Pa. Cláudia P. S. Pacheco / Comunidade Evangélica – IECLB
Eu tenho uma Esperança, que é uma Esperança bem missioneira, encontrei em Santo Ângelo, na região das Missões do nosso Estado. E ainda a tenho comigo. Falo de uma cachorrinha que veio nos ajudar a enfrentar uma sequência de perdas e lutos de pessoas queridas.
Mas, por que hoje falo dessa Esperança? Há alguns dias atrás escutei que a esperança precisa ser concreta. Quando perdemos alguém tudo altera em nós, há uma sensação de vazio, de perder o sentido das coisas. A pessoa se depara com uma tremenda dificuldade de falar e de dar nome aos nossos sentimentos e emoções. Muitas vezes, ela até nem responde à estímulos, nem responde às pessoas amigas, debate-se na sua dor buscando um sentido, tentando superá-la sozinha. Então, foi assim, que depois de meses de luto, meu filho, que na época tinha 8 anos, disse com os olhos cheio de lágrimas e coração sufocado: Mãe, se eu perder mais alguém, não vou ter mais coração.... Choramos juntos, porque não havia muito o que dizer além do que já tinha sido dito. Então, partimos para outra fase e buscamos formas de restabelecer relações e ressignificar a vida. O luto tem o momento de enfrentamento a sós, mas chega o momento em que a pessoa precisa externalizar os seus sentimentos e daí se faz necessário a presença de outras pessoas. Fomos em busca de acolher, adotar outro amigo de quatro patas, e encontramos a Esperança e sua família [nome dado, pelas atendentes da Clínica, à cachorrinha que foi resgatada da morte para vida].
Conclusão, a esperança é construída em meio aos vazios e às ausências, e na experiência da dor ela é mobilizada junto às pessoas que amam a vida. Talvez você já tenha feito ou poderá fazer parte de uma rede de apoio ao luto de uma pessoa. Não tenha medo de construir esperanças, oferecendo companhia e escuta. Tempos de crise são tempos de oportunidade, tempos de ressignificar a vida conferindo novos valores.
“Eu lhes darei um coração novo e porei em vocês um espírito novo”.
(Ezequiel 36.26)