Na tribuna: Arno disse que falaria sem máscara porque na quarta recebeu a 2º dose da vacina contra a Covid-19
Por conta do ponto facultativo no carnaval, a Câmara de Vereadores de Dois Irmãos teve sessão ordinária na quarta-feira (17). A noite contou com a presença do diretor administrativo do Hospital São José, Arno Berger, que utilizou o espaço da tribuna popular para dar o posicionamento da casa de saúde a respeito de declarações feitas pela vereadora Sheila da Silva (PT) na reunião de 8 de fevereiro.
Na oportunidade, Sheila cobrou melhorias na área da saúde e citou dois episódios.
– Fico muito impactada quando me deparo com o caso de uma gestante que chega com sangramento na Emergência, é hospitalizada e somente na tarde do dia seguinte tem seu exame de ecografia feito. Durante esse processo de espera, infelizmente houve o aborto. Isso se confirmou depois da ecografia feita. Também fico comovida com o caso de uma paciente que precisa de exames pré-operatórios, para fazer uma cirurgia de urgência, e aguarda desde outubro essa marcação de exames – afirmou ela.
Sobre o caso da gestante, o diretor do hospital disse o seguinte:
– A paciente esteve na Urgência no dia 10 de janeiro, um sábado à noite, e recebeu a recomendação de repouso. Toda gestante com ameaça de aborto é orientada a repousar; não tem outra forma. Ela retornou no dia 11, com sangramento menor, ficou em observação e recebeu novamente a indicação de ir para casa e ficar em repouso. Pelo que ela relatou, fazia apenas três semanas que estava grávida; descobriu após um teste de farmácia.
Segundo Arno, o caso acabou ganhando repercussão por conta de uma postagem feita pela mãe da gestante nas redes sociais.
– O problema foi resolvido logo no dia 13 ou 14 (de janeiro). A família saiu satisfeita do hospital e a mãe inclusive retirou a nota. Acontece que no segundo dia (em que esteve na Emergência), pediram para fazer uma ecografia, mas a médica, que é especialista, avaliou que não era necessário. Com três semanas, não vai aparecer na ecografia. A médica não pediu porque não traria resultado diferente nem salvaria a gravidez. Depois, na ecografia feita em Sapiranga, constatou-se que não havia nenhum sinal de gravidez. Era tão precoce que não chegou a se formar. Não se trata em absoluto de negligência. Não há motivo para acusar o hospital – acrescentou o diretor, destacando que a casa de saúde conta com uma ouvidoria na entrada e que as reclamações devem ser feitas por escrito.
Sobre cirurgias
Em relação a demora para a realização de cirurgias, Arno comentou que atualmente a lista de espera em cirurgia geral tem 751 pessoas e que o contrato do IBSAÚDE (administrador do Hospital São José e da Emergência 24h) prevê 30 procedimentos cirúrgicos por mês.
– Por determinação da Secretaria da Saúde, as cirurgias eletivas estão suspensas em razão da pandemia de Covid-19. Os pacientes são chamados para exames pré-operatórios somente quando a cirurgia é marcada. Paciente que necessita de cirurgia de urgência não fica sofrendo: ele é atendido na Emergência, avaliado pelo médico e, se for preciso, encaminhado para a cirurgia – explicou.
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Sheila diz que queixas e reclamações da população são legítimas
Mais tarde, na sessão, a vereadora Sheila voltou a se manifestar sobre o assunto.
– Nada do que eu falo são coisas que ouvi ou falei de forma irresponsável. Já me manifestei publicamente várias vezes, e sempre fui muito cuidadosa com as palavras. Em momento algum acusei um profissional da saúde; o que nós estamos falando se refere a melhorias do sistema de saúde, se refere a olhar o sofrimento das pessoas que nos procuram. Existem muitos problemas na área da saúde, que geram muito sofrimento nas famílias. Não estou culpando pessoas, estou olhando o sistema – declarou.
Ela entende que é possível aprimorar o atendimento:
– Tenho consciência que o serviço melhorou com a troca de gestores no último período. No entanto, considerando as receitas para sua gestão, tenho convicção de que pode ser melhor. Entregamos para a gestão do hospital e da emergência em torno de R$ 1 milhão por mês, pelas informações que tenho. É bastante dinheiro. E sempre é possível melhorar, readequar e equacionar melhor as coisas. Saúde é prioridade, e todos os pacientes merecem atendimento ágil e profissional.
Por fim, Sheila declarou que as queixas e reclamações da população são legítimas:
– Apesar de incomodar e às vezes serem injustas, são importantes porque nos ajudam a melhorar. Nós, vereadores, somos uma espécie de ouvidoria e porta-vozes das reclamações. É importante ter ouvidoria (no hospital), desde que não seja algo burocrático, que se restrinja a colocar as reclamações numa caixinha. Protocolos são para advogados, não para pessoas simples, sofridas. Precisamos ter uma escuta sensível, com acesso facilitado; uma ouvidoria que funcione de verdade, com muito diálogo e transparência.