Alan Caldas – Editor (Casablanca – Marrocos)
Brincadeiras à parte, é consenso entre fotógrafos que não há lugar tão perfeito para se assistir ao nascer e ao pôr do sol quanto o Marrocos.
E, nele, dizem (porque ainda não chegamos lá) que o deserto do Saara é o melhor de todos.
Hoje, aqui em Casablanca, porém, fomos surpreendidos pelo horário do nascer do sol. O astro rei só deu as caras às 8h29. Tardinho, não é?
Casablanca não é rodeada de dunas, como o Saara. Esta à beira-mar. Mas, ainda assim esse horário é surpreendente.
Estive em lugares com ainda mais horas à frente no fuso horário (aqui são 4) e o sol não nascia tão tarde.
O pôr e nascer do sol aqui no Marrocos é tão deslumbrante, que há relatos de que, durante a II Guerra Mundial, o pôr do sol nas montanhas Atlas era vez que outra apreciado por Winston Churchill e Frank Delano Roosevelt, em 1943.
Fico imaginando as baforadas de fumaça exaladas por Churchill, com seu tradicional puro largo nos beiços, enquanto o fleumático Roosevelt se abanava, mandando a fumaça para o lado.
Penso nos dois ali nas montanhas, vendo o sol se pôr, enquanto ouviam o estridente som de obuses, o mortal pipocar de metralhadoras e o desesperador espocar de granadas com gritos de desespero lá ao longe, nos vales onde a guerra dos homens semeia a morte e envia almas frescas para o Céu.
Nascer e pôr de sol sempre chamaram a atenção do ser humano.
Creio que há algo em nossa alma que sempre nos empurra para o início e para o fim dos tempos. Seria a melancolia que impregna o nosso Ser?
Ou é a criança amorosa e ingênua que sobrevive em nós que busca sempre uma explicação bela para o sentido da vida nem sempre tão linda quanto queríamos que fosse?