(Foto: Divulgação / Câmara)
Na sessão desta segunda-feira (6), o Sindicato dos Servidores Públicos Municipais de Dois Irmãos utilizou a tribuna popular para apresentar sua proposta no Dissídio 2023. A categoria reivindica ao Poder Executivo reajuste de 9,3%.
Segundo Bruno Rodriguez, secretário executivo do sindicato, este é o ponto de partida da negociação.
– Do dia 1º de janeiro de 2020 até o dia 31 de dezembro de 2022 nós tivemos uma inflação na casa de 32,55%, ao passo que essa mesma casa legislativa aprovou reajustes na ordem de 20,59%. Nós estamos iniciando essa negociação de 2023 11,96% abaixo da inflação. A gente nem fala em aumento real, mas em conseguir equiparar o nosso salário à inflação. É bom que os vereadores saibam que os trabalhadores e as trabalhadoras de Dois Irmãos estão passando uma penúria no sentido de seus vencimentos estarem completamente defasados comparado a outros municípios e comparado até aos trabalhadores da iniciativa privada – nós tivemos, neste mesmo período, na indústria do calçado, um reajuste na casa de 5% a mais do que os servidores receberam – explanou.
Por outro lado, ele disse que o município vem apresentando resultados extremamente positivos na questão financeira.
– Vou dar um exemplo: de 2021 para 2022 o município teve um acréscimo na arrecadação de 9,3% acima da inflação. No entanto, essa concentração não está sendo dividida com os trabalhadores que fazem isso acontecer. Nós temos uma realidade distorcida entre aquilo que o município vem arrecadando e o que vem pagando de reajuste salarial e benefício aos trabalhadores. Por isso que estamos apresentando uma proposta ao senhor prefeito de recomposição e ganho real que estaria na casa de 9,3%. Não tiramos esse 9,3% do nada, mas baseado exatamente no mesmo percentual de lucro que o município teve. Se a prefeitura apresenta lucro, então que reparta com seus servidores, que é quem corre atrás desse lucro para a prefeitura. A inflação é para ficar em torno de 6%. Em ficando 6% e a gente ganhando 9%, ainda assim vai ficar muito abaixo da inflação durante o mandato do prefeito Jerri – pontuou Bruno.
Por fim, destacou que o município também precisa lidar com questões importantes como a reclassificação da categoria de servente de escola.
– Muitos servidores estão cansados com as promessas que não se concretizam. Numa assembleia geral, no ano passado, tivemos cerca de cento e poucas pessoas que assistiram ao prefeito municipal nos prometer algumas coisas ao longo de 2022, e nenhuma das promessas foi atendida; todos os acordos foram empurrados de algum jeito com a barriga ou engavetados. Agora, para mexer na matriz tributária da cidade, houve muita agilidade; para reformar a previdência dos servidores, adequando à reforma da previdência, houve muita agilidade. Tivemos neste período 3% a mais de desconto previdenciário – concluiu.
Valorização da categoria
Também fez uso da tribuna o biólogo Fernando Goulart Timm, servidor da Secretaria da Saúde.
– É importante desmistificar a questão do funcionário público como um custo. O funcionário público também é um investimento: se ele vai trabalhar com boa vontade, como todos nós vamos, se é valorizado, ele rende melhor e entrega algo melhor para a população. Também não é uma questão de não pensar nas finanças do município, pois nós estamos com uma folha relativamente baixa; em termos de percentual, ainda temos muita margem para aumento. Dois Irmãos não é um município pobre. Dois Irmãos teve um aumento de arrecadação no ano passado e prima em muitas áreas pelo seu serviço público justamente porque tem bons funcionários, que merecem ser valorizados – afirmou.
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O que disseram os vereadores
Durante a sessão, vereadores também se manifestaram sobre o tema.
– Acho extremamente justos os pedidos. Como da outra vez, a gente também vai escutar o Executivo. É com pontos e contrapontos que você consegue chegar a um consenso – ponderou Darlei Kaufmann (PSB).
O presidente Ederson Bueno (MDB) disse que sabe “o peso que a inflação teve nos últimos anos sobre a nossa população em geral e também sobre os servidores públicos”.
– De minha parte, estarei analisando a proposta e articulando junto ao nosso gestor público para que a gente possa chegar aos melhores números possíveis. Sobre a reclassificação das serventes, é uma questão que já me posicionei de forma favorável e faço questão de reafirmar minha posição, tendo em vista que elas estão classificadas no padrão 2 e se pede uma reclassificação levando em consideração que elas trabalham 44 horas por semana e que é um trabalho pesado; elas recebem o menor padrão de acordo com a carga horária. É uma questão que precisa ser revista o quanto antes, assim que o município tiver possibilidade – comentou.
Sheila da Silva (PT) lembrou que os servidores sofrem com a redução do poder de compra.
– Os números já foram colocados, e eu espero que este ano nós tenhamos por parte do prefeito maior sensibilidade quando for tratar do reajuste dos servidores. A gente não pode esquecer que a maioria da nossa comunidade depende do serviço público e exige um serviço público de qualidade. De nada adianta a gente ter investimento em equipamento, em prédios bonitos e bem estruturados – às vezes fechados, inclusive –, se não há recurso humano valorizado, se não há funcionário público valorizado e respeitado. Em relação à reclassificação das serventes, entendo que elas não esperam mais que a gente reafirme a nossa posição favorável, porque isso é fácil fazer. Tenho certeza que elas aguardam um ação efetiva – disse a vereadora.
Celina Christovão (MDB) concordou que é preciso lutar pelo reajuste.
– Também sou servidora pública e é mais do que justo termos um aumento digno. Quanto a classificação das serventes, a gente até parou de citar e imaginava que elas já tinham sido reclassificadas. Fiquei triste, mas vamos continuar lutando. São mais que merecedoras pelo trabalho que fazem; nada mais justo que ter um salário digno como os outros – observou ela.
Na parte final da sessão, Ederson voltou à tribuna e rebateu Sheila:
– Fizemos várias reuniões, estive reunido com as serventes, estive reunido pelo menos quatro vezes com o prefeito, quando debatemos a pauta; estive por duas vezes conversando com o pessoal do sindicato e aí depois o assunto esfriou um pouco, até por um pedido do prefeito de que a gente acalmasse os ânimos e retomasse a pauta durante esse ano. Não vou perguntar para a colega vereadora quais foram os esforços que você fez, quanto tempo você empregou nessa demanda, até porque devo satisfações a mim mesmo e tento me concentrar no meu próprio trabalho – declarou o presidente.