(Foto: Arquivo JDI)
“Tinha medo desse dia chegar”, contou o 2º Sargento Claudinei Silva Severo, de 51 anos, ao anunciar a sua aposentadoria da Brigada Militar. O último dia de serviço foi em 17 de junho, mas a despedida do quartel foi na sexta-feira, 12 de julho, marcada pela entrega da farda honrada ao longo de quase 30 anos. Ao entrar pela última vez no quartel como parte do efetivo, um sentimento estranho: “Não acredito que chegou o dia”, disse ele, lembrando dos abraços que marcaram a sua saída.
Natural de Cruz Alta, o militar se mudou ainda pequeno para Canoas, depois para Guaíba. Vindo de uma família humilde, começou a trabalhar aos 13 anos de idade, em uma marcenaria. Depois de quase cinco anos, com o apoio dos pais, foi em busca de uma vida melhor. Serviu o Exército durante pouco mais de um ano e então entrou para a Brigada Militar. “Quando estava no curso (em Sapiranga), vínhamos para Dois Irmãos ajudar na construção do quartel”, lembrou o militar, conhecido popularmente como Pantera.
Querido pela comunidade, o Sargento sempre atuou em Dois Irmãos. Chegou aqui em 1991 e trabalhou na cidade exatos 28 anos e 2 meses. Somado ao período dedicado ao Exército, foram 11 mil 627 dias garantindo a segurança das pessoas. Poderia ter deixado a BM já em 2013, quando fechou o tempo para a aposentadoria, mas seguiu exercendo a função em razão do Abono de Incentivo à Permanência no Serviço Ativo (Aipsa), proporcionado para policiais que, mesmo com o direito à aposentadoria, querem permanecer na corporação.
Com a sensação de dever cumprido, ele se despede do efetivo para se dedicar à família. “Vou sentir muita saudade. Esses guris (colegas de farda) são como filhos para mim”, contou ele, elogiando e agradecendo aos que, ao lado dele, zelaram pelos moradores do município ao longo de todos estes anos. “Também agradeço, de maneira muito especial, a comunidade de Dois Irmãos”, disse Pantera, que deixa um sucessor, o filho mais velho Kelvin Silva Severo, de 25 anos, que neste mês se forma soldado. “Fico muito feliz por ele”, comentou. “É o sonho dele desde criança. O pai sempre foi o orgulho dele”, contou a esposa e mãe, Patrícia Silva Severo, de 41 anos. Depois de compartilhar a sua experiência e valores com os mais jovens, agora Pantera quer aproveitar os momentos ao lado da família. “Agora é hora de curtir minha esposa, meus filhos, meus netos”, completou, agradecendo pela vida. “Alguns não chegam até o fim”, disse ele, lamentando pelos colegas de farda que morreram durante o cumprimento do dever.
OCORRÊNCIAS
Ao longo de quase três décadas, o Sargento Claudinei atuou em diversas ocorrências graves. De 2003 até 2008, trabalhou exclusivamente no Policiamento Comunitário do bairro Travessão. Alguns dos casos marcaram a carreira do militar, entre eles, o assalto a uma joalheria do Centro da cidade, em julho de 2014, que terminou com três homens presos após confronto armado; e outro assalto, em outubro de 2014, a uma oficina do Travessão. A ação foi cometida por três bandidos; um deles acabou morto durante a troca de tiros com a polícia.