Assistente social Joelma, os Autodefensores Márcio, Patrícia, Fernanda e Atauan, e a diretora Graziela
Sancionada pela Lei nº 13.585, de 26 de dezembro de 2017, a Semana Nacional da Pessoa com Deficiência Intelectual e Múltipla busca, anualmente, promover ações e discussões na sociedade sobre políticas públicas e a importância da inclusão social, por exemplo. A semana ocorre de 21 a 28 de agosto e este ano parte do tema “Protagonismo empodera e concretiza a inclusão social”.
Em Dois Irmãos, devido à pandemia, a programação da Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) ocorrerá online, através do Facebook e Instagram da entidade, mantendo o objetivo dos anos anteriores, de promover a inserção dos usuários/pacientes na comunidade onde vivem. De acordo com a diretora Graziela Carla Trindade Mayer, ao longo da semana serão compartilhados posts nas redes sociais, abordando seis eixos: atuação dos Autodefensores, mercado de trabalho, educação, família, artes e esporte. Segundo Graziela, os conteúdos trarão depoimentos de usuários/pacientes falando sobre suas experiências. Empresas parceiras da entidade também participarão da iniciativa.
Atualmente, a APAE atende a 90 usuários/pacientes, de zero a 60 anos de idade. Oferta serviços de Estimulação Precoce (bebês de zero a 3 anos), fonoaudiologia, fisioterapia, musicoterapia, psicologia, serviço social, psicopedagogia, educação física, oficina de artesanato, grupo de convivência e grupo de preparação para trabalho. Os atendimentos ofertados a cada usuário variam de acordo com as suas necessidades.
Entidade implanta Programa de Autogestão e de Autodefensoria
Em novembro de 2019, a APAE de Dois Irmãos implantou o Programa de Autogestão e de Autodefensoria, que promove o desenvolvimento da autonomia e a construção da independência da pessoa com deficiência. O programa dá espaço para que os próprios usuários dêem sugestões e ideias visando os seus direitos.
Coordenado pela assistente social Joelma Brandt, o programa exige que sejam eleitos dois casais, um de titulares e outro de suplentes, para representar os demais usuários/pacientes nos próximos três anos. Na APAE do município, os titulares são Fernanda Plentz Haubert, 27 anos, e Atauan Renato Barcelos Gomes, de 30; e os suplentes, Patrícia Iung Braz, 29, e Márcio Machado Soares, 25.
De acordo com Joelma, o papel principal dos Autodefensores é dar voz aos usuários/pacientes da entidade. Segundo ela, os representantes têm participação ativa dentro da entidade, onde defendem os direitos das pessoas com deficiência, participam de reuniões com a diretoria, levando sugestões de melhorias e ampliação de atendimento, além de se fazerem presentes em eventos promovidos, na cidade ou região, que discutam demandas e políticas públicas relacionadas às pessoas com deficiência. “É, de fato, um programa no qual eles têm vez e voz”, garante Joelma, feliz com o envolvimento de cada eleito. “Como trabalhamos com este público, é justo que eles possam ter voz, que tenham oportunidade de dizer o que realmente é importante para eles”, completa.
Acompanhando o trabalho dos Autodefensores desde o início, a diretora Graziela ressalta que o desejo é de que as ações e discussões desenvolvidas por eles ultrapassem o ambiente da APAE e sejam disseminadas na comunidade. Segundo ela, o objetivo é de que eles sejam multiplicadores destes conhecimentos.
Quem são os Autodefensores?
Vinda de Novo Hamburgo, a jovem Fernanda chegou na APAE de Dois Irmãos no ano passado. Atualmente trabalha nas Lojas Pompeia e é uma das vozes que representa os usuários/pacientes. “Essa oportunidade é muito importante para nós. Conversamos com outros usuários, buscamos saber o que pode melhorar na APAE, aprendemos coisas novas”, diz ela, que desde os 18 anos está inserida no mercado de trabalho.
O outro autodefensor titular é Atauan, que também veio de Novo Hamburgo. Chegou à APAE em 2019 e no mesmo ano recebeu oportunidade de trabalho na Calçados Pegada. “Quando vi meu nome entre os quatro primeiros no dia da eleição, fiquei muito surpreso”, diz ele, que desde lá vem conversando com os colegas da APAE e buscando identificar demandas. “As pessoas precisam ter consciência de que nós, da APAE, temos os mesmos direitos que as pessoas sem qualquer deficiência. Que também podemos trabalhar, fazer exercícios físicos em academias, jogar futebol”, completou.
Também na entidade desde 2019, Márcio foi eleito suplente. Aos poucos foi compreendendo a importância do programa e colocou seu nome a disposição. “Fui me inteirando aos poucos, conhecendo o programa e o que faziam os autodefensores”, diz ele, garantindo que o novo desafio ajudou no seu próprio desenvolvimento. “Sempre fui quieto e hoje já converso mais com os outros usuários”, conta ele, que é funcionário da empresa Usaflex. Patrícia, que também foi eleita suplente, frequenta a APAE desde pequena e também vê no programa a chance de compartilhar vivências e seguir lutando pelos direitos das pessoas com deficiência.