Fonte: GaúchaZH
Depois de quase 10 meses de preparativos, a Paquetá Shoe Company, empresa que atua na produção e venda de calçados no varejo, apresentou nesta segunda-feira (24) seu pedido de recuperação judicial (RJ). O valor das dívidas coberto pela proposta, protocolada no sistema eletrônico do Judiciário, é de R$ 638,5 milhões.
A empresa tentou fazer uma negociação direta com os credores para alongar os compromissos, mas os custos ficaram muito altos, relatou Márcio Carpena, participante de um dos três grupos que assessoram o processo que, segundo o advogado, tem como objetivo reestruturar completamente a empresa. Também atuam a consultoria Galeazzi e o escritório de João Pedro Scalzilli, especializado em recuperação judicial.
A Paquetá fatura cerca de R$ 1,3 bilhão ao ano, tem 10.250 funcionários, 11 fábricas, 148 lojas próprias e 86 franquias. Recentemente, a empresa demitiu 600 empregados. Segundo Carpena, esse ajuste de quadro, que incluiu fechamento de unidades, foi parte do plano para enxugar a empresa. Além da planta da República Dominicana, outra em Chivilcoy, na Argentina, teve atividades encerradas. A intenção é concentrar os negócios, com redução que não será drástica, afirma o profissional.
Entre as opções sobre a mesa, está a venda de partes da empresa no formato de Unidade Produtiva Isolada (UPI). O grupo tem três redes de varejo multimarcas — Paquetá, Gaston e Esposende (com lojas só no Nordeste) — e duas com marca única, Capodarte e Dumont. A marca Ortopé também pertence à empresa. Carpena afirma que ainda há tratativas com fundos de private equity (que compram partes de empresas) para avançar em negociações assim que a recuperação judicial for aceita.
— Como a Paquetá vinha em cenário financeiro mais complexo, para se financiar ficava na mão de poucos, que cobram muito. Uma RJ abre portas para deep finance, no meio jurídico credores e fornecedores que auxiliam na recuperação da empresa. Estamos fazendo uma reestruturação para colocar de pé um plano de expansão da empresa.
Antes de apresentar o pedido de RJ à Justiça, a Paquetá comunicou importantes clientes, como Adidas e Asics, marcas para os quais produz tênis. Segundo o advogado, os contratos estão mantidos. As informações são da coluna da jornalista Marta Sfredo, de GaúchaZH.