Por Alan Caldas (Editor)
O Rio Grande do Sul é um exemplo disso. Aqui 52% do eleitorado é composto por mulheres, mas apenas 7,9% cidades gaúchas elegeram mulher para administrar a prefeitura.
A média nacional também é baixa. É de 15,5%, apenas, mas é bem melhor do que a média gaúcha de mulheres no Poder Executivo.
Nos 492 municípios do RS que já definiram seus prefeitos, as mulheres venceram em somente 38. Esse número está abaixo da eleição de 2020, a passada, quando as eleitas foram 39. Ou seja, há um vetor em baixa, e isso é péssimo. Precisamos de mulheres paritariamente nas administrações públicas e privadas, ou a mudança não vem.
Nas 5 cidades gaúchas em que haverá segundo turno para prefeito, Porto Alegre é a única que ainda tem uma candidata na disputa. Dá para aceitar um absurdo desses? Cadê as mulheres?
Me informei no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e vi que aqui no Rio Grande do Sul foram 129 mulheres candidatas à prefeitura. Em contrapartida, 1.085 homens foram candidatos.
O número de mulheres candidatas é assustadoramente baixo. O que será que as leva a não concorrer?
Eu não sei. Diga você, por favor.
Em Dois Irmãos, por exemplo, não tivemos candidata mulher para o cargo de prefeito.
Tivemos aqui candidata a vice-prefeita. Uma no partido Republicanos, onde Melina Wingert Fuhr foi a candidata a vice do candidato Rogerio Dapper. E outra no PL, onde Denise Kohlrausch foi candidata a vice do candidato Mauro Rosso.
Já para o Legislativo local, concorreram mulheres ao cargo de vereadora, porém apenas duas se elegeram: a professora Andrea Blume, que fez 596 votos, e a técnica em enfermagem Celina Christovão, que se reelegeu com 486 votos.
Em Morro Reuter, a vice-prefeita eleita foi Sônia Feldmann, que concorreu na chapa do Airton Bohn. Já para o Legislativo, Morro Reuter elegeu apenas uma mulher, a Jaqueline Dieter, do partido União Brasil, com 242 votos.
Em Santa Maria do Herval apenas uma mulher foi eleita para o Legislativo. É Fernanda Wagner, do PP, eleita com 221 votos.
Apesar do baixo número de mulheres eleitas tanto para o cargo de prefeito quanto de vice ou vereador, no Brasil 52,50% do eleitorado é composto por mulheres, diz o TSE.
Não é de hoje que as mulheres não participam da política.
Como mostra a foto que publicamos aqui, poucos anos atrás o próprio Tribunal Superior Eleitoral coordenou uma campanha combatendo a violência política de gênero.
Essa violência existe, e ela associada à discriminação de diversas formas levava (e leva) muitas mulheres a se afastar da política.
Camila Pitanga, a atriz que aparece na foto, engajada na luta por mais mulheres na política (na qual o Jornal Dois Irmãos também está) nem cobrou cachê para a campanha.
As mulheres são, na média nacional, as que mais sentem a ausência de políticas sociais, e sem elas na política a vida “social” do brasileiro terá cada vez menos quem defenda essas políticas. Por isso precisamos muitíssimo de ter mulheres integrando os quadros políticos.