Mônica, Vinícius, Louise e Vladimir
Junto com a esposa Mônica, Vladimir Silveira é agente de exportação e mudou-se, anos atrás, para a Itália, onde residiu até que, 3 anos atrás, decidiu estabelecer-se em Nottingham, na Inglaterra. É lá que ele mora e é de lá que ele, a pedido do Editor Alan Caldas, respondeu as perguntas sobre a situação daquela sua região e da Inglaterra como um todo neste período de Covid-19, a pandemia que afetou o mundo nos últimos meses. Acompanhe:
Como está a situação da Covid-19 aí na Inglaterra?
Vladimir Silveira - Economicamente está sendo um desastre. Empresas entrando em concordata. Milhares de desempregados. Existe uma incerteza em relação ao futuro da economia de uma forma geral.
E na questão de saúde pública?
Vladimir Silveira - Nos hospitais não existem respiradores em quantidade suficiente. Pessoas acima de 70 anos, com doenças pré-existentes, serão desconsideradas para o tratamento intensivo, dando prioridade às mais jovens. O que se ouve falar de dentro dos hospitais é a falta de equipamentos gerais, falta de testes e também de equipamentos de proteção individual.
O que você observa nas ruas?
Vladimir Silveira - Farmácias, supermercados e pequenos mercados que vendem alimentos estão abertos. Os transportes estão reduzidos: em vez de intervalos de 7 minutos, como era, estão passando de 30 em 30 minutos. Outros estabelecimentos de comércio estão fechados por determinação do governo.
E o trânsito de pessoas?
Vladimir Silveira - As pessoas estão liberadas para ir ao supermercado, apenas, e saídas de urgência como ir até a farmácia. Mas podem sair para levar cães e crianças para passear e, também, para exercícios físicos, que são permitidos desde que próximo a sua residência e respeitando a distância de 2 metros entre uma e outra pessoa. Exceção para trabalhadores da área de saúde, serviços essenciais, serviços de manutenção e aqueles servidores que realmente não conseguem trabalhar de casa (home office). Mas sempre o aviso de que devem manter distância de segurança de 2 metros e usar máscaras, dentro do possível.
O que os governo nacional e local dizem?
Vladimir Silveira - Estão com o mesmo discurso: pedem para que fiquem em casa e saiam apenas em caso de necessidade urgente. Estão solicitando trabalho voluntário para ajudar com as pessoas de mais idade e também aqueles que enfrentam problemas psicológicos.
O governo presta assistência às empresas para que não fechem?
Vladimir Silveira – Sim, tem algumas medidas para auxiliar aquele que tem menor remuneração e empresas menores. Quanto às empresas menores, eles pagaram um reembolso de 80% do salário dos empregados que foram dispensados do trabalho neste momento. Existe também financiamentos oferecidos para as outras empresas, com subsídios nas taxas de juros e outras ajudas
Existe algum produto faltando?
Vladimir Silveira - Álcool gel e máscaras começaram a faltar já no final de fevereiro. Cabe ressaltar que aqui a venda de álcool é proibida. Alguns produtos como papel higiênico, arroz, ovo e farinha de trigo faltaram por aproximadamente 15 dias, no início do lockdown, pois as pessoas acharam que faltaria por muito tempo e compraram a mais. Além disso, muitas pessoas que não comiam tanto em casa e, sim, em restaurante, voltaram para casa, e isso causou um problema no abastecimento num primeiro momento, agora normalizado.
Como está a questão do preço, subiu ou não?
Vladimir Silveira - Continua normal, só não fazem mais as promoções de leve 2 ou 3 com preços menores, porque para muitos itens é permitido levar 2 ou 3 por família, dependendo do item. Nos supermercados e permitido comprar um máximo de 80 itens por família. Só uma pessoa da família pode entrar no supermercado, desde o dia 2 de abril, e eles controlam a entrada para que possam manter distância de segurança.
Como está o direito de ir e vir?
Vladimir Silveira - As pessoas podem sair para um exercício na rua e nas praças, porém sempre respeitando o distanciamento social e evitando agrupamento. Eventos com várias pessoas estão suspensos. Pedem para usar máscaras para sair e fazer a higienização frequentemente. Dizem que a polícia tem ordem para questionar as pessoas que trafegam na rua, mas dos que conhecemos nenhum teve qualquer problema ou foi questionado. Nossa filha continua saindo, tomando sol, se exercitando junto com as colegas que moram com ela na casa (pois é permitido a saída para se exercitar com as pessoas que habitam contigo). Nós também fazemos caminhadas próximo da nossa residência.
Existe supervisão para que não deixem o isolamento?
Vladimir Silveira - Existe uma fiscalização, por exemplo, para que pubs não abram, que não exista aglomeração para retirar produtos das lojas que vendem online e você retira em um ponto específico. Porém nada muito rígido. O lockdown não tem ainda previsão de cessar. E o pico do problema aqui está previsto para daqui a duas semanas.
As indústrias estão abertas?
Vladimir Silveira - Indústrias estão fechadas na sua maior parte, com exceção daquelas de serviços essenciais.
Quem tem filhos, o que pode e o que não pode fazer?
Vladimir Silveira - Escolas estão fechadas. As famílias podem andar juntas e caminhar em parques ou passeios, porém manter o distanciamento social de 2 metros em relação a outras pessoas.
Houve alguma morte por Covid-19 na sua região?
Vladimir Silveira - Houve 100 mortes em Nottingham, até o momento.
Como está o ânimo das pessoas?
Vladimir Silveira - Um pouco abatidas, mas ainda suportável.
Falam em prazo para acabar com isso?
Vladimir Silveira - Na próxima semana farão uma revisão e análise para saber se continuam ou se prorrogam o prazo.
As pessoas confiam nas palavras do governo ou apenas fazem o que dizem por que são penalizadas se não o fizerem?
Vladimir Silveira - As pessoas em geral confiam no governo. Sabem que o sistema de saúde está deficitário e precisa da ajuda de todos para evitar um desastre maior. É mais uma questão de ajuda entre uns e outros do que propriamente uma imposição. Não temem qualquer penalização. O inglês foi educado a respeitar regras e a seguir instruções. E aqui eles têm muito firme a cultura de ajudar uns aos outros.