Moradia popular rende mais um capítulo de debates na Câmara

10/12/2021
Sheila da Silva e Nilton Tavares (Fotos: Divulgação / Câmara)

Sheila da Silva e Nilton Tavares (Fotos: Divulgação / Câmara)

O tema habitação popular rendeu novo capítulo de debates na última segunda-feira (6), na Câmara de Vereadores de Dois Irmãos. Sheila da Silva (PT), que voltou após um mês de licença, foi a primeira a se manifestar.

– Na última sessão, o colega Tavares afirmou que a preocupação do poder público deve ser com saúde, segurança e educação, dizendo que o resto é ‘picuinha’. Se entendi bem, a conquista da casa própria deveria ficar na conta de cada um, porque em Dois Irmãos todos têm oportunidades de trabalho e renda, que as oportunidades existem e que a nossa economia vai bem. Isso vale se nós enxergamos apenas as aparências sobre a nossa realidade. Talvez a nossa dificuldade seja se colocar no lugar de muita gente que mora nos bairros, trabalha na fábrica ou no comércio. Se a gente fizer isso, vai perceber claramente que uma parte significativa do nosso povo trabalhador não tem condições de poupar algum recurso para comprar um terreno e construir sua casa própria – declarou.

Ela cobrou maior atenção da prefeitura ao tema.

– O sonho da casa própria é de todo mundo, e os trabalhadores são os maiores responsáveis pela riqueza produzida na nossa cidade. Do jeito que está, vão morrer trabalhando e não vão conseguir. Respeitosamente peço que a atual administração comece a ter, de verdade, um outro olhar sobre essa necessidade. Eu sei que o investimento é alto, mas também sei que se a gente for criativo vai achar soluções inteligentes de conseguirmos levantar esses fundos.

 

Especulação imobiliária

A vereadora do PT também comentou sobre a realidade do mercado imobiliário.

– Acho que a especulação imobiliária faz mal à nossa comunidade. Não consigo achar justo alguém ter 50 imóveis, ficar especulando com seus imóveis e pagar proporcionalmente o mesmo imposto que alguém que tem um ou cinco imóveis, enquanto tanta gente que trabalha na construção civil nem casa própria tem. Jamais concordaria em nos adonarmos de um imóvel de alguém, mais um IPTU progressivo faria bem para a comunidade de Dois Irmãos. Sei que não é uma construção simples, mas do jeito que as coisas estão andando, nós vamos concluir este mandato e nenhuma casa vai ser entregue para um trabalhador em Dois Irmãos. A dívida social existe, também está enraizada aqui – concluiu Sheila.

 

Depende da União e do Estado

O governista Nilton Tavares (PP) afirmou que o município não tem como fornecer habitação popular para todas as pessoas que não têm.

– Sou filho de pedreiro com muito orgulho; meu pai ganhava um salário extremamente baixo, e como a grande maioria das pessoas que vieram para Dois Irmãos desde os anos 1970, trabalharam e foram adquirindo. Claro que essas pessoas precisam de subvenção, de auxílio, mas nem Porto Alegre, com todo o dinheiro que arrecada, ou Caxias consegue fornecer habitação para todos. Políticas habitacionais têm que ser com auxílio da União e do Estado, com a coparticipação do município, talvez. Acredito que o Partido dos Trabalhadores está criando uma bandeira de que o município não quer fazer habitação; não é isso. O município não consegue fazer sozinho – respondeu o progressista.

Elony Nyland (MDB) disse que concorda com a ideia de IPTU progressivo.

– Realmente, essa especulação imobiliária não pode existir. Tem que cobrar dos que mais têm e estão especulando, vendendo terrenos para quem necessita com valor super alto.

Ederson Bueno (MDB) reiterou que a situação não depende apenas do município.

– Não temos condições financeiras para fazer um programa neste sentido, que abranja todas as famílias carentes do município. Existe uma preocupação grande de todos, mas a gente depende de um programa federal, depende também de ajuda do Estado, com contrapartida do município – comentou.

Paulino Renz (PDT) rebateu:

– Não adianta só jogar a culpa nos outros... Nós temos que assumir a culpa também e cobrar dos nossos gestores que estão aí. Vai fazer nove anos que não foi feita uma casa.


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