Cientistas criam máscara que detecta covid-19 em 90 minutos

30/06/2021
Fonte: Estadão Conteúdo

Fonte: Estadão Conteúdo

Uma máscara facial criada por engenheiros da Universidade de Harvard e do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), ambas dos Estados Unidos, detecta se o usuário está contaminado pelo coronavírus em cerca de 90 minutos. O teste de alta precisão e baixo custo pode ser adaptado para indicar variantes ou outros patógenos, como bactérias e toxinas, conforme os pesquisadores.

Para realizar a testagem, o usuário deve primeiro utilizar a máscara por um tempo médio de 15 a 30 minutos. Após esse período, pressiona um botão no exterior do equipamento e, em cerca de uma hora e meia, os resultados aparecem na face interna da máscara. A interpretação é semelhante à leitura de um teste de gravidez: uma primeira linha de controle e uma segunda que, caso preenchida, indica contaminação.

Um artigo publicado na revista Nature Biotechnology, nesta segunda-feira (28), fornece mais detalhes sobre a invenção. A parte interna da máscara de papel é revestida por biossensores capazes de detectar partículas virais por meio do hálito e da respiração. Inicialmente, esses biossensores estão liofilizados, ou seja, desidratados por uma técnica que conserva o material estável por um longo período de tempo — o método consiste em congelar a vácuo e depois retirar a água congelada por sublimação, do estado sólido direto para o vapor. Quando o usuário aperta o botão para realizar o teste, uma pequena quantidade de água é liberada, hidratando e reativando o material, que torna-se capaz de detectar a presença do Sars-Cov-2.

Os engenheiros responsáveis afirmam que a tecnologia tem sensibilidade comparável aos testes PCR padrão-ouro (moleculares), mas com a vantagem do tempo — exames PCR demoram para ter os resultados divulgados. Outro atrativo está relacionado ao baixo custo para a produção do dispositivo. Sem levar em conta a embalagem, foram necessários US$ 5 para produção do protótipo, o equivalente a cerca de R$ 25.

 

Teste pode ser adaptado

Segundo o artigo, o teste pode ser adaptado para identificar outros patógenos, como o vírus da gripe, e até diferenciar variantes da própria covid-19. Além disso, o engenheiro Luis Soenksen, pesquisador da Clínica Abdul Latif Jameel do MIT, afirma que a tecnologia oferece múltiplas possibilidades de formato. Segundo o cientista, ela pode ser incorporada, por exemplo, a trajes militares com objetivo de detectar agentes químicos nocivos ou a jalecos de laboratório para alertar sobre a presença de superbactérias.

A equipe já entrou com pedido de patente e procura parceiros comerciais para produção em larga escala. Ainda que não seja uma realidade até o final da pandemia atual, os pesquisadores acreditam que a invenção pode impedir o desenvolvimento de outras crises sanitárias no futuro.

— Ao levar o laboratório até as pessoas, você pode obter uma resolução muito maior de quão rapidamente elas estão sendo infectadas — opina Nguyen.

A pesquisa foi financiada pelo setor de inovação da Johnson & Johnson, o Grupo de Fronteiras Paul G. Allen e a Agência de Redução de Ameaças de Defesa, do governo americano, além de fundações ligadas às instituições participantes.

 

Pesquisa com biossensores começou em 2014

Combinar biossensores com peças de roupas não é uma ideia nova. O projeto inicial que resultou na máscara utiliza descobertas feitas seis anos antes do início da pandemia do coronavírus.

Em meados de 2014, o pesquisador James Collins, professor de engenharia médica e ciência do MIT, demonstrou que era possível extrair, liofilizar e incorporar ao papel mecanismos utilizados pelas células para detectar moléculas de RNA derivadas de patógenos, e junto a eles aliar uma proteína capaz de indicar a detecção, seja mudando de cor ou ficando fluorescente. Em um primeiro momento, essa abordagem foi utilizada para diagnosticar os vírus ebola e zika. A pesquisa avançou em 2017 com a criação do método de sensores Sherlock, que utiliza enzimas para detectar ácidos nucleicos, sejam eles RNA ou DNA. Quando liofilizados e ativados pela água, esses sensores interagem com as moléculas-alvo e produzem um sinal, como uma mudança de cor.

Mais recentemente, junto com Nguyen e Soenksen, Collins começou a testar a incorporação dos sensores em peças têxteis. O objetivo era criar jalecos para profissionais de saúde ou outras pessoas com potencial exposição a patógenos. A fase final do estudo coincidiu com a proliferação da covid-19, no início de 2020. Com isso, os pesquisadores decidiram adaptar a descoberta e usar a tecnologia para criar a máscara de diagnóstico.


› Compartilhe

  • JDI digital
  • doação de sangue

COLUNAS

Como é que o AZARÃO venceu?

Como é que o AZARÃO venceu?

Alan Caldas   06/11/2024

DIA DA INOCÊNCIA

DIA DA INOCÊNCIA

Opinião   11/10/2024

FOTOS DO DIA

Guardião ou presença indesejada? Urubus chamam atenção no alto dos prédios (Foto: Octacílio Freitas Dias)

O Jornal Dois Irmãos foi fundado em 1983. Sua missão é interligar as pessoas da cidade, levando-lhes informações verdadeiras sobre todos os setores da sociedade local, regional, estadual e nacional.

SAIBA MAIS

SIGA-NOS!

ÚLTIMAS NOTÍCIAS

Jornal Dois Irmãos © 2024, Todos os direitos reservados Agência Vela