Alan Caldas (Editor)
Miguel Engelmann nasceu em Dois Irmãos no dia 19 de agosto de 1966 e está com 57 anos. É filho de Darcy Engelmann e Lori Schuck Engelmann, que lhe deram apenas um irmão, Wilson.
Iniciou a escola no Jardim da Infância do Centro Evangélico. Depois fez até a 4ª série no Grupo Escolar e então foi para a Escola 10 de Setembro. O 2º Grau ele cursou na escola que hoje é a Affonso Wolf, e concluiu em 1983. Em 1984 entrou na Unisinos, no curso de Administração e Comércio Exterior, mas fez uma parada na faculdade e se formou no início dos anos 90.
Miguel começou a trabalhar aos 14 anos, no Calçados Maide, no setor de corte de couros e seu primeiro chefe de setor foi Alípio Wiest. Ele trabalhava das 7 às 11h30 e das 13 às 17h30 e estudava à noite. Ficou 4 anos nesse setor e dali foi para o Departamento de Pessoal, onde era chefiado por Ricardo Knorst e ficou por mais 4 anos. Por fim, foi para o Departamento de Informática e ficou até 2008, quando a empresa encerrou as atividades. Entre os anos 2008 e 2009 ele trabalhou pela empresa Macle Informática, fazendo o pós-venda.
Nessa época sua vida de empregado desapareceria e surgiria o Miguel empresário. Era um domingo de 2010 num churrasco em sua casa para alguns amigos. Entre eles estava o seu cunhado Mauri Reis, e começaram a refletir sobre abrir um pequeno negócio em Dois Irmãos. E esse negócio era uma cervejaria.
Empolgados com a ideia eles começaram a fazer pesquisa para saber quem já fazia cerveja. Visitaram a Abadessa, a Barley e a Südbrau. E avaliaram cada uma, para ver se seria viável ou não se ter algo semelhante em Dois Irmãos.
Feito isso, Miguel e Mauri partiram para a execução e compraram uma “cozinha” (brasagem) de 250 litros e 2 tanques de 500 litros cada para começar a cervejaria. Como a cerveja leva 3 semanas para ficar pronta, com esse equipamento eles poderiam fabricar mil litros por mês.
Por sugestão de um amigo fiel, batizaram de Hunsrück a nova cerveja que surgia. Foi uma homenagem ao local na Alemanha de onde vieram os pioneiros que, em 1829, chegaram aqui para criar Dois Irmãos. Prosit! E surgia assim a respeitadíssima Cervejaria Hunsrück.
Instalaram a empresa na rua Sede Campestre, em Dois Irmãos, e se apoiaram no cervejeiro Mateus da Silva, proprietário da Cervejaria Farol, em Canela, para lhes dar suporte técnico na produção da bebida. E o empreendimento imediatamente foi bem aceito pela população local.
Em 2012 Miguel e Mauri transferiram a sede para a rua Alberto Rübenich, no bairro Travessão, e que é o local mais histórico da cidade pois ali chegaram os primeiros fundadores de Dois Irmãos. Nesse ano foi aumentada a “cozinha” para 500 litros e passaram a ter 6 tanques de 500 litros, o que proporcionava uma produção de 5 mil litros por mês.
Em 2010 a venda era exclusiva para Dois Irmãos. Em 2013, com o aumento da produção, passaram a vender para fora do município. E como a Hunsrück foi bem aceita e ganhou fama nos arredores, em 2015 novamente aumentaram a produção, fabricando, agora, 25 mil litros de cerveja por mês.
A partir de 2015 a Hunsrück passou a participar de eventos e feiras. O primeiro prêmio foi em 2016, no Festival Brasileiro da Cerveja, em Blumenau. Ganharam medalha de 1º Lugar com a Lichtenhainer, uma cerveja histórica alemã. Hoje têm uma linha de Cervejas Históricas alemã, polonesa e finlandesa.
Atualmente têm 12 produtos em linha, ou seja, sempre à disposição do público, e 28 estilos produzidos na cervejaria, sendo que a Pilsen segue sendo a mais vendida. E porque o dono precisa conhecer o produto, Miguel foi se aperfeiçoar fazendo o curso de Técnico Cervejeiro na Escola Superior de Malte, em Blumenau.
Miguel é casado com Roseli Reis Engelmann. Ele já a conhecia da escola e lembra, feliz, que “a paquera já vinha de longe”, desde uma festa de escolha de Princesa, na Sociedade Atiradores. Mas naquele dia, tímido que era, ele “não chegou”. Porém o flerte foi evoluindo e foi tão importante o momento do início concreto desse relacionamento que Miguel lembra até a data exata em que ocorreu: 26 de setembro de 1987.
Foi essa a noite que ele a tirou para dançar, em um baile de Kerb na Sociedade Santa Cecília. A Roseli também trabalhava na empresa Maide e nos dias seguintes o que circulava de bilhetinho entre ele e ela dentro da empresa “era lindo”, lembra Miguel.
Casaram no dia 30 de dezembro de 1994, com celebração na igreja da IECLB e festa na Sociedade Atiradores, “onde a paquera começou”, diz Miguel. Festa com direito a foguete, bandinha alemã e carro puxando lata pela avenida São Miguel.
São grandes parceiros, o Miguel e a Roseli. Se divertem juntos. E decidiram não ter filhos. Viajam muitíssimo. Já carimbaram o passaporte em 51 países e seguem andando. Nos planos do casal e para quando “der tempo”, está o sonho de fazer uma viagem de carro saindo de Dois Irmãos para ir até Ushuaia, dali ao Alaska, subindo pelo Atlântico e voltando pelo Pacífico, em um trajeto de 80 mil quilômetros.
Miguel sempre esteve ligado ao Clube União. Já no início dos anos 1980 jogava na escolinha e no segundo quadro do clube. E quando fez 20 anos entrou para a Diretoria. Foi Secretário, Tesoureiro e Presidente. Ajudou a fundar, junto com Nilson Olbermann e Roque Blume, o aplaudidíssimo Projeto Prata da Casa.
Sua paixão pelo União é histórica, ele sempre acompanhava os times em jogos pelo interior. Nos anos 2000, ajudou a montar equipes que disputaram o Municipal de Futebol, seja ele sendo diretor ou treinador. Em 2003 participaram do Torneio Rota Romântica, ficando campeões no 1º e 2º Quadro e Miguel era o treinador do 1º Quadro. Entre 2007 e 2016, o União ganhou sete vezes o Campeonato Municipal, em algumas Miguel sendo treinador e noutras sendo dirigente. Com o crescimento da Cervejaria Hunsrück, que exige atenção plena em fins de semana, sua participação diminuiu um pouco, mas o coração ainda bate forte quando fala no União, que é a sua casa esportiva.
Miguel é alegre e participativo.
Ele mede 1,90m. Pesa 95 quilos. E calça sapato 41. Gosta de música sertaneja, pagode e músicas alemãs. Bebe cerveja, mas não dispensa uma boa caipirinha. Gosta de ler sobre lugares e culturas. Na cozinha se sai bem numa carne de panela. Dorme pouquíssimo, 4 horas por dia, e não sonha “porque não dá tempo”, brinca ele. Tem diabetes, mas sob controle. É mais ou menos organizado, admite, porém no trabalho tem foco profundo. Já participou da política. Foi numa época em que a cidade cometeu um grande equívoco. Mas não guarda mágoa, e diz que “política é passado”. Atualmente preside a Rota Colonial Baumschneis. E sobre o futuro da cidade, Miguel lembra que a cidade tem boa estrutura em todos os setores, “e agora o que precisamos fazer é achar outras realidades que sejam viáveis para as próximas gerações de Dois Irmãos”.