Setor sofre os impactos da longa estiagem
O impacto do coronavírus na agricultura ainda não é possível medir. O maior inimigo dos produtores rurais nos últimos tempos é a falta de chuva. O setor projeta uma queda de R$ 4 milhões na arrecadação deste ano em Dois Irmãos. “Mais em função da seca; o impacto do coronavírus ainda não tem como medir muito”, diz o engenheiro agrônomo Heitor Mena Barreto Filho, chefe do escritório da Emater no município.
Segundo Heitor, até o momento a produção segue em ritmo normal. “O impacto que a gente percebe é mais na comercialização, pois as pessoas estão comprando menos. Ainda é uma diminuição tênue, mas a gente nota que o meio está tenso com a situação”, comenta. Antes da pandemia, é a estiagem a responsável pelas maiores perdas. “A seca está atingindo mais os produtores do que o coronavírus, pois, querendo ou não, as pessoas precisam comer. A estiagem prolongada afetou todas as culturas de verão”, afirma o engenheiro agrônomo, citando milho, aipim, feijão e batata doce, entre outras.
O escritório da Emater, que funciona junto ao Sindicato dos Trabalhadores Agricultores Familiares de Dois Irmãos e Morro Reuter, está fechado. Heitor encontra-se em isolamento desde o final de março, trabalhando em casa (home office). “Esporadicamente, em caso de alguma necessidade, a gente vai atender. Mas o escritório seguirá fechado pelo menos até o dia 21 de abril”, informa.
Situação é mais crítica em Morro Reuter
Pedro Joãozinho Becker, presidente do Sindicato dos Trabalhadores Agricultores Familiares de Dois Irmãos e Morro Reuter, reforça que o grande problema é a estiagem. “O coronavírus em si não teria nenhum impacto negativo. Nossa produção é praticamente voltada para alimentos, e a busca pelos produtos continua de forma normal. Nossa maior preocupação, mais adiante, é a falta de produtos para poder ofertar em razão da falta de água. Como o agricultor vai produzir sem água?”, questiona.
Se em Dois Irmãos projeta-se uma queda de R$ 4 milhões na arrecadação em 2020, em Morro Reuter as perdas devem ser ainda maiores. “Estamos fazendo o levantamento da situação no município. Lá, a falta de água é ainda mais crítica pela questão dos aviários. Com certeza a queda na arrecadação será maior”, comenta.
Sindicato sente efeitos da crise
O próprio sindicato já sente os efeitos da crise econômica em razão das medidas restritivas de circulação, implantadas ainda em março. “Na parte comercial, já deixamos de comercializar aproximadamente R$ 250 mil. Foram duas semanas de portas fechadas, vendendo apenas produtos de primeira necessidade para o produtor poder alimentar seu animal, e agora abrimos com restrições, permitindo somente cinco pessoas de cada vez”, diz Pedro. “A gordura que tínhamos estamos usando para pagar as contas”, completa o presidente do sindicato.