Suplente Márcio Goldschmidt (PT) disse que votará contra
A mesa diretora da Câmara de Vereadores de Dois Irmãos apresentou três projetos de Lei legislativos que tratam dos aumentos salariais de prefeito, vice-prefeito, secretários municipais e vereadores para a gestão 2025-2028. Os documentos devem ser votados na próxima semana.
Como havia sido antecipado, a proposta contempla 15% para prefeito (de R$ 17.250,94 para R$ 19.800,000), 22% para vice (de R$ 8.018,05 para R$ 9.800,00), 20% para secretários (de R$ 8.200,27 para R$ 9.800,00) e 20% para vereadores (de R$ 2.915,65 para R$ 3.500,00). Vale lembrar que o presidente do Poder Legislativo ainda receberá verba de representação no valor de R$ 1.750,00 durante o período do seu mandato junto à mesa.
O assunto provocou novo embate na sessão desta segunda-feira (1). Paulino Renz, que está trocando o PDT pelo PL, defendeu a iniciativa.
– Na verdade não é aumento, pois nós tiramos 7,2% + a correção de uns 6%, que dá 13,2%. Com mais a correção desse ano, vai dar só o que foi tirado. É o justo. Eu tenho autoridade para falar disso porque cortei na carne e os colegas vereadores também assinaram – disse ele, referindo-se ao período da pandemia de Covid-19.
Darlei Kaufmann (PSB) também definiu sua posição:
– O que precisa ficar bem claro é que esta Casa não vem recebendo aumento desde 2017. Segundo o que me foi passado, em 2017 o salário era de R$ 2.235,00. De acordo com o novo projeto, passará a R$ 3.500,00. Fui buscar números, índices e reajustes recebidos por outras classes, junto ao Sindicato dos Sapateiros, e desde 2016 até 2023 tiveram uma recomposição de 44,25%; provavelmente chegará a 50% agora em 2024. A população precisa entender que esse percentual de 20% vai até 2028. E o meu posicionamento vai ser favorável.
Por que não dar exemplo, diz Márcio
O suplente Márcio Goldschmidt (PT), que ocupará a cadeira de Sheila da Silva (PT) durante o mês de abril, adiantou que votará contra o aumento.
– Nenhuma categoria de trabalhadores recebeu esse montante de aumento de 20%. Tem justificativas de que em outras cidades são até maiores, então não vamos ser nós, aqui em Dois Irmãos, a seguir esses exemplos. Foi debatido aqui o aumento de salário para as merendeiras, e a gente não conseguiu dar esse aumento. Por que a gente não entra para a história como a primeira Câmara a não propor aumento? Esses salários já são altos, por que aumentar ainda mais? – questionou.
Ederson Bueno (MDB) comentou que os valores líquidos dos novos vencimentos serão de R$ 14.592, R$ 7.342 e R$ 3.122.
– Temos uma Câmara que gasta praticamente 10% do que poderia gastar. Isso mostra que a Câmara de Dois Irmãos é muito enxuta, tem grande responsabilidade com os gastos. Sei que às vezes o percentual em si talvez assuste, mas como já falou aqui o vereador Darlei, esse aumento é para a próxima legislatura, só valerá a partir de 2025 e vai perdurar até 2029. Considero um valor justo. Se seguirmos o conselho do colega Márcio, ficaríamos 12 anos sem reajuste de subsídio – declarou.
Proposta razoável e realista, defende situação
Ramon Arnold (PP) também considera os vencimentos apropriados:
– Temos que ser austeros e ao mesmo tempo buscar bons profissionais no mercado, tanto no público quanto no privado, e isso só se faz com bons salários. Estar à frente da gestão pública requer muito engajamento, muita exposição e principalmente muito trabalho.
Para Elony Nyland (MDB), o aumento é razoável.
– Nós poderíamos ter 30% de um deputado estadual, o que dá R$ 9 mil, R$ 10 mil, mas nós não nos aproveitamos disso. Por que o PT não se preocupa com a questão nacional? O PT, quando assumiu o governo federal, havia 19 ministérios, e agora já tem quase 40. E isso não é 500 reais de aumento para quatro anos... Quantos bilhões são gastos pelo governo federal que poderiam retornar para a educação e a saúde de Dois Irmãos? Os deputados do PT sempre votam contra aumento de salário, mas depois são os primeiros a receber.
Nilton Tavares (PP) disse que a proposta da mesa diretora ‘é bem realista’.
– Quando a gente fala no valor de R$ 14.592 para prefeito, que parece um absurdo, é menos da metade do que alguém ganha na iniciativa privada para ser gestor de uma empresa de nível médio. E prefeito tem 24h de dedicação exclusiva, assim como os secretários. Se ele (Márcio) estivesse na Câmara, talvez o partido dele estaria propondo até mais. Eu não gostaria de dizer, mas tem um pouco de demagogia.
Paulino desafia Márcio a abrir mão do aumento
O debate continuou no espaço de lideranças e nas considerações finais.
– Essa necessidade de se justificar que é estranha: se está tudo certo, vota. Não tem nada de demagogia. A discussão não é a questão do aumento por si só, mas se trata de dar exemplo para o país. Se esse país, como vocês estão dizendo, está cheio de maus exemplos, tenhamos nós a oportunidade, aqui em Dois Irmãos, de fazer a coisa certa. Vamos trabalhar com o que é realidade aqui na cidade – afirmou Márcio.
Paulino também voltou à tribuna:
– Trabalhei em fábrica de calçado, e todo ano tem aumento. Se ganham 4%, 5% por ano, em 10 anos tinha 40%, 50%. Isso é fazer politicagem. Se tu vier a se eleger, então não pega o aumento e passa para uma entidade carente que precisa. O vereador tem 99,99% de que vai passar esse projeto, por isso ele vem falar.
Na sequência, Márcio respondeu ao colega:
– Aceito o desafio, Paulino. Na próxima eleição, se caso entrar, abro mão.
Por fim, o presidente Tavares reiterou que valores que passarão para os próximos vereadores “nem repõem o que foi tirado; esta Casa está só recolocando os patamares antigos”.
