Fonte: G1
A indústria brasileira vem encolhendo. É o que evidencia a Pesquisa Industrial Anual (PIA), divulgada nesta quinta-feira (6) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Só em termos de receita líquida de vendas, o recuo foi de 7,7% entre 2014 e 2017. Segundo o levantamento, em 2017 a receita líquida de vendas da indústria somou cerca de R$ 3 trilhões. Em 2014, este valor foi de aproximadamente R$ 2,8 trilhões. Tanto a indústria de transformação quanto a extrativa tiveram o faturamento reduzido neste período, sendo mais intensa a perda desta última, de 16,9% – a de transformação perdeu 7,4% da receita líquida.
A queda da receita foi acompanhada pela redução no número de empresas ativas no setor industrial do país. Em 2014, havia 333,7 mil empresas, número que caiu para 318,4 mil em 2017, uma redução de 15,3 mil unidades industriais, o que equivale a uma redução de aproximadamente 5%. Com menos empresas ativas, diminuiu em 12,5% a ocupação na indústria entre 2014 e 2017. Isso representa um contingente de 1,1 milhão de trabalhadores a menos empregados no setor industrial. O IBGE destacou que, na comparação com 2013, ano em que o Brasil bateu recorde no número de pessoas contratadas pela indústria (cerca de 9 milhões de empregados), a perda de postos de trabalho chegou a 14,8%, o que representa 1,3 milhão de pessoas empregadas no setor. “De 2013 até 2017, a ocupação na indústria não parou de cair, embora a queda no último ano tenha sido a menos acentuada (-0,6% ou 44,5 mil postos de trabalho a menos)”, destacou o instituto.
Segundo o IBGE, em termos de participações no pessoal ocupado não houve alterações relevantes no período. A indústria de transformação segue liderando as contratações, respondendo por 97,5% do pessoal ocupado em 2017. Os segmentos do setor com maior representatividade no emprego foram a Fabricação de produtos alimentícios (23,3%) e a Confecção de artigos do vestuário e acessórios (8,2%). Nas Indústrias Extrativas, as maiores participações continuam com a extração de minerais metálicos (41,4%) e extração de minerais não-metálicos (41,1%).
Sudeste perde participação para o Centro-Oeste
Em termos estruturais, o IBGE apontou para uma mudança da representatividade regional da indústria, com aumento da participação do Centro-Oeste em detrimento do Sudeste. Segundo o levantamento, em 2017 a Região Sudeste se mantinha líder do setor no país, respondendo por 58% do valor de transformação industrial, mesmo diante da perda de representatividade nos últimos dez anos.
Desde 2008, houve um recuo de 4.2 p.p na participação do Sudeste, em favor do Centro-Oeste, que teve o maior avanço (1,9 p.p), seguido pelo Sul (1,3 p.p.). “Esse deslocamento produtivo em direção ao Centro-Oeste se deu principalmente em razão da migração de plantas agroindustriais que eram dedicadas à Fabricação de produtos alimentícios e passaram a participar da produção de biocombustíveis, fazendo com que esta atividade se tornasse uma das três mais relevantes da região”, destacou o estudo.
A Região Sul aparece logo depois da Sudeste em termos de representatividade, sendo responsável por 19,6% do valor de transformação industrial do país, sendo seguida pelo Nordeste (9,9%), Norte (6,9%) e Centro-Oeste (5,6%).