Por Alan Caldas (Messina - Sicília) / (Tempo de leitura: 2m15s)
A história da evolução do relógio é fascinante.
O homem sempre observou o clima, chuva, vento, calor, frio e efeitos nas colheitas. E viu que se repetiam.
Olhou o sol, o dia. Olhou a lua e a noite. E viu que se repetiam.
Levou milênios, mas um dia de tanto olhar e pensar os gregos inventaram a palavra orologium.
Significa tempo ou estação. Hora e dia ainda não existiam como medida. Mas 3.500 anos atrás eles inventaram um relógio do sol, dividindo o nascer e o pôr-do-sol em 12 horas, e através de 12 estrelas as horas da noite. Assim, criaram então o conceito de “dia” com 24 horas.
Os egípcios igualmente criaram, 3.400 anos atrás, a Clepsidra, esse foi o primeiro relógio de água. Eu vi ele no Museu do Cairo, dois anos atrás.
No caminho do tempo apareceu a ampulheta, dois cones com areia escorrendo entre um e outro num certo espaço de tempo.
Já no ano 725, o monge chinês Yi Ching criou o primeiro relógio mecânico. Um conjunto de engrenagens com 60 baldes nos quais escorria água. Assim surgia o conceito de minutos e hora.
Na sequência, no ano 800, o califa Harune Arraxide deu para Carlos Magno um relógio mecânico de onde saía um cavaleiro que dizia as horas. Estava surgindo o “cuco”.
Em 1500 o alemão Peter Heinlen fabricou o relógio de bolso e de dar corda, o “ovo de Nuremberger”, porque a forma era ovalada.
Em 1595 o italiano Galileu Galilei, olhando os movimentos do botafumero na igreja descobriu o isocronismo, o movimento dos pêndulos. E isso permitiu ao holandês Christiaan Huygens, em 1656, criar o relógio de pêndulo.
Foi o brasileiro Santos Dumont que precisando ver as horas enquanto voava inventou o relógio de pulso, e que a pedido dele foi produzido por Louis Cartier, em 1904.
Conto isso porque assisti, na despedida da Sicília um show que todos os dias, ao meio dia, se assiste na Catedral de Messina.
É o relógio astronômico, o maior do mundo. Uma obra gigante onde um imenso leão se move e ruge 3 vezes. Um galo enorme bate as asas e canta 3 vezes, observado por duas mulheres que se movem. Um anjo acompanhado de São Paulo e embaixadores de Messina cumprimentam a Santa Lettera.
São 4 diferentes estações num gigantesco relógio e ao som da Ave Maria de Schubert.
Com essa imagem nos despedimos da Sicília. Uma imagem que é quase miragem. E que sem dúvida é inesquecível.
FOTOS
1. A Sicília é a ilha que fica depois da “ponta do pé” da bota, conforme é o desenho do território da Itália no mapa-múndi.
2. O relógio de Messina, visível na torre sineira da catedral, é um dos símbolos mais importantes da cidade e representa uma verdadeira joia artística e histórica. É um relógio mecânico e astronômico, o maior e mais complexo do mundo, inaugurado em 15 de agosto de 1933. É tão sofisticado e rico em elementos que se tornou, ao longo do tempo, um dos monumentos mais belos e artísticos da Sicília, atraindo numerosos visitantes.
3. Clepsidra, o relógio d’água egípcio foi um dos primeiros sistemas de medição de tempo criados pelo homem. É um dispositivo movido a água que utiliza a força da gravidade. Está no magnífico Museu do Cairo.
4. Em 725 d.C., Yi Xing, um monge budista chinês desenvolveu um relógio mecânico que tinha um complexo sistema de engrenagens e 60 baldes de água que correspondiam aos 60 segundos que fazia uma revolução completa em 24 horas.