Por Alan Caldas (Editor)
Maria Hildegard Weber, exerceu a função de Secretária Paroquial, de 13.03.1989 até 22.03.2023. Mais da metade da sua vida, ligada, com ardor e dedicação à comunidade, onde trabalhou muito, podendo servir e acolher, com alegria e responsabilidade, todos aqueles que procuravam a secretaria da paróquia.
Sua trajetória iniciou em 1983, quando veio morar em Dois Irmãos. Começou a participar do Grupo de Jovens (Jucadi) e naturalmente, participava das missas e atos religiosos, sendo catequista por muitos anos.
O esforço investido reflete seus sonhos, dos quais se alegra em dizer que já teve muitos realizados, como viajar bastante, ter uma família amada, unida e possuir o seu próprio lar.
Apreciadora da leitura, não abre mão de um bom livro e de ouvir música. Além de adorar cozinhar, não nega uma tacinha de vinho em sua rotina.
Hildegard valoriza a boa companhia dos amigos, fazendo questão de demonstrar o carinho e tratá-los bem. Admira o comprometimento e a pontualidade, e não gosta de julgamentos, sem conhecer a realidade do outro. Para ela, um mundo melhor seria construído com mais amor entre as pessoas, com respeito mútuo e mais tolerância, enxergando o futuro como desafiador e transformador.
A autoestima pessoal, alimentar o corpo, o espírito e o respeito mútuo, também são valores de grande importância para ela.
Vida familiar e pessoal
Maria Hildegard nasceu às 20 horas do dia 8 de março, no distrito de Boa Vista do Herval, no hoje município de Santa Maria do Herval e que na época pertencia à Dois Irmãos.
A mãe estava voltando da roça, com o cavalo carregado com pasto, e sentiu as contrações do parto. Quando chegou em casa, estava praticamente dando à luz. Em vista disso, o pai, Aloysio Weber, tomou-se de coragem e ele mesmo foi quem fez o parto. Após, chamou a parteira Ana Wagner para se certificar de que estava tudo bem. Nascido no Pinhal Alto, em Nova Petrópolis, Aloysio Weber tinha 41 anos quando a filha nasceu, e faleceu aos 71.
A mãe, Olinda Lauxen Weber, é natural de Jammerthal, uma localidade que pertencia a Nova Petrópolis e que hoje integra o município de Picada Café. Ela sempre foi agricultora e, como se viu, trabalhou nas plantações até o mesmo dia em que deu à luz a Hildegard, aos seus 36 anos.
O nome Hildegard foi dado pelo pai, que, enquanto serviu no Quartel, encontrou um bilhetinho com uma oração de “Santa Hildegarda Von Bingen”. Como não conseguiu pôr o nome Hildegard numa das primeiras filhas que nasceram, quando em 8 de março ela nasceu, o pai foi levar ela no dia 9 de março para batizar e, ao voltar para casa, avisou que a menina fora batizada com o nome de Maria Hildegard. A mãe, resignada, anos depois, lhe falou que seu nome era para ser Elisabete.
Dona Olinda faleceu aos 73 anos. Órfã dos pais, que a amavam muito, Hildegard sente ainda hoje, muita saudade e falta e estão presentes em suas orações e sempre procura viver e testemunhar todos os valores que os pais transmitiram para ela e seus irmãos.
Entre os 16 irmãos, Hildegard foi a décima primeira: Laurino, Marlene, João, Hedwig, Otávio, Paulo, Ricardo, Cláudia, Lucila, Pedro, Brunilde, Roberto, Elise e os gêmeos José e Maria, que faleceram logo após o nascimento. Também são falecidos Laurino, João, Hedwig e Pedro.
Com tanta gente em casa, a infância da Hildegard foi povoada por muitos irmãos e ela se recorda de brincar com os irmãos, vizinhos e primos. Eram as brincadeiras do passado, sem a tecnologia de hoje, onde as crianças se divertiam pulando corda, confeccionando bonecas com batata e sorrindo muito nas brincadeiras de roda-roda e ovo podre.
Lembra que todas as noites, antes da janta, o “tema da aula”, tinha que estar feito e, todos reunidos, em redor de uma mesa enorme, jantavam e, em seguida, era feita a “Oração do Terço”, em português, “para que aprendêssemos a falar português”. Uma vez por semana, o pai fazia questão de rezar o terço em língua alemã, para que os filhos aprendessem a rezar na língua alemã.
Foi uma infância maravilhosa, com todos os perrengues possíveis, mas a felicidade estava presente. Hildegard adorava inventar brinquedos, que hoje sobrevivem em sua memória de infância. Hildegard é neta de Felipe Weber, nascido em 1895, e de Verônica Kröetz Weber, nascida no ano de 1897, que são os pais do seu pai. Os avós pelo lado materno são Antônio Lauxen, nascido em 1890, e Catharina Schaab Lauxen, nascida em 1891. Todos eram agricultores. A família sempre foi católica, e ela lembra de todos muito felizes, indo à missa de carroça, em Boa Vista do Herval.
Descendentes de alemães, mantinham a tradição de comemorar o Kerb em casa, reunindo primos e tios que vinham de Pinhal Alto a passeio em festas inesquecíveis. A casa era toda lavada e pintada com cal branco, para celebrar esta festa familiar de encontro e confraternização. Eram sempre dias muito aguardados!
Hildegard teve sua juventude muito bem aproveitada. Adorava dançar em bailes nas redondezas e passeava com irmãos e amigos. Como a vida é feita de escolhas, ela decidiu não casar e também não ter filhos. Mas, a vida lhe deu muitos sobrinhos e afilhados, com os quais mantém uma relação de tipo, "segunda mãe”, mas com açúcar, pontua ela. É com alguns deles que já fez e pretende fazer viagens maravilhosas.
Estudo e trabalho
Aos 6 anos começou a estudar na Escola Germano Hauschild, em Boa Vista do Herval, onde obteve muitos aprendizados com a professora Ivone Terezinha Neumann Moraes, uma pessoa muito especial, diz ela, e que sobrevive em seu coração com ensinamentos muito importantes para a vida.
Hildegard concluiu os estudos fazendo supletivo, da sexta à oitava série na Escola Dom Pedro II, em Novo Hamburgo. O Segundo Grau, hoje Ensino Médio, ela cursou em Dois Irmãos, na escola Escola Estadual de Segundo Grau, à noite, que na época, funcionava na Escola Imaculada Conceição, e hoje é denominada de Affonso Wolf.
Com a paixão cultivada pela leitura e pelos livros, cujo gosto herdou do pai que lia muito, Hildegard ingressou na faculdade de Letras, na Unisinos. Porém, após 4 anos, percebeu que não conseguiria continuar, e trancou o curso.
Sua trajetória de vida está longe de ser considerada fácil. Aos 14 anos começou a trabalhar, em uma casa de família, em São Leopoldo, onde permaneceu durante dois anos.
Depois iniciou na empresa Calçados Erno, em Novo Hamburgo, por um curto período e veio morar em Dois Irmãos. Já na cidade, trabalhou na empresa Calçados Wirth. Depois em uma creche da prefeitura. Também trabalhou na empresa CR Schneider, em Novo Hamburgo. E após essa trajetória, foi convidada para prestar seu serviço como secretária da Paróquia de Dois Irmãos, onde permaneceu até 22.3.2023, realizando um trabalho muito importante e significativo no município.
Como a Igreja sempre foi um centro da comunidade, pelo volume de fiéis que a integram, Hildegard conseguiu ali, não apenas um trabalho, mas uma grande missão. A missão de propagar a fé e o amor pela cidade, esmerando-se em seu ofício para expandir as coisas bonitas e boas que a Igreja católica oferece, sempre atenta e disposta para ajudar à todos, seguindo, rigorosamente, todas as regras e normas que a Entidade, com mais de 2 mil anos possui.
Mas, esta trajetória de tanto amor e dedicação foi bruscamente interrompida em 22 de março do ano passado, depois de 34 anos. Segundo ela, “foram muitos dias de dor e sofrimento. Neste momento, a família e os verdadeiros amigos “estenderam a mão, me seguraram firme, para não desmoronar”, diz ela, afirmando que “sempre serei grata por cada abraço, por cada ligação telefônica, por cada ouvido emprestado, mensagens de WhatsApp e visitas presenciais, que foram me fortalecendo aos poucos”.
Para uma mulher de fé e forte, foi também o momento de se reerguer. Passados seis meses, espiritual e psicologicamente melhor, eis que surge uma oportunidade de a Hildegard recomeçar. No dia 15 de setembro ela começou como “auxiliar administrativa”, no Hospital São José de Dois Irmãos, administrado pelo Hospital Ana Nery de Santa Cruz do Sul. Com certeza, como sempre fez, diz ela, alí ela dará o melhor de si, nas tarefas que lhe forem ensinadas e solicitadas. Está feliz e grata à gestão do Hospital, pela oportunidade.
Como Hildegard gostaria de ser lembrada por toda sua trajetória de vida? É ela quem responde:
– Como uma pessoa do bem e de bem com a vida, um ser humano feliz e realizado em seu trabalho e em sua vida pessoal e comunitária.
MARIA HILDEGARD WEBER
Filha de: Aloysio Weber e Olinda Lauxen Weber
Irmã de: Laurino (in memoriam), Marlene, João (in memoriam), Hedwig (in memoriam), Otávio, Paulo, Ricardo, Cláudia, Lucila, Pedro (in memoriam), Brunilde, Roberto, Elise e dos gêmeos José e Maria (in memoriam).
Neta de: Felipe Weber e Verônica Kröetz Weber, e de Antônio Lauxen e Catharina Schaab Lauxen.