Por Alan Caldas – Editor
Dois Irmãos tem apenas 65 km² de área geográfica, mas ainda tem 150 famílias vivendo da agricultura. São 350 pessoas diretamente ligadas à produção primária, conforme nos informa Pedro Joãozinho Becker, do Sindicato dos Trabalhadores Agricultores Familiares. E, além dessas 350, ainda temos na cidade outras 100 famílias indiretamente ligadas à agricultura. São famílias meio-a-meio, digamos, onde na casa um dos integrantes trabalha e vive da terra e outro trabalha em atividade não ligada a terra. Na economia da cidade, Pedro Joãozinho calcula que 450 moradores vivam graças a renda adquirida no trabalho agrícola.
E a terra serve para quê?
Serve para muitas atividades negociais diferentes. A olericultura, que é a plantação de verdura, é bem forte no município e é responsável por 100 hectares plantados. Mas há um detalhe na economia de Dois Irmãos que poucos sabem. É que a cidade tem 10 famílias que vivem do confinamento de gado. Gado não para leite. Gado para corte.
Esse gado de corte que é criado confinado em Dois Irmãos, acaba influenciando o plantio da terra. É que gado para engordar tem de comer, e vem daí que 300 hectares de terra em Dois Irmãos são permanentemente plantados com milho. Milho para silagem. Milho para engordar gado.
Entre as famílias que criam gado de corte, destacam-se nomes como Flávio Boll. Temos também a família Backes, o Erico, o José e o Pedrinho. Temos ainda o Léo Wagner. E os também Backes, Germano, José e Cristovão. Tudo gente que engorda gado no município.
No quesito gado, não se pode esquecer a turma do leite, que é muito importante no município. A família Rossa, por exemplo, onde o Amadeo cuida da produção e o irmão Dirceu responsabiliza-se pela agroindústria, fazendo a pasteurização do leite.
Ainda no leite temos os irmãos Luis Delmar e Eduardo Leomar Berwian, que têm propriedade no bairro Travessão. E igualmente precisamos recordar do Rubem Feiten e sua mãe, dona Crescência, ali do bairro São João. Bem como o Leonardo e o Querino, que junto com a mãe, dona Ilka Becker, atuam nessa área leiteira.
Caminhão-pipa
Esse pessoal todo da pecuária está sendo brutalmente atingido pela falta de chuva. É tão grave a seca para eles, que oito propriedades de Dois Irmãos neste momento estão tendo de receber caminhão-pipa para dar água ao gado. É um momento raro na história de Dois Irmãos.
A seca não atinge apenas o gado. O plantio todo foi abalado. O pessoal das laranjas e bergamotas está prestes a perder a safra “e” as próprias frutíferas. São 20 hectares disso, em Dois Irmãos. Nesse caminho encontra-se, também, a turma do moranguinho. Deveriam estar plantando, mas falta água. Cebola vai no mesmo rumo. A olericultura é responsável por 100 hectares plantados em Dois Irmãos, e está literalmente “pedindo água”.
O sindicato calcula que a seca dará um prejuízo médio de 26 mil reais, por família produtora. E não atinge só Dois Irmãos, toda região sofre. Caí, que vive de citrus, é o que mais sofre. Em vista disso, aguarda-se a falta de produto, nos próximos meses. E os produtores que têm dívida, já estão negociando prazos para prorrogação de pagamento, junto aos bancos.