Bióloga Ivana analisa desenvolvimento da coleta seletiva em Dois Irmãos

14/06/2021
“É possível ter uma boa destinação dos resíduos em qualquer município quando se tem as duas coisas: vontade política e educação ambiental”

“É possível ter uma boa destinação dos resíduos em qualquer município quando se tem as duas coisas: vontade política e educação ambiental”

Em entrevista ao Jornal Dois Irmãos, a professora e servidora pública da Secretaria de Educação, Ivana Soligo Collet, conta sobre a sua longa relação com a Usina de Reciclagem ao longo dos anos.

Ivana começou a trabalhar na prefeitura em 1994, como estagiária quando estudava Biologia. Foi nesse mesmo ano que foi implantada a coleta seletiva, no dia 29 de outubro de 1994. Nesses 27 anos de coleta seletiva, ela teve um papel fundamental principalmente na educação ambiental e na aproximação entre a cooperativa com a prefeitura e comunidade.

 

Qual o diferencial da Cooperativa dos Recicladores de Dois Irmãos?

Ivana – Dois Irmãos tem um diferencial de atender 100% da população com coleta seletiva e com caminhões específicos para o resíduo seco e para o orgânico. Tem alguns municípios que atingem apenas um percentual da população, e a gente atinge toda a população. A vontade da administração em destinar recursos para isso também é um fator importante, porque coleta seletiva é cara, não existe fazer coleta seletiva sem investimento, então tem que separar um dinheiro no orçamento para isso. Tem que ter caminhões bons, uma equipe formada, um mapa onde mostra o roteiro dos caminhões por bairro, todo um estudo técnico de anos. É preciso ter a vontade política de fazer, e a educação ambiental. As administrações municipais são passageiras, mas se a comunidade está educada e ela entende a importância do projeto; é difícil algum prefeito tirar esse projeto da comunidade, por isso a educação é fundamental.

 

Qual a sua opinião sobre as pessoas que pegam o resíduo nas ruas da cidade?

Ivana – Temos esse trabalho de evitar que outras pessoas passem na via pública recolhendo o lixo antes do caminhão, mas isso sempre existiu. Tentamos coibir um pouco isso por uma questão legal, o resíduo uma vez que ele está em uma via pública ele não é público, ele é da prefeitura. A prefeitura tem a responsabilidade legal de destinar todo o resíduo que chega até a via pública. Não temos como saber onde aquela pessoa que está recolhendo vai levar esse resíduo. Muitos já separam na própria lixeira, outros pegam o saco com tudo e levam para algum lugar para separar, deixando o que “não presta” em qualquer lugar, como por exemplo na beira de um rio. Me preocupo muito com essas pessoas que estão fazendo isso na rua, porque elas não tem luvas, não tem um EPI adequado, elas podem estar se cortando, às vezes com uma agulha que tenha no resíduo. Existe a questão social de que a pessoa é vulnerável e ela precisa sobreviver, eu entendo isso, mas para isso existe a nossa cooperativa, é melhor tentar entrar na cooperativa e se associar ou tentar conseguir um trabalho formal.

 

Qual é o maior desafio que enfrentam em relação ao resíduo na cidade?

Ivana – É um desafio para nós manter os índices de separação. Implantar um projeto é muito fácil, qualquer município faz. Mas dar sequência nele é muito difícil. De 1994 até 1997 nós tínhamos um índice de separação de 90%, ou seja, de cada 10 pessoas, quase 9 separavam o lixo em casa. De lá para cá a gente se mantém com um índice de 70%. Existe um fluxo migratório muito grande, Dois Irmãos virou quase uma cidade dormitório. É muito difícil a gente estar atingindo essas famílias através da educação. O nosso maior vínculo é com as escolas, mas nem todas as famílias têm filhos estudando nas escolas. Um dos períodos que tem menos separação é nas férias escolares. No dia a dia, os alunos estão puxando a orelha dos pais em casa, isso comprova a importância da educação nas escolas.

 

Como foi feito o processo de educação ambiental nas escolas?

Ivana – Temos formação continuada para os professores, pois muitos professores são de outros municípios. Além disso, existe o Seleco e a Seleca, que são os mascotes da coleta seletiva. Usamos muito eles em eventos para chamar atenção para a coleta de resíduos. Depois a gente criou o Selequinho e a Selequinha, que são os bebês para o público das escolas de educação infantil. A ideia é desde pequenas as crianças já criarem um vínculo com o Seleco e a Seleca. Eles são personagens que ajudam as pessoas a separar os resíduos em casa. Criamos gibis, histórias em quadrinhos, falando da importância da separação. 

 

Reportagem de Giordanna Benkenstein Vallejos


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