Fonte: G1
Em 2020, só deu ela. Marília Mendonça parece ter dito tudo o que os brasileiros quiseram ouvir no isolamento causado pelo coronavírus. Resultado: a rainha da sofrência também reinou absoluta nas paradas musicais de 2020.
Marília lidera as listas de artistas mais ouvidos de 2020 no Spotify e no Deezer, duas das principais plataformas de streaming do país. Ela também tem o clipe mais visto do ano pelos brasileiros no YouTube e a live mais assistida do mundo na plataforma, à frente de nomes como o fenômeno sul-coreano BTS e do tenor italiano Andrea Bocelli. Mas o que explica todo esse sucesso, num ano tão difícil para os artistas?
‘Sofrência’ na quarentena
Além da qualidade musical de Marília - uma máquina de hits, desde antes de se lançar como cantora, em 2014 -, outros fatores podem ajudar a explicar esse fenômeno. O primeiro deles: a adaptação do sertanejo a um ano que desafiou a indústria musical. O gênero sobressaiu nos rankings do Spotify, Deezer e YouTube, cedendo espaço a alguns poucos nomes do forró e do pop. Em um ano nada festivo, o funk, gênero que chegou a disputar com o sertanejo o topo das paradas em anos anteriores, perdeu lugares em algumas dessas listas. Na lista de artistas mais ouvidos do Spotify, por exemplo, não há nenhum funkeiro.
Nas lives, astros do sertanejo foram responsáveis por dar o ar de superprodução que o formato ganhou no Brasil. Os shows on-line do isolamento começaram com apresentações caseiras de popstars globais, como Chris Martin, John Legend e Elton John. Alguns artistas brasileiros foram criticados por reunirem um número considerado alto de músicos e técnicos em suas lives, em meio à pandemia. Mesmo assim, a sofisticação ajudou a alavancar a audiência das transmissões do sertanejo. Não à toa, oito das 10 lives mais vistas do YouTube no mundo são brasileiras. Dessas oito, sete são de sertanejo, sendo duas de Marília, que além da liderança, ocupa também a oitava posição.
Ano intenso
2020 foi um ano intenso pra Marília Mendonça. A cantora está vivendo a experiência de ser mãe pela primeira vez, após o nascimento de Leo, no fim do ano passado. Em dezembro, ela anunciou uma pausa na carreira. mas, mesmo durante a licença-maternidade, não parou de lançar música. “Graveto”, que teve o clipe mais assistido do ano, saiu durante esse período e logo virou sucesso.
Em março, sua volta aos palcos teve shows lotados. Logo veio a pandemia, mas Marília não deixou de ser notícia. Em julho, ela anunciou o término da relação com o também músico Murilo Huff, o que gerou expectativas sobre um novo disco da cantora. Marília tem dado pistas sobre o novo trabalho. Segundo ela, “vêm aí as mais tristes da carreira”. Por tudo isso, durante todo o ano, a cantora esteve em evidência, seja pela música ou por episódios da vida pessoal. O que pode também ter ajudado a levá-la ao topo em 2020.
Crise de ansiedade
Outro ponto que sempre contribuiu para a carreira de Marília é a relação próxima e transparente com os fãs. A eles, ela não esconde que, como muita gente, teve a saúde mental abalada pelo ano de pandemia. Na última quarta-feira (2), a cantora publicou um desabafo nas redes sociais, relatando uma crise de ansiedade que sofreu por se sentir “paralisada na vida, de mãos atadas”. “Julguei meu processo criativo, me perguntei o que fiz esse ano, me senti abandonada, esquecida, como se tudo que tivesse feito fosse substituível”, escreveu.
Marília contou que seu humor mudou quando se deparou com as notícias sobre o sucesso de seu repertório em 2020. “Eu me calei pra entender que, quando é feito com amor, não é substituível, e que isso é perceptível ao público”. E continuou: “Disse pra mim mesma, com muito carinho: ‘Não tá sendo fácil pra ninguém, pequena. Você não tá atrasada, o mundo atrasou, respira. Quando tudo voltar, as pessoas que te amam vão estar lá’”.