Matador que atirou em esposa e filhos de médico foi condenado a 37 anos de prisão

26/06/2019
Dirceu Pereira Brun

Dirceu Pereira Brun

(Por Alan Caldas)
 

Às 19h do dia 27 de setembro de 2015, a ex-moradora de Dois Irmãos Ana Cristina, junto com seus filhos Gustavo, de 12 anos, e Fernando, de 9, saíram do shopping I Fashion Outlet, em Novo Hamburgo. Cristina dirigia uma camionete Outlander, e pegou a BR-116.
Quando entrou na BR, indo na direção de São Leopoldo para entrar na avenida 7 de Setembro, ela notou um carro atrás dela dando luz alta. Como estava na mão esquerda, ela deu sinal e foi para a direita, a fim de que o veículo que estava atrás, um Corolla prata, pudesse lhe ultrapassar. Mas o veículo não ultrapassou, foi para trás e seguiu dando luz alta. Cristina fez o gesto de sempre, levantando as mãos e como que perguntando o que era aquilo, e seguiu dirigindo.
Notou, então, que o Corolla não estava querendo ultrapassar e, sim, a estava perseguindo. Então ela acelerou e foi seguindo pela BR-116 até o viaduto que dá acesso à Avenida 7 de Setembro, na cidade de Novo Hamburgo. Entrou ali e o Corolla sempre em cima dela. Por sorte, pegou as sinaleiras abertas e foi seguindo. Quando chegou na sinaleira da Avenida Pedro Adams, a sinaleira fechou. Ela embicou a caminhonete e o Corolla emparelhou com ela, abrindo a janela. Então ela viu a arma. Acelerou e passou. O Corolla continuou seguindo seu carro. Ela foi em direção ao prédio onde mora, sempre com o perseguidor atrás. Chegando lá, havia um carro saindo do prédio e ela teve de esperar. Nesse momento, o Corolla novamente emparelhou ao lado dela. Abriu a janela e disparou um tiro. Um único tiro. E, como toda entidade das trevas, sumiu na escuridão da noite.


A bala acertou Cristina na barriga. Entrou e atravessou seu fígado. E, para desgraça da desgraça, a bala foi em frente e atingiu Gustavo, seu filho de 12 anos, que estava no banco ao lado dela. Mãe e filho sobreviveram. A mãe com sequelas profundas. Mas no menino Gustavo o impacto foi ainda mais demolidor. A bala atingiu sua medula espinhal. Em consequência disso, o menino perdeu para sempre o controle das pernas. Terá de andar a vida toda de muletas. E, além disso, perdeu o controle dos esfíncteres, obrigando-se a usar fraldas permanentemente. Uma bala única, mas com uma precisão de violência sem limites.
Baleada, Cristina desceu do carro e gritou por socorro. Da guarita do prédio, o porteiro Lucas assistiu a toda a cena, que durou segundos, e vendo a moradora saiu em seu socorro. Um vizinho de prédio, Marcelo, que estava por ali, foi em seu socorro, também, assim como Rodrigo, o motorista do carro que estava saindo quando ela ia entrar, que logo desceu do carro e foi ajudar. O filho Fernando, de 9 anos, que não foi atingido, ficou com moradores do local enquanto Ana Cristina e Gustavo Neves eram socorridos às pressas para o Hospital Regina, o mais próximo do local.


O marido de Ana Cristina e pai dos meninos é o médico-cirurgião Rogério Neves. O doutor Rogério já trabalhou no Hospital São José em Dois Irmãos, integrando a equipe da Fundação Dr. Homero, e atendia tanto no hospital quanto no Postão 24h. Naquele dia da tentativa de assassinato ele estava em Fortaleza, onde trabalha como cirurgião durante 15 dias por mês. O médico foi avisado por telefone, pelo filho mais jovem, Fernando, e imediatamente voltou ao Rio Grande do Sul.


A polícia, sob o comando do delegado Enizaldo, ouviu muitas pessoas. E, num trabalho de investigação apurado, chegou ao suspeito Dirceu Pereira Brun. Ele tinha um Corolla semelhante ao que foi relatado pelas vítimas e captado pelas câmeras de vídeo do prédio. E, além disso, Dirceu já tinha processo por outro homicídio e mais um, em andamento. Tudo indicava que se tratava de um matador de aluguel, disse uma fonte da polícia. 
A equipe policial apreendeu o veículo em sua casa e, posteriormente, com advogado constituído, Dirceu se apresentou na delegacia. Negou-se, como lhe proporciona a lei, a declarar seja lá o que for perante a polícia. Só daria depoimento em juízo, disse ele.
A equipe de investigadores da delegacia de homicídios de Novo Hamburgo juntou provas e encaminhou ao Poder Judiciário. O inquérito se transformou num processo e logo a seguir Dirceu foi preso preventivamente e permaneceu preso até o dia de ontem, quando foi a julgamento no Tribunal do Júri de Novo Hamburgo. 
A sessão começou às 9h, e no curso do júri foram ouvidas em plenário 9 testemunhas. Também foram mostrados vídeos e, por fim, foi novamente interrogado o réu Dirceu. Seguiram-se os debates entre a acusação e a defesa, que duraram até às 19h. E, a partir dali, ocorreu a votação pelos 7 jurados dos quesitos (perguntas) elaboradas pela presidência do Tribunal do Júri. Os jurados rejeitaram todas as teses da defesa e acataram todos os pedidos da promotoria.
Terminada a votação e com todos de pé, foi lida a sentença. Dirceu Pereira Brun, que perseguiu e atirou em Ana Cristina, Gustavo e Fernando Neves, foi condenado a 37 anos e 4 meses de reclusão. Como a pena máxima no Brasil é de 30 anos, a juíza presidente do Tribunal do Júri unificou as penas, reduzindo-as para 30 anos, a pena máxima.



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