Elony (presidente) e Filipin (relator) não se entenderam sobre a CPI
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investigou a gestão do Instituto de Saúde e Educação Vida (ISEV) no Hospital São José acendeu de vez o debate político na Câmara de Vereadores. O relatório de Joracir Filipin (PT), que aponta para uma ‘péssima gestão’ por parte do ISEV e indica omissão por parte da prefeitura, foi bastante questionado pela situação. Vereadores de MDB e PP criticaram a falta de informações técnicas, e o documento acabou não indo à votação nesta segunda-feira (10).
O relator Filipin foi o primeiro a subir na tribuna. Ele destacou o trabalho realizado pela comissão em mais de quatro meses. “Fomos eleitos para fiscalizar. Essa CPI tem o poder de fiscalização, não de punição. Temos o papel de dizer para a cidade que esta casa fez um excelente trabalho”, disse ele, cobrando a aprovação do relatório. O documento de 68 páginas foi aprovado dentro da comissão por 2 a 1 – além de Filipin, também votou a favor o vice-presidente Paulo Fritzen (PT); o presidente Elony Nyland (MDB) foi contra. Agora, o relatório ainda deve passar pela votação no plenário do Poder Legislativo.
A situação não poupou críticas a Filipin. Um dos principais questionamentos diz respeito ao lucro que o ISEV teria tido no período em que administrou o hospital (2014-2018): R$ 11 milhões, de acordo com o relator. Elony, que presidiu a CPI, foi contundente na manifestação. “O Filipin demonstrou uma efetividade muito grande e um interesse muito grande, principalmente político. Ele disse que não temos o poder de punição, mas também não temos o poder da enganação. Este relatório foi mal feito, mal elaborado, tem acusações vazias. Esses R$ 11 milhões estão totalmente equivocados, visto que não foram enviados documentos contábeis. Que tipo de contador vocês contrataram, um contador de piadas?”, alfinetou o emedebista, já adiantando que vai votar contra.
TROCA DE FARPAS
No espaço de líder, Filipin defendeu seu relatório. “Foi apresentada a despesa de R$ 33 milhões e entrou R$ 44 milhões”, disse ele, justificando os R$ 11 milhões. O vereador afirmou que em nenhum momento se referiu a MDB e PP no documento. “Não tem nada de política aqui; desde o início tentaram derrubar a CPI”, comentou.
O vereador também rebateu o presidente da comissão. “O Elony fala em ‘politicagem’, mas então posso dizer que ele atuou em defesa do ISEV. Em 14 horas de oitivas, sequer fez duas perguntas para saber aonde ia o dinheiro; é evidente que vai votar contra”, cutucou o petista, acrescentando que, se o relatório não for aprovado, ‘é porque tem algo estranho’.
Elony voltou à tribuna para justificar seu trabalho na CPI. “O presidente tem que dirigir e coordenar os trabalhos com imparcialidade. O seu colega de partido (Paulo Fritzen) também veio aqui e ficou calado durante horas”, afirmou ele, criticando Filipin por ter selecionado o que foi para o relatório. “Teve uma oitiva com o vice-prefeito (Jerri Meneghetti) de uma hora e meia e o senhor publicou apenas três linhas”, concluiu.
Leia a cobertura completa da sessão na edição impressa desta terça-feira (11).