Fonte: GZH – Marta Sfredo
Com a inflação alcançando níveis raramente vistos depois do Plano Real, a sensação é de que o dinheiro na carteira – nos aplicativos – já não é o mesmo. E é verdade. Mas será que a cédula de R$ 10 é a nova nota de R$ 1, como circula nas redes sociais? A resposta curta é: depende do índice de inflação.
A coluna da jornalista Marta Sfredo (GZH) usou a Calculadora do Cidadão, do Banco Central, para verificar quanto valeria hoje uma cédula de R$ 1, lançada em julho de 1994. Pelo indicador oficial de inflação, o IPCA, o valor resultante até o final de outubro foi de R$ 6,57, refletindo alta acumulada de 557,11%. Mas com outro indicador, o IGP-M, o “novo valor” de R$ 1 passa dos R$ 10: chega a R$ 11,34, resultado de inflação acumulada desde agosto de 1994 de 1.034,28%. Neste ano, o IPCA acumulado em 12 meses até setembro foi o mais alto para o mês desde 1994, logo depois da estreia da cédula de R$ 1, que saiu de circulação em 2005.
Pela primeira vez desde 2015, a inflação oficial, medida pelo IPCA, deve fechar 2021 em dois dígitos. Depois do Plano Real, a inflação só havia fechado o ano nesse patamar três vezes: em 1995, ainda em acomodação em relação a anos anteriores com até três dígitos; em 2002, com a disparada cambial provocada pela eleição de Luiz Inácio Lula da Silva para a Presidência; e em 2015, com a baixa de juros em período de inflação alta e a reeleição de Dilma Rousseff.
Em parte provocada pelo desarranjo das cadeias produtivas e de logística, a alta de preços é um problema mundial, de fato. No Brasil, está muito acima da média global pela pressão do dólar. E como a coluna já mostrou, acumulados em dois dígitos aparecem apenas em países mais problemáticos. A coluna atualizou a tabela publicada na época, do site Trading Economics, que tinha dados até setembro, na maioria dos casos, para incluir outubro.
Inflação pelo mundo
Quebrados ou em guerra
Venezuela: 1.576%
Sudão: 366%
Síria: 139%
Líbano: 69,5%
Suriname: 69,5%
O pelotão do Brasil
Haiti: 10,9%
Ucrânia: 10,9%
Brasil: 10,67%
Uzbequistão: 10,6%
Belarus: 10,5%
Os ricos
Estados Unidos: 6,2%
Canadá: 4,7%
Reino Unido: 4,2%
União Europeia: 4,4%
China: 1,5%
Os latino-americanos
Argentina: 52,1%
Uruguai: 7,9%
Paraguai: 7,6%
Chile: 6%
Colômbia: 4,6%