Ramon / Márcio / Ederson
A Câmara de Vereadores de Dois Irmãos não teve sessão ordinária nesta semana, por 29 de julho ser a quinta segunda-feira do mês. A casa volta a se reunir no dia 5 de agosto. Na reunião da semana passada, dia 22, o tema eleição municipal voltou à tribuna.
Segundo Márcio Goldschmidt (PT), mesmo ainda em período pré-eleitoral, ‘as mentiras e baixarias já tiveram início’. O vereador afirmou que existe uma tentativa de difamação do pré-candidato a prefeito Cleri Camilotti, dizendo que ele não tem vínculo com a cidade.
– Eu diria que é o exército das mentiras. Isso já foi feito em 2000, 2004... Em 2008 não conseguiram fazer porque veio uma onda de mudança; depois, fizeram em 2012, e a cidade está cansada desse tipo de mentiras. Dizer que ele não tem vínculo com a cidade é no mínimo não conhecer a história tanto do Cleri quanto de Dois Irmãos. Essa tentativa me parece frustrada e desesperadora, mas também é natural que tenha esse desespero. Para um governo que tem poucas obras, o que resta é bater no pré-candidato a prefeito da oposição. Quando as pessoas conhecem o Cleri e conversam com ele, elas se impressionam com sua capacidade de articulação, mas principalmente com as ideias que ele tem de administração pública e que podem ser implantadas aqui na nossa cidade, se ali na frente ele chegar a ser o próximo prefeito – declarou Márcio.
Durante sua manifestação na tribuna, Elony Nyland (MDB) alcançou um papel para Márcio:
– Pois é, isso é o que vocês foram orientados... – reagiu o petista, sem mencionar o que estava escrito. – Faz parte, a gente não esperava nada diferente dessa turma, uma turma que fez muito pouco em 12 anos de governo: na área da habitação, não fez nada; na área de infraestrutura urbana, muito pouco; na área de atrair ou de pensar políticas públicas de desenvolvimento econômico, muito pouco também, e ainda perderam uma grande indústria que está indo se instalar no município de Araricá – acrescentou ele, fazendo referência à fabricante de tratores Mahindra.
Para Darlei Kaufmann (MDB), é preciso ouvir e valorizar empresas que estão na cidade.
– Falar das empresas que nos deixaram ou que fecharam, pouco agrega. Lamentamos, sim, quando a Mahindra foi embora, e até concordo que talvez possamos ter demorado um pouco para entender este movimento da empresa, mas hoje precisamos primeiro lembrar das que ainda estão aqui – comentou.
‘Batalhas de narrativas’
Ramon Arnold (PP) rebateu Márcio, dizendo que agora começam as ‘batalhas de narrativas’:
– Já estou ouvindo a narrativa da Mahindra, e vou querer saber o que teriam feito, como driblariam a questão dos terrenos. Tivemos, sim, a chegada de uma nova empresa, a GG10, que construiu um belo pavilhão. A chegada da GG10 foi muito boa para o município, mas inflacionou os terrenos naquela área, e isso foi um dos grandes motivos da Mahindra sair daqui. Gostaria de ouvir qual seria a solução para driblar valores imobiliários de forma legal, coerente e direta.
Ele enumerou ainda obras da atual administração, entre elas a nova ponte dos bairros Vila Rosa e São João, a futura escola municipal do bairro União, as ligações com Novo Hamburgo e Ivoti, e os inúmeros asfaltos.
– E acho que o principal: salários em dia, contas em dia, dinheiro em caixa. A gente gosta muito de ver obras, e todos querem obras, mas a segurança financeira de que vamos ter como pagar 13º, folha e tudo mais até o final do ano, é louvável. A gente vê no Brasil várias cidades fazendo obras, mas com problemas de corrupção, problemas de folha de pagamento – afirmou Ramon.
Ederson Bueno (MDB) disse que não recebeu nenhuma orientação do partido.
– A questão de dizerem que o pré-candidato Cleri é de fora ou que talvez não tenha ligação suficiente com Dois Irmãos para ser prefeito, é uma fala que, a meu ver, parte de boa parte da população. Prova disso é a fala do próprio vereador, dizendo que as pessoas iniciam agora conversas pessoais com ele. Se ele tem uma ligação tão grande assim com o município, as pessoas já teriam essas conversas com ele há muitos anos, do mesmo jeito que elas conhecem o prefeito atual desde criança – reagiu.
Ele aproveitou para elogiar o prefeito Jerri Meneghetti, pré-candidato à reeleição:
– O nosso gestor é absurdamente competente. O trabalho vem sendo bem desenvolvido. Alguns pontos podem melhorar? Podem, mas apontar o defeito é muito fácil; fazer melhor do que está sendo feito, eu duvido que consigam fazer – alfinetou.
Sergio Kroetz (PP) corroborou o discurso do colega governista e questionou Márcio:
– Tenho certeza que esses boatos não são exclusivamente da situação, porque eu conheço inúmeros companheiros do partido de vocês que comentam comigo que até agora não assimilaram essa chapa. Sobre a mudança que tu disse que veio em 2008, pergunto por que, passados quatro anos, a população voltou atrás?
‘Apatia que incomoda’
No espaço de lideranças, Márcio retomou a questão econômica:
– Em 2008 tínhamos uma Lei de incentivos. Em quatro anos de governo do professor Miguel (Schwengber), foram mais três novas Leis. O que essas administrações que nos sucederam criaram de legislações ou de incentivo para as empresas? Eu gostaria de saber. Narrativas vêm sendo construídas há 12 anos. Eu queria que algum vereador da base do governo dissesse: “Nós criamos um projeto habitacional que atendeu ‘x número’ de famílias”. Não fizeram ‘uma meia água’ em 12 anos. Essa apatia do atual governo, essa aceitação de que as coisas são difíceis, me incomoda. Dois Irmãos, com o orçamento que tem, poderia fazer muito mais – concluiu o vereador.
Ramon também voltou à tribuna:
– Tivemos alterações em Leis de incentivo que o governo atual utilizou para manter empresas aqui. Isso foi apresentado à Mahindra, mas a empresa, por suas questões de ‘compliance’, não queria se amarrar com o governo municipal; esse foi o grande motivo. Eles queriam comprar (uma área), ter escritura e o próprio projeto, sem nenhum tipo de amarração com algum ente público – justificou.
Por fim, o presidente Nilton Tavares (PP) ponderou:
– É muito bom conhecermos o passado para não cometermos erros no futuro. As gestões estarão em xeque: o que fez cada uma, como cada gestão entregou a prefeitura para o governo subsequente. Acho que esse debate agora vai ser trazido com mais aprofundamento.