos lendários Mucker nos arquivos do poder em São Leopoldo, Porto Alegre, Rio de Janeiro e Berlim, o autor ilumina o papel das classes dominantes que, por meio da imprensa, da religião oficial e da lei, orquestraram a desumanização de colonos autônomos e criminalizaram sua religiosidade e sua forma de cuidado alternativas.
Segundo o autor, o conflito foi expressão não apenas da racialização e da política de morte das elites de um emergente germanismo local, mas também de uma insurgência anticolonial dos mais pobres. A Guerra Mucker continua ressoando entre nós porque a impunidade persiste e a justiça deve ser feita àqueles que tiveram sua dignidade, seus direitos e sabedorias ceifados.
Criado em colaboração com o fotógrafo Torben Eskerod, Jammerthal é um documentário visual que retrata como uma maneira Mucker de conceber o corpo, a morte e o mundo – aberto ao espírito da natureza – que sobrevive ao tempo, apesar de tudo, na paisagem sulina.
“Nesta obra, eventos de 150 anos atrás são repassados sob o ângulo da consciência aguda de nosso tempo, num sugestivo mosaico de imagens, intuições, desejos, momentos sublimes e eventos de barbárie, numa prosa única, que alia pesquisa histórica e poesia num relato comovente.” (Luís Augusto Fischer, escritor e professor titular de Literatura Brasileira na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, texto de contracapa)
“É um livraço... O texto é resultado de uma jornada de 30 anos, que entrelaça a trajetória pessoal do autor a pesquisas inéditas... A Guerra Mucker, de certa forma, é o retrato da intolerência e da não aceitação do diferente. Os colonos foram vistos como bestas selvagens que poderiam ser mortas com impunidade, reflete Biehl. Em tempos sombrios, a discussão é atual e necessária.” (Juliana Bublitz, jornalista, Zero Hora)
LANÇAMENTOS
Sapiranga: 03 de abril de 2025, às 19h, no Centro Municipal de Cultura.
São Leopoldo: 05 de abril de 2025, às 15h, no Museu Histórico Visconde de São Leopoldo.
Após a apresentação de João Biehl haverá uma sessão de autógrafos.
O evento em Sapiranga conta também com uma exposição de fotografias do artista dinamarquês Torben Eskerod, tiradas no Jammerthal e nas colônias vizinhas e que estão incorporadas no livro.
Editora Oikos:
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Biografias
João Biehl é nascido em Picada Café, é Professor Titular da cátedra Susan Dod Brown e chefe do Departamento de Antropologia da Universidade de Princeton (EUA), onde também é Diretor do Brazil LAB. Biehl é autor, entre outros, dos premiados Vita: Life in a Zone of Social Abandonment (University of California Press) e Will to Live: AIDS Therapies and the Politics of Survival (Princeton University Press). Recentemente publicou Escritos Perdidos: Vida e obra de um imigrante insurgente, em coautoria com Miquéias H. Mügge.
Torben Eskerod é um fotógrafo dinamarquês renomado internacionalmente. Seu trabalho foi exposto na National Portrait Gallery, Scottish National Portrait Gallery, Andy Warhol Museum, Blue Sky Gallery, entre outros. Recentemente, Eskerod teve uma aclamada retrospectiva do seu trabalho no centro cultural Fotografie Forum Frankfurt.