Por Alan Caldas – Editor do JDI
Na noite de ontem, terça-feira, 31, nosso conterrâneo Marcel van Hattem, deputado federal pelo Novo com 256.913 votos (8.243 destes aqui em Dois Irmãos), se lançou candidato a presidente da Câmara dos Deputados Federais do Brasil.
É um tiro na Lua.
Se acertar, bingo! Ganhará o espaço nacional e internacional que hoje é do alagoano Arthur Lira. Será forte. Será poderoso. Poderá sentar nos pedidos de impeachment contra o presidente, como fez Lira a favor de Bolsonaro. Ou não sentar. Dependendo dos interesses, como fez (o hoje preso) deputado Eduardo Cunha, então presidente da Câmara, que abriu em 2 de dezembro de 2015 o processo que acabou na cassação de Dilma Roussef a favor do MDB.
Acertando, ou seja, sendo eleito, Marcel “acertou na Lua”.
E, se errar?
Se errar, tudo certo. Vai para o meio das estrelas.
Ou seja: é um tiro bem dado!
Marcel já tentou isso duas vezes.
Na primeira, em 2019, conseguiu fazer 23 votos. Na segunda, em 2021, caiu do patamar e fez só 13. Mas tentou. E o importante é tentar.
Marcel ainda trabalhava no Jornal Dois Irmãos quando se elegeu vereador pela primeira vez. Depois, assessorou deputados como Renato Molling e Jerônimo Goergen.
Então, resolveu especializar-se na área política e foi ao mundo, para estudar ciência política noutros países.
Voltou “afiado”. Juntou o que sabia e lançou-se candidato a deputado estadual. Não passou. Fez pouco voto. Ficou na suplência. Mas assumiu.
Já naquela primeira eleição, chamou a atenção a questão da modernidade do Marcel. Ele aproveitou algo que, em casa, sempre teve fartamente: a tecnologia.
Uma vez ele me disse, aqui no jornal, que o Rintje, seu pai, tinha sempre a tecnologia mais de ponta que existia e sempre repassava esse conhecimento para ele. Inteligente, Marcel aprendeu rápido.
Quando veio a eleição e tendo de percorrer áreas imensas para pedir voto, Marcel lembrou-se da tecnologia e de tudo que havia aprendido sobre modernidade na eleição nos países onde estudara.
Ele tinha fundo na consciência essa herança paterna e passou, então, a usar a tecnologia nas redes sociais.
Arrumou centenas de milhares de admiradores. Era jovem. Bem formado. Boa família. Humilde. E tecnológico. Tudo que o eleitor esperava, naquela época, de um candidato.
Marcel lançou-se, então, candidato a deputado federal em 2018. Era uma proeza. Um tiro na Lua. E acertou. Elegeu-se com uma assombrosa votação, fazendo 349 mil votos.
O tempo desgasta e líderes perdem brilho. No ano passado, Marcel foi à reeleição, e embora tenha perdido 93 mil votos, ainda fez impressionantes 256 mil, que lhe permitiram ser reeleito deputado federal.
Eleito, Marcel precisava já na largada fazer “algo” que o destacasse. Fazer algo bem impressionante. Algo para marcar esta sua segunda eleição para deputado. Algo que fizesse ele se destacar. Que fizesse ele não ser “apenas mais um” num cenário de 513 deputados federais.
O que fazer?
Marcel lançou-se outra vez candidato à presidência da Câmara dos Deputados. É outro tiro na Lua.
E, com a candidatura, Marcel ganhou espaço na mídia oficial, os jornais, as tevês e as rádios importantes.
Destacou-se. Não é “mais um”. Tornou-se 1 entre 3 que disputam o cargo naqueles 513 que integram a Câmara. E, convenhamos: 1 de 3 é um enorme destaque para quem iria ser apenas 1 entre 513.
Pode até dar errado a candidatura do Marcel, no sentido de não se eleger. Mas não importa. Já deu “certo”. E, mesmo que não se eleja (o que é provável, pois Lira até aumentou para 8 mil reais o auxílio moradia dos deputados para comprar votos), ainda assim Marcel acertou. É que ele deu um tiro na Lua. E, quando você dá um tiro na Lua, se errar você vai para o meio das estrelas. E é lá que um político com visão grandiosa tem de estar. Ou de querer estar.