32 ANOS ATRÁS: Como foi a emancipação do Herval?

12/05/2020
Por Alan Caldas – Editor

Por Alan Caldas – Editor

O ano era 1987. O dia, 28 de setembro. O local, a Sociedade Beneficente Herval. A hora, às 20 horas. A população do Teewald, como era chamado o Herval, foi convocada para uma reunião, na qual se debateria a emancipação do Herval, tornando-o município e deixando de ser distrito de Dois Irmãos. 
A ideia de emancipar e o chamado foram feitos pelo então vereador, Ademir José Schneider, com apoio do também vereador Luciano Schaumloeffel. E, diga-se também, com total participação do Jornal Dois Irmãos. Naquela noite, iriam perguntar à população ali presente se queriam ou não emancipar o Teewald, transformando-o em município. 
Havia em torno de 280 pessoas ali reunidas, e se fosse o caso de emancipar, sairia dali uma Comissão Emancipadora para organizar os documentos a serem enviados à Assembleia Legislativa e para pedir-se autorização para realizar o Plebiscito, onde toda a população decidiria se Sim ou se Não.
Não houve dúvidas, naquela noite. Bastou meia hora de explicações sobre benefícios e dificuldades de ser uma cidade e os presentes disseram “sim”, vamos tentar a emancipação. No mesmo momento, decidiu-se que o nome seria Santa Maria do Herval.


Foi, então, criada ali a Comissão Emancipadora, que ficou assim constituída:


Ademir José Schneider – Presidente
Luciano Schaumloeffel – Vice Presidente
Maria Dolores Scholl – Secretária
Egon Alles – Segundo Secretário
José Flávio Vier – Tesoureiro
Derly Basségio – Segundo Tesoureiro
Alan Caldas – Secretário de Divulgação


Inácio Kunst – Conselho Fiscal
Guido vier – Conselho Fiscal
Armando Schuch – Conselho Fiscal
Ermando Schneider – Conselho Fiscal
Darci Camioto – Conselho Fiscal
Alayre Closs – Conselho Fiscal
Eldo Molling – Conselho Fiscal


No dia seguinte, começou a trabalheira de organizar as reuniões. Era preciso visitar cada localidade. Foram quase 20 reuniões. Verdadeiros comícios. Se chegava, falava os prós e os contras da emancipação. Cada membro da Comissão Emancipadora falava. Os líderes locais falavam também. Respondia-se perguntas. E tudo terminava com grande alegria e, é claro, cerveja, porque ninguém é de ferro.


Em paralelo a essas reuniões, a Comissão Emancipadora tinha de arrumar documentos, fazer comprovações de divisas, criar um mapa do futuro município. Coisas que a burocracia exigia e que dava um trabalhão danado.


Igualmente em paralelo a isso, era muito importante a arte da política. Foi fundamental não criar atrito. Tinha de fazer a emancipação sem conflitos jurídicos. Uma única ação judicial contrária, derrubaria a criação do município. A Assembleia Legislativa, que autorizaria o plebiscito, era avessa a conflitos. A ideia dos deputados era simples: ou tem acordo comunitário ou não tem emancipação. 
Herval era, então, um distrito muito importante para a política partidária de Dois Irmãos. Se os dois grandes partidos, PDS e MDB, resolvessem brigar, um deles poderia entrar com uma ação pedindo a impugnação e pronto, ela não sairia. Nesse momento foi fundamental a ação do Jornal Dois Irmãos, que dava sempre boas e concretas notícias do movimento emancipatório, mostrando que as pessoas do Herval, embora gostando muito de Dois Irmãos, queriam caminhar por seus próprios pés. 
Foi assim que, com muito tato e trabalho incessante da Comissão Emancipadora, se conseguiu manter a união da cidade-mãe e da futura cidade sem brigas. O prefeito de Dois Irmãos, Romeo Benício Wolf, foi grandioso, naquele momento. Ele era a favor da emancipação, afinal manter “em dia” 800 quilômetros de estrada de chão, que era o que Dois Irmãos tinha, não era fácil. Ele apoiava a emancipação. E assim Romeo foi apaziguando os ânimos em Dois Irmãos e não fazendo como fez seu vizinho de Ivoti, prefeito Arno Henrique Moeller, que entrou com uma ação na mesma época contra a emancipação de Picada Café, porque Picada Café queria levar junto Arroio Veado, e derrubou a emancipação. Como aquele mandado de segurança do prefeito de Ivoti teve muita notícia no Jornal Dois Irmãos, Romeo não queria que o mesmo ocorresse aqui, e tratou de acalmar os ânimos de quem não estava de acordo com a emancipação, no partido dele e nos demais.


A Assembleia Legislativa autorizou, por fim, a realização do Plebiscito. Ele ocorreu no dia 10 de abril de 1988. Um dia era claro, com poucas nuvens e temperatura amena. A votação era simples: Sim ou Não. E coordenada pela Justiça Eleitoral, com a juíza Maria Isabel. O escrutínio foi no Salão Paroquial e ocorreu logo após o fechamento das urnas. Durou pouco. E em uma hora soube-se que quase 90% da população disse “Sim, vamos emancipar o Teewald”.


O trabalho a seguir foi dos deputados, que ratificaram o plebiscito e enviaram a Lei para o governador da época, Pedro Simon, que assinou a Lei no dia 12 de maio de 1988, criando, assim, o município de Santa Maria do Herval. Município que comemora hoje seus 32 anos de emancipação.


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