Fonte: CBN / Foto: Agência Brasil
O PIX já é comum na vida do brasileiro há pouco mais de dois anos. Se popularizou, virou sinônimo de praticidade pra alguns e até facilitou a compra e venda de produtos e serviços. Mas dois anos e meio após a criação do PIX muitos brasileiros não aderiram ao novo sistema de pagamentos.
Sim, pode parecer estranho, mas muita gente não usa PIX e nem pretende criar uma chave. Segundo dados do Banco Central, cerca de 20% dos adultos não têm uma chave PIX – pelo menos 28 milhões de brasileiros. As justificativas são várias: tem aqueles com dificuldade pra lidar com a tecnologia. Nesse grupo, estão os mais velhos. Segundo o Banco Central, os idosos com mais de 60 anos são responsáveis por menos de 1% de todas as transações com PIX feitas no país. Para se ter uma ideia, só em março foram realizadas três bilhões de transações. Num único dia, mais de 124 milhões de transferências via PIX. 6 em cada 10 dessas transferências são feitas por pessoas de 20 a 39 anos.
Mas a “reticência” não é só entre idosos. Alguns adultos já enfrentam dificuldade para mexer no aplicativo do banco e preferem não arriscar. A assessora do Departamento de Competição e de Estrutura do Mercado Financeiro do Banco Central, Mayara Sano, reconhece que a inclusão digital precisa avançar pra garantir a participação de mais brasileiros. Além de mais prático e sem custos, ela lembra que é o meio mais seguro.
– Primeiro por ser um meio de pagamento eletrônico ele já tem um índice de segurança muito maior, por exemplo, do que andar com dinheiro em espécie e tem mecanismos também que facilitam o bloqueio e eventual devolução pra vítima. A gente também fala de compras na internet, por exemplo, ele depende da sua autenticação, de você acessar o ambiente da sua conta, autenticar aquela transação. Tem também um fator adicional quando a gente compara inclusive com cartão de crédito.
De olho em 2024
Estes que ainda não usam o PIX precisam se atentar. Isso porque os bancos deixarão de oferecer aquelas transferências via DOC no início do ano que vem. O serviço acaba em 15 de janeiro e os pagamentos poderão ser agendados até 29 de fevereiro de 2024. A decisão foi tomada porque essas transações somaram, em 2022, 59 milhões de operações – menos de 4% do total de operações bancárias feitas no ano.
Ainda vão existir as TEDs – transferências bancárias que garantem que os valores caiam na conta no mesmo dia do pagamento. Mas tem custo: e cada banco define a própria tarifa, como explica a diretora adjunta de Inovação, Tecnologia e Cibersegurança da Federação Brasileira dos Bancos, Carolina Sansão.
– Alternativamente ao PIX o cliente possui diversos outros meios para realizar seus pagamentos ou transferências, como a própria TED, o cartão de crédito e de débito, por exemplo. No caso da TED, a quantidade disponível ao cliente segue conforme o acordo que ele possuir com o banco. O que pode variar o tempo é se a TED fugir do padrão do cliente ou valores muito altos. Ela poderá levar até 6 horas em análise antes da sua liberação.
Apesar dos mais reticentes, a verdade é que o PIX bancarizou os brasileiros. 70 milhões de pessoas que nunca tinham feito uma transferência bancária sequer agora fazem um PIX. O Banco Central tem recebido ainda feedbacks de empresas, principalmente de e-commerce, que após aderir ao PIX conseguiram novos clientes. Por isso, o BC acredita que, com o tempo, mais pessoas devem usar o sistema de pagamentos.