Fonte: Assessoria de imprensa
Durou mais de três horas a reunião de prefeitos, vice-prefeitos e secretários de saúde da região da Associação dos Municípios do Vale do Rio dos Sinos – Amvars, com a secretária estadual da Saúde, Arita Bergmann, na sede do órgão em Porto Alegre, nesta quinta-feira (26).
A comitiva regional teve representação de todas as 13 cidades que integram a Amvars e levou ao Estado uma série de demandas que têm dificultado a prestação de atendimento às comunidades devido à longa fila de espera que, em determinadas especialidades, chegam a somar mais de 10 mil casos. Traumatologia/ortopedia; oftalmologia e pronto atendimento foram as principais áreas debatidas, junto com a oncologia que pela primeira vez foi tema de elogios à secretaria. O presidente da Amvars, Jerri Meneghetti (prefeito de Dois Irmãos), conduziu a pauta com a secretária Arita, que convidou para o encontro o prefeito de Canoas, Nedy de Vargas Marques, tendo em vista ser este município gestor da referência para diversos atendimentos à região, em especial traumatologia e ortopedia.
TRAUMATOLOGIA/ORTOPEDIA
Prefeitos classificaram essa área como a “mais complexa em problemas”. Segundo contaram, a situação se “arrasta” há anos tendo em vista a demora e fila de espera para atendimento. Foram citados casos de pacientes cujas fraturas chegaram a calcificar na fila de espera. Sapiranga, por exemplo, informou que possui 640 pacientes aguardando atendimento de alta complexidade na área.
De sua parte, o prefeito de Canoas também lamentou ser o Hospital Universitário (HU) referência para 156 cidades gaúchas, o que classificou como ‘ilógico, humana e materialmente impossível’. No contraponto, a secretária Arita informou que ‘historicamente o HU não está cumprindo o contrato’ e que outras soluções devem ser tomadas. Foi deliberado, então, que tanto a regulação quanto os municípios da região façam encontro de contas para saber a real demanda reprimida regional. “Sabemos que esses pacientes existem, mas eles precisam estar no sistema para termos como mensurar a vazão necessária”, argumentou Arita. O prazo para apresentar números é dia 3 de junho.
Feito o encontro de contas, Canoas apontará sua capacidade de resposta e “o que não for resolvido em Canoas vamos resolver em outros hospitais”, garantiu a secretária, que também pediu à sua equipe levantamento de hospitais de dentro e de fora da região que tenham capacidade de também serem referenciados para esse tipo de atendimento. “Vamos ver a potencialidade da região e fora dela para ampliação desse atendimento. Alguns dirão que estou desorganizando as referências, mas se há demanda reprimida e oferta de serviço fora da região, vamos ampliar a rede de atendimento para fora do território. Nosso papel é dar acesso”, reiterou ela, pedindo ajuda aos prefeitos para procurarem ‘vizinhos’ dispostos a compor a rede.
OFTALMOLOGIA
A principal queixa dos prefeitos é que a cidade referência para a prestação de serviços (Portão) não tem dado conta da demanda. Um dos casos emblemáticos citado no encontro foi de Nova Hartz, onde um paciente aguarda quatro anos por cirurgia de catarata. Da mesma forma que em traumato/orto, a secretária solicitou cruzamento de informações entre prestador e prefeituras e, com base nos números acordados, buscar referência também em outras cidades que já se manifestaram favoráveis a prestar o serviço à região.
ONCOLOGIA
A recente alteração do atendimento de algumas cidades da região para hospital em Taquara foi elogiada por todos os gestores presentes ao encontro. “Por muitos anos vivemos a angústia de não ter um atendimento a contento e de administrar lista de espera de pessoas com câncer, doença que dispensa comentários. A mudança para Taquara não só solucionou isso, como limpou a fila de espera”, relatou Jerri.
Outros prefeitos e secretários também agradeceram à secretária pela solução dada, salientando ser muito positivo o retorno dos pacientes quanto à qualidade e celeridade do atendimento. “Quando se trata de tentar salvar a vida de uma pessoa diagnosticada com câncer, distância é o de menos”, salientou Jerri. “Melhor a certeza de um atendimento longe, do que a incerteza da consulta perto de casa”.
O grupo também elogiou o processo de transição para o novo prestador. Segundo relato do secretário da Saúde de Novo Hamburgo, Marcelo Reidel, em tempo menor que o esperado houve a absorção de todos os 650 pacientes que estavam em tratamento na referência anterior. O relato dos prefeitos emocionou a secretária Arita. “Estamos acostumados a receber cobranças, e esse retorno de vocês demonstra o quanto as questões técnicas são importantes para respaldar decisões”, declarou.
FALTA DE MEDICAMENTOS E PROFISSIONAIS
Temas árduo para os municípios, a falta de medicamentos e de profissionais, como médicos pediatras, também foram debatidos na reunião. Segundo o presidente da Amvars, remédios básicos estão em falta nas farmácias municipais, sendo que alguns não são encontrados nem na rede privada. O assunto, segundo Arita, será pauta do Estado com o Ministério da Saúde, a exemplo do que houve durante o auge da pandemia. A falta de profissionais no mercado também foi abordada e, segundo a secretária, tende a se agravar.
Ao final da reunião, o presidente da Amvars entregou à secretária um ofício contendo informações sobre demanda reprimida e gargalos regionais. O documento foi construído com base em levantamento realizado pelos secretários de saúde regional.
QUEM PARTICIPOU
Participaram do encontro o presidente da Amvars, Jerri Meneghetti (prefeito de Dois Irmãos) e os prefeitos Diego Francisco (Estância Velha), Gilmar Führ (Presidente Lucena), Gaspar Behne (Lindolfo Collor), Ary Vanazzi (São Leopoldo), Ester Koch (São José do Hortêncio, Aírton Bohn (prefeito em exercício de Morro Reuter) e o vice-prefeito Neri Chicatto (Nova Hartz). Os prefeitos de Campo Bom, Santa Maria do Herval, Novo Hamburgo e Sapiranga foram representados por seus respectivos secretários da Saúde, que se somaram a outros secretários também presentes. Diretores e técnicos regionais da área também participaram.