Fonte: GZH
Ao menos 100 municípios gaúchos já registraram casos autóctones de dengue em 2022. Isso significa que duas a cada dez cidades já tiveram transmissão local através do mosquito Aedes aegypti. Os dados são do boletim epidemiológico do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (CEVS-RS) referentes à semana dos dias 20 a 26, e divulgado na sexta-feira (1º).
Os números representam um recorde na série histórica, iniciada em 2000. Embora, segundo a especialista em saúde responsável pelo programa das arboviroses do Rio Grande do Sul enfermeira Cátia Favreto, análises mais detalhadas só passaram a ser feitas a partir de 2015, quando não havia registros oficiais de um número tão alto de municípios com casos confirmados da doença. Do total de casos autóctones, 68% se concentram em Porto Alegre e outras cinco cidades: Igrejinha, no Vale do Paranhana, Dois Irmãos, no Vale do Sinos, Arroio do Meio e Lajeado, no Vale do Taquari, e Rodeio Bonito, na região Norte.
Segundo a enfermeira, o avanço da doença segue uma tendência de aumento no Brasil. Entretanto, ela aponta alguns fatores específicos que justificam o fenômeno em solo gaúcho. Um exemplo é o período sem chuvas que obrigou um maior número de pessoas a armazenar água. O uso equivocado do armazenamento, como manter reservatórios abertos, pode atrair a presença do mosquito. Além disso, o período da pandemia possivelmente estimulou a população a deixar de lado as prevenções para outras viroses.
— Acredito que as pessoas pensaram muito em como evitar a covid-19 e deixaram de se preocupar com outras práticas de limpeza e proteção que atraem o Aedes aegypti. É um aumento que vemos percebendo desde 2020, e ainda não sabemos se já chegamos ao pico ou se pode haver um novo aumento nos próximos meses — explica.
Outro dado que preocupa as autoridades é em relação a quantidade de municípios com infestação do Aedes aegypti. São 435, o que representa 87% de todo o Estado. Isso não quer dizer, contudo, que todos os locais apresentam casos notificados, mas sim, que já foi identificado algum sinal da presença do transmissor.
— Serve como alerta à comunidade pois, mesmo que ninguém tenha contraído a doença na cidade, com a presença do mosquito as chances de isso acontecer aumentam — complementa Cátia.
Atualmente, o Rio Grande do Sul já registrou 3.297 notificações em 2022. Apenas na semana passada foram 1.582. No último dia 25, a Secretaria Estadual da Saúde (SES) publicou um alerta epidemiológico a todas as prefeituras em razão do agravamento da dengue. Desde então, equipes do governo estadual estão atuando, junto às secretarias municipais, para intensificar os mutirões de limpeza com o objetivo reduzir os criadouros dos responsáveis por disseminar o vírus.