Elony Nyland / Ramon Arnold
Com as águas baixando nas cidades mais atingidas pelas enchentes, o Rio Grande do Sul começa a ver de perto o tamanho do desafio que terá pela frente. Na sessão de segunda-feira (20), vereadores voltaram a chamar atenção para o futuro do Estado.
– Me preocupam muito as questões econômicas relacionadas aos empregos. Ainda está se buscando contabilizar os prejuízos – uns falam em R$ 8 bilhões, um cálculo difícil de mensurar. Nas últimas semanas escutei o reitor e um professor da UFRGS, doutores com formação da área, todos unânimes em dizer que a culpa não é das chuvas, não é da natureza: simplesmente a água está tomando seu lugar. Vamos gastar bilhões para deixar funcional novamente a nossa vida no RS. Estamos pagando caro, segundo eles, por ocupar o lugar das águas. E pior: pagando com vidas a nossa falta de planejamento e prevenção – comentou Darlei Kaufmann (MDB).
Para Elony Nyland (MDB), o povo gaúcho ainda vai sofrer muito.
– A situação vai ficar muito pior, porque 70% a 80% do comércio e da indústria do RS foram afetados pela enchente. Será que 50% vão conseguir se recuperar, começar do zero e produzir? E vai demorar para gerar imposto. Hoje, Dois Irmãos já está em torno de R$ 6 milhões a menos de ICMS, e quanto mais vai ser a menos no ano que vem? Porque o imposto vai para o governo estadual e retorna aos 497 municípios. O Estado vai continuar devolvendo da mesma forma, só que bem menos, porque a receita será menor – observou.
Ramon Arnold (PP) destacou a importância de, neste momento, comprar produtos de empresas do Rio Grande do Sul.
– Se nós gaúchos comprarmos produtos gaúchos, penso que a gente pode se recuperar muito rapidamente deste momento de insolvência que vamos ter. Muitas empresas perderam suas produções, seus faturamentos, estão com empregos ameaçados; penso que, quantos antes a gente colocar foco em consumir de maneira apropriada os produtos da nossa comunidade, do RS, vamos nos reerguer mais rapidamente deste ‘cataclisma econômico’ – disse ele.
O líder de governo também chamou atenção para outra questão:
– Talvez também seja o momento de pressionarmos para revisitar o duodécimo no Estado, tantas vezes já discutido na Assembleia Legislativa. O duodécimo é o repasse à AL, assim como todo o Judiciário gaúcho, baseado na previsão de arrecadação, e não na arrecadação dita e feita. É dentro do Executivo que está segurança, habitação, saúde e todos os serviços básicos para a população. Penso que talvez seja o momento de mobilizarmos nossas bases para exigirmos, nem que seja de maneira temporária, a revisão do duodécimo, pois vamos precisar de cada centavo que estiver à disposição para dar suporte a essas pessoas e reconstruir de maneira muito apropriada o nosso Estado.